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Óleo de soja e açúcar refinado serão produzidos pela Anawa

A Anawa Indústria de Alimentos Ltda. já está autorizada pelo Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação a iniciar trabalho na ZPE do Acre. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, assinada pelo presidente do conselho e ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

A indústria foi planejada pelo empresário Roberto Moura, falecido em agosto. Agora, compõe o grupo de empreendimentos administrado pelo filho do empresário, Marcello Moura.

Em uma primeira etapa de trabalho, a Anawa vai processar na ZPE o refinamento de açúcar. Os blocos do insumo serão trazidos das Usinas Itamarati, sediadas em Mato Grosso. O açúcar chega ao Acre transportado em carretas em forma bruta.

O açúcar é adquirido na forma de açúcar cristal e passa por um processo de “branqueamento” e refinamento (o produto chega ao Acre em carretas em forma bruta, escurecida). O produto açúcar cristal refinado vai ser embalado em sacos aluminizados de 1 quilo e exportado, inicialmente, para o Peru.

Empresa vai exportar para o Peru
A produção de óleo de soja da Anawa vai ter insumos adquiridos das regiões Centro-Oeste e do Sul do Brasil. Na ZPE do Acre, passa também por um processo de refinamento. O óleo comestível de soja será envazado em garrafas tipo pet de 900 e 200 ml.

Inicialmente, o mercado externo da Anawa é o Peru. As exportações para o país andino já têm base de apoio preparada, com estrutura de importação de produtos instalada no Peru por parte do empresário acreano.

A Anawa já estava sendo planejada há pelo menos dois anos. Nos últimos meses, uma pequena equipe coordenada por Roberto Moura se dedicava integralmente à garantia da formalização das operações junto ao Ministério do Desenvolvimento.

Os empresários da Anawa concretizam um raciocínio constantemente feito pelo secretário de Estado de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães.

“No interior do Peru, existe um mercado muito bom. Com população de baixo potencial de consumo na média, mas que pode viabilizar muitos negócios”, raciocina Magalhães. “Antes de chegar até Lima, o empresário acreano pode ganhar dinheiro no interior do Peru”.

Magalhães tem autoridade para falar do assunto, Já fez várias viagens pessoais e institucionais (na época em que foi presidente da Assembleia Legislativa) ao país andino. Sempre analisando a infraestrutura e o potencial de comércio na região.

A Anawa acompanha esse raciocínio do gestor público e deve ser a primeira empresa acreana a concretizar a postura empreendedora do empresário Roberto Moura.

Multinacional tem interesse em exportar açaí acreano para Ásia e Oceania
O secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, recebeu, no início deste mês de setembro, a visita do empresário britânico, Robert Paterson, diretor da empresa Nu Fruits China, pertencente ao grupo Super Fruits Global, um dos maiores do mundo neste ramo.

O interesse da empresa é se instalar na ZPE do Acre para produzir açaí em pó liofilizado, técnica desenvolvida pela Nasa, e exportar para a China, Japão, Hong Kong, Tailândia, Nova Zelândia e Austrália.

”Até o ano passado, não era permitida a comercialização do açaí na China. Muita gente consumia, mas era produto comprado no comércio ilegal. Depois de muita luta, conseguimos aprovação do produto no comércio chinês e agora queremos ser os pioneiros no comércio asiático”, explicou Robert Paterson.

Transformar a poupa do açaí em pó não é novidade. Algumas empresas já desenvolveram essa técnica há alguns anos e vendem o produto tanto em pó, como em cápsulas, concentrado e em barras.

Para os desenvolvedores da técnica, o açaí em pó tem vida mais longa nas prateleiras, é de fácil manuseio e de transporte, além de poder ser consumido de diversas formas, o que atrai maior número de consumidores. É esta nova técnica que poderá ser realizada, em breve, na ZPE acreana.

Proximidade com o Pacífico atrai investidores
Paterson explica que o interesse em se instalar na ZPE do Acre é maior pelo fato de o Estado possuir a melhor logística do mercado, ou seja, estar mais perto dos portos do pacífico. Além disso, o açaí da região tem o maior número de propriedades nutritivas, além da garantia da matéria-prima.

“Já temos estudos que mostram que os plantios de açaí existentes no Estado são suficientes para produzirmos até 100 toneladas de açaí em pó por ano”, comentou ele.

Segundo pesquisas dos consultores da empresa, somente este ano o Acre produziu 1.310 toneladas de polpas de açaí, das quais a maioria foi vendida para os mercados do sudeste brasileiro: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

De acordo com o proprietário da empresa Arvores, Alcindo do Nascimento, que está implantando a cadeia produtiva do açaí no Estado, em parceria com várias empresas locais, o Acre possui, atualmente, 250 hectares de plantação de açaí irrigado. Para 2014, esses números devem subir para 350 hectares. “Estamos falando de plantios privados, mas o Estado já conta com 2.000 hectares de plantios comunitários, concentrado no município de Feijó”, esclareceu Alcindo.

O projeto para construção e instalação da empresa custa em torno de R$ 5 milhões. A ideia é que, após aprovação pelo Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cerca de cinco meses depois a indústria já esteja pronta, para aproveitar a próxima safra.

O secretário Edvaldo Magalhães está otimista com o projeto: “O governador Tião Viana já está investindo em plantios de açaí e temos empresários que estão apostando alto em plantios de açaí irrigado. Estaremos com nossa equipe da ZPE pronta para prestar toda orientação técnica necessária. Afinal, queremos ver a nossa ZPE funcionando em breve, gerando emprego e renda para o povo do Acre”.

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Expoacre Juruá tem número recorde de expositores

Nunca a Expoacre Juruá, realizada no segundo maior município do Acre, Cruzeiro do Sul, reuniu tantas indústrias como nesta edição da feira. Ao todo 56 expositores, sendo 16 indústrias de Rio Branco e 40 de Cruzeiro do Sul estão expondo produtos de diversos setores da indústria acreana, como: construção civil, alimentos, confecções, piscicultura, suinocultura, avicultura, indústria naval e moveleira.

A novidade deste ano com certeza é a piscicultura da região. Pela primeira vez esta-rá participando da feira a Juruá Peixes S/A, empresa constituída sob a forma de uma Sociedade Anônima de capital fechado, que tem como acionistas produtores individuais de peixe, uma cooperativa dos pequenos piscicultores e a Agência de Negócios do Estado do Acre (Anac). Já a Anac é uma empresa de economia mista de direito privado, através da qual o Estado participa acionariamente dos empreendimentos que promove.

A Juruá Peixes é uma empresa de capital público, privado e comunitário e é responsável pela gestão do Núcleo Industrial de Piscicultura, que abrange a região do Juruá, sendo composto por um Centro de Reprodução de Alevinos, com capacidade de  produzir cinco milhões de alevinos por safra,  e um frigorífico, com capacidade de processamento de duas mil toneladas de peixe/ano. A empresa terá em seu estande aquários com diversas espé-cies de peixes, como o pirarucu, por exemplo.

“Queremos atrair um número grande de pessoas no nosso espaço, queremos que o povo conheça a Juruá Peixes. Afinal, pela primeira vez na região, temos uma empresa em que pequenos produtores são sócios de um empreendimento em parceria com o governo do Estado e grandes investidores privados, no valor de quase R$ 8 milhões”, comentou o piscicultor, Sansão Nogueira.

Outro produto que atrai a atenção de muita gente são as bajolas de Cruzeiro do Sul. As bajolas são pequenos barcos de madeira, que chegam a atingir uma velocidade de 60 km por hora. Estas canoas são muito usadas na região por ribeirinhos, para fazer viagens rápidas e também para prática de lazer. Desde o ano passado que a Sedens organiza junto com a Cooperativa de Construtores Navais o Festival de Bajolas, que atrai milhares de pessoas nas praias do rio Juruá.

Este ano, assim como na feira passada, a Cooperativa dos bajoleiros, como é conhecida, estará expondo suas “pequenas canoas voadoras” e também apresentando vídeos das corridas de bajolas, que são realizadas na região.

O secretário da Sedens, Edvaldo Magalhães, já comemora pelo número recorde de indústrias que estão participando da feira. “Só temos mesmo que comemorar. A cada ano que passa, a Expoacre Juruá cresce, indústrias nos procuram para expor seus produtos, isso significa que o mercado está aquecido, que a indústria acrea-na está crescendo e está produzindo”, disse Magalhães. (Jaqueline Teles – Assessoria/Sedens)

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Luthiacre é aposta da feira de Economia Criativa do Acre

ITAAN ARRUDA

Rio Branco vai sediar na primeira semana de dezembro o Encontro Nacional de Economia Criativa. Uma das apostas do Sebrae/AC para o encontro é o grupo Luthiacre, que realiza confecção de instrumentos musicais com restos de madeira que seriam descartadas para queima em marcenaria da região.

O grupo é novo e acaba de ser contemplado pela Lei de Incentivo Cultural da Fundação Garibaldi Brasil. As quatro pessoas da empresa vão orientar presidiários do Francisco d’Oliveira Conde para a criação de instrumentos musicais.

A profissionalização da empresa está sendo toda conduzida sob orientação do Sebrae/AC. A concepção de sustentabilidade com foco no mercado, a uniformização do discurso, material promocional são alguns dos detalhes que têm que ser concluídos até novembro, ante-véspera do Encontro Nacional de Economia Criativa.

“A Luthiacre nasceu de uma brincadeira”, lembra o diretor da empresa, Bruno Sá de Oliveira. “Tudo começou na casa da minha avó, no bairro Apolônio Sales, como forma de recuperar instrumentos musicais”.

Os trabalhos foram sendo bem aceitos entre os músicos. Foi quando começaram a receber encomendas das lojas de instrumentos musicais da cidade. Na sequência, o estudo sobre luthieria e o uso das madeiras da região foram condutas automáticas. “Nós fomos catalogando madeira seca nas marcenarias da cidade e aí a coisa começou a tomar forma”, diz Oliveira.

Esse ano, o grupo participou da Feira de Música de Fortaleza, uma referência, principalmente para o segmento de música instrumental no Brasil. As peças acreanas chamaram atenção, com destaque para uma guitarra feita a partir de um remo. “Eles adoraram”, lembra o empresário da Luthiacre.

A Luthiacre ainda não se aventurou de forma efetiva na confecção de instrumentos acústicos. Toda produção é para peças compactas, com destaque para contra-baixos e guitarras. Mas, os violões estão na mira do grupo.

“As imperfeições naturais da madeira são valorizadas na hora da confecção do instrumento e são essas ‘imperfeições’ que vão moldando o diferencial do produto elaborado pela Luthiacre”, afirma o gerente de projetos do Sebrae/AC, Alex Dantas. “O que era defeito, virou uma vantagem competitiva de mercado”.

A relação com o Sebrae começou na Expoacre de 2012. “Quando eu vi o resultado do trabalho e fiquei sabendo da forma como eram produzidos, expliquei que eles trabalhavam com o conceito de sustentabilidade e não sabiam”, relata o gerente de projetos.

Outro diferencial da Luthiacre é o preço. Os instrumentos variam de R$ 2,5 mil a R$ 4,5 mil. É barato em se tratando de uma peça de luthieria, com preços que normalmente custam duas ou três vezes mais.

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CANA-DE-AÇÚCAR
Sob várias formas, cana é opção na seca

Juliana Royo*

Para a nutrição bovina, ela pode ser usada na forma fresca, em corte direto, através de silagem ou após processo de hidrólise, com a adição de uma calda de cal ao alimento

A época da seca é crítica para os produtores de bovinos porque os pastos não são suficientes e os animais precisam de suplementos alimentares vindos de outras fontes de nutrição. A cana-de-açúcar é uma das alternativas que os produtores podem oferecer ao rebanho nesta época do ano. Uma vantagem é que ela pode reforçar a alimentação dos animais de três diferentes maneiras, que se adaptam melhor a cada tipo de produtor. A forma mais tradicional é a cana fresca, que é cortada diariamente e dada diretamente aos animais. A silagem da cana, apesar de não ser tão conhecida, também é viável e serve para guardar os excedentes da produção. A novidade no mercado é o uso de cana hidrolisada na alimentação de bovinos, em que é adicionada uma calda de cal para conservar o alimento por um pouco mais de tempo sem perder a qualidade nutricional.

O engenheiro agrônomo e doutor em ciência animal e pastagem pela USP, André de Faria Pedroso, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste explica que cada uma das três opções tem benefícios e desvantagens. No caso do uso da cana fresca direta, em que o produtor deve se lembrar de aplicar uréia para fazer a correção de proteína do material, o grande problema é a exigência constante de mão-de-obra e maquinário operando diariamente. Além disso, o manejo da plantação também fica mais difícil com áreas de cana cortadas e outras em crescimento. No entanto, o corte diário oferece maior qualidade do produto sem as perdas que são inevitáveis no processo de conservação e armazenamento da cana.

A silagem de cana já está começando a ser bem utilizada por produtores de bovinos de diversas regiões do país, principalmente, pela necessidade de estocar a produção de cana excedente de uma safra. O armazenamento precisa ser feito nestes casos porque se a chamada cana pisada for deixada no campo, no momento do próximo corte ela vai ter uma qualidade inferior e desenvolve mais possibilidades de sofrer com o acamamento e tombamento da cana.

“Outro uso muito comum da silagem é quando o produtor colhe muita cana e decide diminuir o risco no caso de chuva ou de quebra de equipamento, então ele coincide a silagem no período da seca, que facilita muito e tem também uma janela de corte da cana que é muito grande porque dura meses. Outro caso de opção por uso da silagem é quando o produtor quer facilitar o manejo da oferta de alimentos aos animais. O grande problema é que ela apresenta uma fermentação alcoólica muito intensa porque tem um teor alto de açúcares insolúveis e uma população natural muito alta de leveduras. Quando a forragem é colocada no silo, naturalmente ela atinge uma fermentação alcoólica muito elevada e o teor de etanol pode atingir até 20% da matéria seca, se não houver nenhum controle, e nesse processo pode haver consumo de até 70% dos açúcares da cana. Outra dificuldade também que a gente precisa considerar é a compra dos equipamento necessários que são caros para os pequenos produtores”, destaca.

Já a alternativa da cana hidrolisada na alimentação serve para casos de falta de mão-de-obra temporária e em um curto de período de tempo como um feriado ou fim de semana em que os funcionários da propriedade não vão trabalhar, mas a cana precisa ser colhida. Neste caso, a cana fresca recebe uma aplicação de calda e sofre um processo de hidrólise parcial da fibra. Ocorre também uma pequena melhora na digestibilidade, mas a grande finalidade desta opção é poder estocar o alimento por alguns dias, que pode ficar guardado nestas condições por até 3 dias sem ter nenhuma perda de qualidade nutritiva, segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste.

“O que a cana tem de diferente para ser ensilada é a necessidade de uso de aditivos porque se eles não forem usados as perdas são muito altas e podem chegar até 30% de matéria seca colocada no silo. Temos basicamente três tipos de aditivos que têm sido avaliados pela pesquisa. Um deles são os inoculantes bacterianos, mas precisa ter uma bactéria específica produtora de ácido acético, que é a lactobacilus bulkenin. Os inoculantes comuns usados para silagem de milho e capim podem ter um efeito negativo na silagem da cana. A ureia também aplicada na ensilagem na proporção de 0,5% a 1% tem um efeito razoável no controle desta produção de etanol com a vantagem de já corrigir o teor de proteína da cana. Os resultados também têm sido muito bons com o uso da calda, que é utilizada para a hidrólise da cana. Se ela for utilizada para silagem, na proporção de 1% de cal, ela promove um controle bom da fermentação alcoólica e melhora a digestibilidade da cana. Além disso, tem a facilidade de aplicação da cal com equipamentos já disponíveis no mercado”, ensina Pedroso.

*Assessoria de Imprensa da Embrapa Pecuária Sudeste. Mate-rial divulgado no boletim Portal Dia de Campo

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PEC dos Soldados da Borracha deve ser votada esta semana, garante presidente da Câmara

ITAAN ARRUDA

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), garantiu que vota a PEC 556/2002, a PEC dos Soldados da Borracha, entre os dias 17 e 18 deste mês. “Vou botar em votação”, assegurou o parlamentar ao presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha do Acre, Luziel Carvalho, na quarta-feira, 4.

O projeto de emenda à constituição tem que ser aprovado em dois turnos na Câmara e também no Senado. Ao transitar pelos plenários das duas casas, a PEC não vai para a sanção presidencial. Como se trata de uma emenda à constituição, quem sanciona é o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB/AL).

A estratégia dos representantes dos Soldados da Borracha é pressionar as bancadas e o colegiado de líderes. Mas, eles têm encontrado resistência justamente de onde menos se esperava. “No colegiado de líderes há consenso”, relata o presidente do sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha do Acre, Luziel Carvalho. “O único que demonstrou não ser a favor foi o PT”.

No dia 9 de agosto, a PEC 556/2002 entrou na pauta de votação da Câmara. No dia 10, por articulação do Palácio do Planalto, o líder do PT na Casa, deputado federal Arlindo Chinaglia (PT/SP), vota pela retirada do projeto de emenda da pauta de votação.

Para ser aprovado, o projeto de emenda constitucional deve ter maioria simples. Dos 513 deputados, seriam necessários votos de pelo menos 308. O Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha já faz uma campanha na internet para pressionar os parlamentares. Pelo site www.soldadodaborracha.com, o internauta pode participar do “abaixo-assinado” virtual que será enviado à Câmara antes da votação.

O Palácio do Planalto ainda não tomou posição pública a respeito do assunto. O ministro da Casa Civil, Gilberto Carvalho, é a referência dos movimentos sociais no primeiro escalão do Governo Federal. Ele é a favor da aprovação da PEC, assim como o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho.

O problema é que a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, já declarou ser contra a aprovação da PEC dos Soldados da Borracha. “Ela disse que era contra, mas não apresentou os motivos”, diz o presidente do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha do Acre, Luziel Carvalho. “Eu já solicitei audiência para ouvir da ministra os argumentos que motivam ela ser contra para que eu pudesse fazer a defesa. Mas, não fui atendido”.

Os assessores da Casa Civil já solicitaram ao Ministério do Planejamento encontro entre os ministros Carvalho e Belchior para que se chegue a um entendimento. Não foi determinada data para essa conversa.

Qualquer previsão de gastos aos cofres públicos tem que passar pelo crivo do Ministério do Planejamento. Em um governo com o perfil técnico como é o da presidente Dilma Rousseff, o ministério do Planejamento ganha em importância. Sem o aval dele, a pauta política trava.

“Se for para votação da forma como está, sem o aval do Planejamento, a informação que eu tenho é que a bancada de apoio do governo vai ser orientada a votar contra”, denuncia o presidente do sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha do Acre.

O desenho do problema está da seguinte forma: parlamentares de partidos como o PMDB e similares estão com o entendimento favorável; o presidente da Câmara assegura que põe em votação dia 17, mas o Governo Federal não encontra avaliação homogênea sobre o assunto. Resumindo: conquistou-se o entendimento político, mas, agora, o Executivo busca argumentos tecnicistas para ou não aprovar ou adiar a decisão.

A expectativa aumenta com o passar do tempo porque não se vislumbra saída técnica para o problema. “A PEC dos Soldados da Borracha exige tratamento político para a defesa e a garantia de um direito”, reclama Carvalho. “Não é favor”.

O comprometimento do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) foi formalizado junto ao Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Soldados da Borracha por meio de articulação feita pelo primeiro secretário da Câmara dos Deputados, Marcio Bittar (PSDB/AC) e que contou com a pressão de todos os parlamentares da Amazônia.

“Estamos acreditando na palavra do presidente”, diz coordenador da bancada acreana
O coordenador da bancada federal do Acre, senador Sérgio Petecão (PSD/AC), expôs o consenso existente entre os parlamentares. “Nós estamos acreditando na palavra do presidente Henrique Alves”, pressionou Petecão. “Inclusive, o deputado afirmou que, mesmo com o governo contra, ele põe a matéria para ser apreciada pelo plenário”.

Entre os deputados federais acreanos, todos votam pela aprovação da PEC dos Soldados da Borracha. “Conversei com o deputado federal Taumaturgo Lima e ele me disse que, se o governo for contra a aprovação da PEC, ele vota contra o governo”, lembrou o presidente do sindicato dos Aposentados, Luziel Carvalho.

O relator do Estatuto do Idoso, senador Paulo Paim (PT/RS), se comprometeu a articular junto aos parlamentares da Câmara Federal pela aprovação da PEC dos Soldados da Borracha.

No Acre, 59% dos Soldados da Borracha ainda estão vivos
O Acre é o estado onde há maior presença de Soldados da Borracha ainda vivos. Os dados mais recentes com base nas informações repassadas pela própria Previdência Social (portanto, pelo próprio governo), mostram que o Acre é o estado onde há maior número de “benefícios ativos”.

Em março, eram 7.510. Em setembro, baixaram para 7.335. Entre esses números estão pensionistas e Soldados da Borracha. Em 2 de setembro, a Previdência Social contabilizava que existiam no Acre 3.526 Soldados da Borracha.

Vicência Bezerra da Costa, a Tia Vicência, era um símbolo da luta dos Soldados da Borracha. Em dezembro do ano passado participou de mais um encontro com o ministro Gilberto Carvalho. O ministro ensaiou choro, se mostrou sensibilizado “em nome da presidente Dilma”.

“Vamos dar valor ao seringueiro/ Vamos dar valor a esta nação/ Porque com trabalho deste povo. É que se faz pneu de carro e pneu de avião”, cantou para o ministro uma fragilizada Tia Vicência em solenidade realizada no auditório lotado da Biblioteca Pública.

Com 84 anos, morreu em março deste ano sem ver concretizada a causa dos Soldados da Borracha.

Do que trata a PEC dos Soldados da Borracha?
A convocação do governo Vargas para a extração de látex na Amazônia durante a 2ª Guerra Mundial estendeu as trincheiras contra o nazismo para a América do Sul. Documentos encontrados no Congresso Norte-americano comprovam os acordos feitos entre o governo dos Estados Unidos e o Brasil.

A proposta concede aposentadoria especial aos Soldados da Borracha, assim como já ocorre com os “Pracinhas” que lutaram na Europa contra o nazismo e se aposentaram com a patente de tenente do Exército Brasileiro.

Com a aprovação da PEC, os Soldados da Borracha sairiam dos atuais R$ 1,3 mil para R$ 4,5 mil.

Tempo comprova descaso
O Projeto de Emenda à Constituição 556/2002, a PEC dos Soldados da Borracha, tramita no Congresso Nacional há 11 anos. A relatora desse projeto é a agora senadora Vanessa Graziotin (PCdoB/AM). A parlamentar assinou a relatoria da PEC dos Soldados da Borracha na época em que era deputada.

A matéria estava com relatório pronto para ser votado na Câmara há três anos e meio. Sem compor a agenda de prioridades do Palácio do Planalto, não seguia para aprovação em plenário.

O assunto “Soldados da Borracha” é um dos poucos temas que une as bancadas do Norte, geralmente contaminadas pelo debate econômico. Dar publicidade à defesa dos Soldados da Borracha, entendem os parlamentares, é garantir votos junto às bases eleitorais. Por isso, o consenso.

É provável que, caso o Planalto oriente à bancada de apoio no congresso que vote contra a PEC 556/2002, os parlamentares da região com bases eleitorais junto aos Soldados da Borracha votem contra o Planalto. Mas, mesmo com todo o apelo eleitoral, o Congresso tem se mostrado insensível. O tempo de tramitação comprova isso.

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