A renda real média dos brasileiros cresceu 8% acima da inflação em 2012. E a população extremamente pobre diminuiu de 4,2% em 2011 para 3,6%. São duas boas notícias que você não leu, não viu e não ouviu – porque as grandes redes e jornalões nacionais não divulgaram. E se estes não divulgam, outras mídias não repercutem, nem mesmo as redes sociais.
As boas novas acima citadas foram reveladas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apanhado anual do IBGE sobre condições de vida no Brasil, com resultados relativos a 2012 divulgados na última sexta-feira.
Os dados da PNAD são um forte contrapondo, uma porrada mesmo, no discurso comum da oposição e de segmentos da grande imprensa, fiadores da tese de que o Brasil está se acabando e o brasileiro morrendo à mingua por causa da retração da economia em 2012 e o Produto Interno Bruto de apenas 1%.
Claro que o PIB baixo é um problema, mas outro problema é desconhecer a causa verdadeira das dificuldades econômicas, inclusive os fatores externos. Na verdade, o jornalismo da crise, como o discurso da oposição, é menos reflexo da economia e mais intenção eleitoral – porque 2014 já bate à nossa porta.
Moldando o jornalismo da crise, ou o discurso da oposição, O Globo destacou na pesquisa do IBGE que a taxa de analfabetismo cresceu de 8,6% para 8,7% de 2011 para 2012. Ora, além de esconder que a variação é estatisticamente desprezível, o jornal do finado Roberto Marinho se esquece que a taxa de analfabetismo era de 11,5% em 2004, caiu vertiginosamente entre jovens e adultos nos últimos sete anos, e agora resiste em função de natural resistência dos mais idosos.
Para não dizer que não falou da PNAD, O Estado de São Paulo, vulgo “Estadão”, destaca número da PNAD mostrando que “42,9% dos domicílios do Brasil continuam sem esgoto”. Abaixo da manchete, porém, precisou admitir que 57,1% dos domicílios já têm esgoto, ante 55% do ano anterior.
O crescimento da renda média dos brasileiros em um ano de pouco crescimento do PIB, comunica claramente que o Governo Dilma não permitiu cobrar à população mais pobre a conta dos problemas da economia. E isso incomoda muito certa elite econômica.
Os números da PNAD também atestam a discrepância do discurso da crise e o alto nível de satisfação com a vida que os brasileiros tem declarado em sucessivas pesquisas de opinião, mesmo durante os protestos de junho.
A propósito, dois antes da divulgação da PNAD, o professor Cândido Mendes, do alto dos seus 85 anos de sapiência e coragem, falava dessa realidade: “Aí está o ‘povo de Lula’, saído diretamente da marginalidade nesta última década,…, hoje integrado na redistribuição da riqueza nacional”.
*Gilberto Braga de Mello é jornalista e publicitário.
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