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Jovem se torna exemplo de superação após cumprir medida socioeducativa

Antes de trabalhar em uma panificadora Cleucimar da Silva foi internado duas vezes no Centro Socioeducativo Feijó Foto Dorotéia RodriguesA socioeducação tem a sua eficácia questionada com frequência. Adolescentes, quando cometem atos infracionais, são privados de liberdade e, dependendo da sentença, ficam internados em lugares chamados de Centros Socioeducativos. Pessoas vitimadas por esses jovens acusam a falta de punição no sistema e questionam a mudança na vida deles. No município de Feijó, um rapaz alterou esta concepção.

Cleucimar Gomes da Silva vive bem com a família. O jovem, que já conheceu de perto o sistema socioeducativo, tem planos ousados, mas nunca se esquece das lições que aprendeu na vida.

A primeira passagem dele pelo Centro Socioeducativo Feijó foi aos 15 anos de idade. Assim como muitos jovens, o rapaz garante que se deixou influenciar pelas ‘amizades’. Sem medir as consequências, furtou e teve a liberdade privada.

Ao ser liberado, Cleucimar se envolveu com o tráfico de drogas e com o uso de entorpecentes fortes, como a cocaína. Foi quando a segunda internação aconteceu, motivada por crime de receptação.

Pelo bom comportamento e participação em cursos como o de artesanato, o jovem, que já tinha atingido a maioridade, foi desinternado, por meio de determinação judicial.

Era o momento para um recomeço, a não ser pelo fato de Cleucimar sentir que ainda lhe faltava algo. “Eu estava desempregado e passei a frequentar a igreja da Assembleia de Deus. Quando eu estava no grupo de jovens, um microempresário me convidou para trabalhar com ele em uma panificadora, com a promessa de que me ensinaria tudo que fosse preciso”, relata.

Nesse período de experiência, Cleucimar realizou vários cursos profissionalizantes e apenas quatro meses depois já detinha o cargo de gerente da panificadora. Outras ofertas foram surgindo tornando o rapaz um trabalhador respeitado na região.

Atualmente, Cleucimar, agora com 20 anos de idade, quer investir na criação do próprio negócio. “Pretendo comprar um forno e uma batedeira de bolo. Por enquanto ficarei por aqui mesmo, tentando abrir a minha panificadora, mas quem sabe um dia isso tudo não cresça?”, sonha.

Cleucimar adverte outros jovens sobre o risco de quem vive em conflito com a lei. “A alegria que o mundo do crime oferece é ilusão. Sou feliz em olhar para o passado e ver que hoje vivo dignamente. A mudança do adolescente em medidas socioeducativas depende da sua força de vontade. Todos nós temos potencial para cultivar o bem”, garante.

De acordo com o presidente do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Henrique Corinto, exemplos como esse fazem a diferença no trabalho desenvolvido pela equipe. “Isso nos motiva a seguir a todo vapor com a missão de socioeducar. Existem outros casos como o de Cleucimar, mas ainda podem ser mais. Sabemos das dificuldades do sistema e é por isso que precisamos do apoio de todos: da família e também da sociedade”, declara. (Brenna Amâncio / Assessoria ISE)


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