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“Turismo: a indústria sem chaminés, a atividade que mais cresce no mundo que o Brasil não quer legitimar”

Desde a criação do Ministério  do Turismo, o Brasil ainda não se posicionou positivamente no mercado interno e nem no internacional, no sentido de legitimar a potencialidade que possuímos em consonância com os equipamentos que dispomos o que se vê é simplesmente ações imediatistas sobre demandas espontâneas e captadas, não se tem um planejamento de longo prazo que estimule o investimento privado integrado com o setor público, para que se possa ter uma política sustentável financeiramente do setor.

O empresariado do turismo tem status de poderoso, mas acima de tudo é heróico, pois é em suas costas que recai o peso de mover esta indústria, de não deixá-la recuar.

É necessário que o governo veja o turismo com uma atividade econômica, em condição de igualdade em relação às demais, desenvolvendo políticas eficazes para este setor com objetivo de gerar riqueza e distribuição de renda agregando valor ao PIB brasileiro, pois é um dos setores que mais utiliza das relações internacionais.

De acordo com o Estudo de Demanda Turística, realizado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apontou índices elevados de satisfação dos turistas estrangeiros em visita ao Brasil. Entre os 31 mil entrevistados, 95,7% disseram que desejam retornar ao pais no futuro, os itens mais bem avaliados pelos estrangeiros estão relacionados à hospitalidade(97,7), gastronomia (95,5%) e a hospedagem (93,2%).

Este cenário justifica uma nova reflexão sobre a política posta em prática atual e o que precisamos para que o Brasil possa efetivamente ser chamado de POTENCIALIDADE TURÍSTICA.

Em se tratando de estâncias re-gionais a situação é mais crítica, recentemente o Ministério do turismo criou as AGÊNCIAS DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO DAS MACRO REGIÕES, mas em nada foi feito no sentido de dar o respaldo estrutural, orgânico e financeiro devido para que estas entidade possam efetivamente desenvolver ações turísticas de caráter integrada de destinos. O turista moderno hoje exige ofertas de pacotes que tenham destinos integrados e no Brasil esta oferta é insipiente, exatamente por falta de políticas publicas que apoiasse esta ação de caráter regional. A Amazônia foi eleita uma das SETE MARAVILHAS DA NATUREZA e até hoje o Brasil/Ministério do turismo não se apropriou desta oportunidade, muito menos os sete estados que compõem esta belíssima região, apenas o Peru usufruiu desta vitória fazendo uma elegante comemoração na cidade onde nasce o Rio amazonas, onde comparecemos para receber esta homenagem, pois a gestão da candidatura era da ADETUR AMAZÔNIA (Agência de Desenvolvimento do Turismo da Macro região Norte), entidade que muito honrosamente presido.

O caso do Acre, já tivemos dias melhores, porém precisamos rever o papel e a importância que foi dada a este setor em nosso Estado, para que possamos reacender a chama do turismo, o entusiasmo e a entrega dos profissionais de compõem o TRADE TURÍSTICO já não é o mesmo, precisamos fazer uma nova reflexão e dar um novo direcionamento para que possamos reativar o que havíamos conquistado que era um cenário homogêneo, atuante, integrado e acima de tudo comprometido com a causa do turismo, éramos destaque e liderança dentro da região amazônica. Precisamos efetivamente liderar a promoção articulada da rota PANTANAL, AMAZÔNIA, ANDES PACÍFICO com os estados de Rondônia e Mato Grosso, sem modéstia, esta rota nos pertence foi nós que a criamos a relação com o Pacífico e os demais países andinos e asiáticos, se dá pelo Acre, portanto devemos sim, priorizá-la, é uma questão de FOCO e de oportunidade, o Peru é o que há de excelência em turismo na América latina é um mercado prioritário para nós acrianos é a política dos círculos concêntricos, teoria do Doutor Mário Petrock, que estimula a política do entorno e não de mercados secundários.

Sobre nosso aeroporto até quando vai a reforma desta pista e o que possuí de concreto em relação ao surgimento de um novo equipamento e ou uma nova pista, sem aeroporto não há conectividade e sem conectividade não há fluxo de turista, no momento atual não podemos nem pensar em retorno do vôo internacional para o Peru.

A ponte sobre o Rio Madeira é estratégica para o crescimento do fluxo, não só de passageiro, mas de veículos de cargas que queira comercia-lizar com os países andinos, este é um entrave que tem prejudicado uma política mais efetiva de promoção da rota acima falada, bem como do comércio entre os países afetos, a ESTRADA DO PACÍFICO, é alimentada por esta ponte e necessita urgente desta ligação, pois o tempo hoje é fundamental na elaboração de preços e tarifas e outros preços de serviços que transitarão por esta rodovia.

A copa das confederações já passou o que foi feito de positivo para que parte dos habitantes dos países andinos que vieram a este evento entrasse no Brasil pelo Acre? Está se fazendo algo neste sentido em relação à copa do mundo e olimpíada?

Finalizando, conclamo os profissionais da cadeia produtiva do turismo a somarmos esforços no sentido de, junto com o setor público buscar um novo modelo de política que nos retorne ao cenário antes vivido, se tiver que fazer manifestação que façamos, de forma democrática e construtiva de forma que consigamos dar a importância e a dimensão que sempre sonhamos para o turismo, a vocação turística de nosso Estado é o ecoturismo em consonância com o etnoturismo e turismo de aventura de forma vivencial com inclusão das comunidades tradicionais. No cenário nacional devemos lutar pela criação do PAC DO TURISMO e que durante a copa e as olimpíadas, temos quer posicionar o Acre no mercado nacional e internacional é a chance de captar eventos e turista, pois haverá muita mídia espontânea e não serão maté-rias apenas esportivas.

*José Raimundo da Silva Morais é Presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo da Macro Região Norte.

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