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Nós queremos paridade na política

Nós mulheres, somos  51% da população do Brasil, mas nossa  representação na Câmara dos Deputados e no Senado  não chega a  10%.

Nosso país ocupa um vergonhoso penúltimo  lugar no ranking latino americano e a centésima quinta posição no âmbito global, em termos de presença de mulheres no parlamento.

Essa mutilação da nossa participação, é um indicador negativo de tamanha gravidade, que está impedindo o Brasil de atingir as Metas do Milênio, estipuladas pela ONU.

O grito por igualdade na política que estava entalado na garganta por décadas, finalmente se soltou e agora ecoa pelo país, porque nossas companheiras foram às ruas dar o seu recado.

E ele é claro. Queremos mudar as regras do jogo e garantir  o fortalecimento dos partidos políticos, com democracia interna, transparência e respeito por suas militantes. Porque  com as atuais regras que regem os processos eleitorais nós jamais teremos como competir em condições de igualdade. E, sem igualdade não há democracia.

A reforma Política que se avizinha, tem a obrigação de corrigir esse  déficit democrático.

Demandamos compromissos partidários com o princípio da paridade, tanto internamente como nos processos eleitorais, o que implica, entre outras medidas, listas de candidaturas com alternância paritária entre os sexos, garantia de divisão igualitária dos recursos financeiros e tempo na TV para as campanhas das mulheres, que hoje são relegadas a segundo plano pelas direções partidárias.

Sem isso, as mulheres continuarão relegadas ao segundo plano, sem condições de disputar as vagas, muitas vêzes conquistadas agressivamente com a força do dinheiro.

Estamos propondo trocar a brutalidade da compra de votos em suas diversas máscaras, pela sinceridade da esperança e do voto cidadão.

Com a paridade estaremos garantindo o reconhecimento da cidadania de quem há séculos está lutando por este país, no anonimato. Principalmente, as mulheres da Amazônia que têm no seu sangue o sofrimento de toda a Nação brasileira.

Queremos encher de mulheres, o Senado, a Câmara dos Deputados e todos os demais espaços políticos, não apenas porque acreditamos no poder da sensibilidade feminina na busca de soluções para os problemas, mas também para corrigir uma injustiça histórica.

Nessa luta, toda mulher é companheira, independente de partido ou religião!

E é assim que vamos marchar. Unidas pelo nosso ideal de finalmente ter respeitado o direito de exercer amplamente nossa cidadania.

Em vez de arrumarmos as cadeiras para os homens sentarem no parlamento, vamos nós mesmas utilizá-las, meio a meio.

De forma equilibrada.

Com a consciência tranqüila de que nossos companheiros evoluídos nos verão como um reforço, porque a única ameaça que fazemos é contra a discriminação e a corrupção.

Temos consciência que nem todo o poder pode ser delegado, queremos exercê-lo diretamente!

A luta pelos Direitos da Mulher, passa obrigatóriamente pelo fim do machismo em todas as suas nuances. Inclusive na política.

*Perpetua Almeida é deputada federal.

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