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Com novo formato, o programa Rumos, do Itaú Cultural, está com inscrições abertas

BRUNA LOPES
ENVIADA A SÃO PAULO

 A 16ª edição do programa Rumos está com inscrições abertas até 14 de novembro, com objetivo de mapear, incentivar e fomentar a produção artística brasileira. O novo formato traz mudanças substanciais, construídas no diálogo entre a instituição e os artistas e produtores já contemplados pelo projeto, inclusive acreanos.

A partir desta edição, ao invés de abrir editais específicos para cada área de expressão artística ou intelectual, o Rumos assume caráter multidisciplinar. Atualmente, o programa oferece amplo campo de escolha e um mesmo projeto pode ser inscrito em diferentes modalidades. O participante – individual, duplo, trio, coletivo ou em grupo – não é obrigado a se enquadrar em uma única delas, a não ser que ache necessário.

 “Há 1 ano estamos planejando este novo momento. Há 6 meses, passamos a incorporar novos nomes à comissão. Com isso, o Rumos ficou mais flexível, refletindo a realidade da produção contemporânea. Antes tínhamos que esperar 2 ou 3 anos para abrir espaço para um projeto de dança ou música, por exemplo, e sentíamos dificuldade de apoiar propostas que mesclassem plataformas”, afirma o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron.

 Outra novidade é que os artistas, pesquisadores e demais interessados assumem o protagonismo e passam a definir a forma de participação e desenvolvimento dos projetos. A gerente do Núcleo de Educação Cultural do instituto, Valéria Toloi, acredita que o novo modelo do Rumos irá possibilitar uma maior interação entre os artistas e proponentes e a comissão interdisciplinar. “Montar esta comissão foi muito enriquecedor”.

 Integrante do grupo, o jornalista Valmir Santos destacou a relação de mediação e troca entre a comissão e os criadores. “É como se o artista e o curador tivesse uma relação mais autônoma. O novo Rumos delega a esse criador o campo de ação e autonomia”

 Exemplo de sucesso de quem passa pelo Rumos foi o grupo de percussão corporal Barbatuques, que esteve na programação cultural que antecedeu a Feira do Livro de Frankfurt 2013, na Alemanha – neste ano, o evento homenageia o Brasil.

 Já a Bienal Internacional de Curitiba 2013, iniciada no último sábado (31), apresenta nomes também já contemplados pelo programa, como o da arquiteta paulista Raquel Kogan e da paulistana Giselle Beiguelman, que trabalha com web arte.

 No Acre já participaram do programa Zé Jarina, em 2010. O grupo musical Los Porongas, em 2007-2009, e Ueliton Santana pelo Rumos Artes Visuais, em 2011.

 No sentido de facilitar e incentivar a participação de realizadores de todo o país, o instituto realiza as chamadas Caravanas Rumos Itaú, nas quais não apenas são abordados aspectos do processo de seleção, mas empreendidos debates e palestras sobre produção cultural e artística. Até agora, 10 Estados já estão confirmados na agenda, mas a meta é incluir todos do país.

Equipe multidisciplinar para avaliar os projetos e áreas para inscrição
 A equipe que avaliará os projetos é formada pelo crítico e jornalista Juarez Fonseca; o coreógrafo e pesquisador Marcelo Evelin; o cineasta Marcelo Gomes; a artista plástica Regina Silveira; o bió-logo e coordenador científico ligado à USP Nelio Bizzo; o empreendedor e pesquisador de novos modelos econômicos e de inovação social Reinaldo Pamponet; e o jornalista, crítico e pesquisador teatral Valmir Santos.

 A eles se juntaram os gestores do Itaú Cultural Claudiney Ferreira (literatura e audiovisual), Edson Natale (música), Marcos Cuzziol (inovação em arte e tecnologia), Sofia Fan, (artes visuais), Sonia Sobral (teatro e dança) e Valéria Toloi (educação e arte). O mesmo time agora integra a comissão de seleção dos projetos e a mediação junto aos artistas.

 Nesse novo sistema do Rumos, além de escolher os contemplados, a comissão funcionará como instância mediadora, ao propor reflexões ou possíveis alterações aos artistas e grupos. As sugestões podem ser referentes a aspectos de viabilidade técnica, de tipos de ações ou até de intercâmbios e interação entre projetos.

 Segundo Eduardo Saron, diretor da instituição e um dos participantes da coletiva, esta possibilidade em nenhum momento deve interferir na autonomia do artista, que detém a palavra final e pode aceitar ou recusar a proposta. A partir daí, seu projeto é reavaliado pela comissão.

 Para o diretor, o instituto aposta na multidisciplinaridade do grupo reunido para garantir um processo democrático de seleção. A depender dos tipos de projetos recebidos e das questões por eles suscitadas, a comissão pode convocar especialistas em determinadas linguagens ou áreas para ajudar na discussão. Nesse sentido, para Saron, ela também é ‘dinâmica’ e contribui para a ‘transparência’ da seleção.

 “Até porque, muitas vezes, tão ou mais importante do que a obra ou resultado final é o processo de criação, de pesquisa”, ressalta o diretor.

 Isso não significa, porém, a exclusão de projetos em formato ‘tradicional’, destaca Eduardo Saron. Convergências de linguagens ou técnicas não é requisito obrigatório nem tampouco privilegiado. Um filme, um disco ou a circulação de uma produção, por exemplo, terão tanto espaço quanto propostas de múltiplas ações. “A questão fundamental é a singularidade, o que este projeto pode trazer para a cultura brasileira”, resume Saron.

 O Rumos 2013 oferece um leque de escolhas para a inscrição dos projetos: a circulação de repertório de apresentações artísticas e de acervos no Brasil e no exterior; projetos de desenvolvimento de trabalhos artísticos – de instalações, composições, performances e coreografias a roteiros, espetáculos, ensaios fotográficos, programas de rádio, TV, internet, documentários, CDs e DVDs. Projetos de desenvolvimento de programas de computador artísticos/culturais, como plataformas web, games, agentes inteligentes, aplicativos, entre outros; organização e preservação de acervos, digitalização de documentos, entre outros, relacionados à arte e à cultura brasileiras.

Inscrições e premiações
 Seguindo a política das edições anteriores, as inscrições são gratuitas e já estão abertas. Os interessados podem se inscrever até às 23h59 (horário de Brasília) de 14 de novembro de 2013, exclusivamente no site do Itaú Cultural (http://novo.itaucultural.org.br/).

 Diferentemente das edições anteriores, não há número mínimo ou máximo de projetos, propostas ou obras a ser contemplados. Esta decisão será de exclusiva atribuição da Comissão de Seleção Rumos Itaú Cultural, observando o limite orçamentário do programa.

 O montante total aportado por proposta, projeto ou obra selecionada, observará o limite de até R$ 400 mil bruto, sendo o orçamento total de R$ 10,5 milhões.

 Os selecionados serão informados por telefone e/ou e-mail, até dia 27 de maio de 2014. Em seguida, os resultados serão divulgados no site do Itaú Cultural e nos meios de comunicação. Todas as informações a respeito do Rumos 2013 já estão disponíveis no site do Itaú Cultural.

Rumos passados
 Celebrando os 16 anos do Rumos, o Itaú Cultural lançou o projeto Rumos Legado, que entra em ação em 2014. A ideia é que os artistas contemplados (inclusive os pernambucanos) passem por curadoria e sejam selecionados para reapresentar a obra que já integrou o projeto.

 Há ainda a opção de criar uma nova obra para integrar o Rumos Legado

 O resultado será apresentado de forma itinerante.

Histórico do Rumos
 Principal linha de atuação do instituto, o Rumos Itaú Cultural foi criado em 1997 para localizar, apoiar e difundir projetos artísticos e culturais, por meio de edital público e comissão autônoma. O programa foi pioneiro no mapeamento do que é produzido em arte e cultura no Brasil contemporâneo, mobilizando pesquisadores, artistas, especialistas e instituições de todo o país.

 São mais de 24 mil projetos inscritos e 990 projetos apoiados em Arte Cibernética, Artes Visuais, Cinema e Vídeo, Dança, Teatro, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música e Pesquisa Acadêmica. O trabalho dos selecionados foi exposto para mais de 3 milhões de pessoas, no instituto e em itinerância pelo Brasil e pelo restante da América Latina.

 Além disso, as obras foram divulgadas por mais de 900 emissoras parceiras de rádio e televisão.

Números
16 anos de atuação: mais de 25 mil inscrições 1.130 projetos apoiados em Artes Visuais, Arte e Tecnologia, Cinema e Vídeo, Dança, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música, Pesquisa Acadêmica e Teatro

6 milhões de pessoas em todo o país viram as obras dos selecionados

Em 2012, o investimento no Rumos foi de R$ 7,1 milhões

Em 2013, R$ 8 milhões

A previsão para 2014 é de R$ 10,5 milhões

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