Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil iniciaram o horário de verão que vai até 16 de fevereiro de 2014. A maioria dos brasileiros adiantaram seus relógios sem problemas, pois essa é uma boa prática adotada pelos países mais desenvolvidos para economizar energia e aproveitar melhor a luz solar nas horas úteis do dia.
Quem tem problemas com o horário de verão no Brasil não são as regiões que o adotam, mas as que ficam de fora. Sobretudo o Norte apartado do país pela brutal diferença de menos 2 horas. Além dos prejuízos na economia, não há nortista que não conte um aborrecimento em função disso, desde problemas com o expediente bancário até a programação de TV.
Aqui no Acre, logo vamos nos atrasar mais 1 hora para regredir ao fuso horário de permanente atraso de 2 horas em relação o Brasil, piorado para 3 horas durante o terço do ano com horário de verão. Na era da internet e da comunicação em tempo real, é um descompasso absurdo.
Ora, direis, para isso houve um plebiscito. Verdade. E ninguém questiona a vontade popular. Mas também é verdade que o plebiscito foi maldosamente politizado.
Por importância, a questão do fuso horário deve voltar a ser debatida sem a contaminação de interesses partidários e de argumentos velhacos como a suposta “hora de Deus”, até porque isto é uma blasfêmia. No início do século passado, a lei da Hora Legal do Brasil ajustou a hora dos estados a partir das capitais. Para enquadrar o Acre no velho fuso horário, em 1913, atrasaram os relógios de Rio Branco em quase meia hora. O que vai voltar não é a hora do sol, mas a hora que a lei atrasou, quando devia adiantar.
A sociedade do Século 21, regida pela velocidade do conhecimento e da informação, exige um horário que facilite a conexão do nosso Estado com o nosso país. Mas isso não é de agora. Se o Estado de Galvez, a guerra de Plácido de Castro e a diplomacia do Barão de Rio se deram para integrar o Acre ao Brasil, esse fuso com 2 ou 3 horas de atraso é uma negação da Revolução Acreana.
Gilberto Braga de Mello é jornalista e publicitário.
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