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Marina ressentida

Acompanhei, com muito interesse neste final de semana, o julgamento do pedido de registro do partido Rede Sustentabilidade de Marina e os desdobramentos seguintes. O TSE considerou que faltaram 50 mil assinaturas de apoiamentos e, por isso, indeferiu o pedido, por 6 a 1.

Marina ficou visivelmente atordoada pela decisão, pois ela imaginava que o TSE iria registrar a sua Rede, mesmo sem atender os requisitos, pois contava com a simpatia da grande mídia e tinha em vista o seu prestígio, sua credibilidade e as visitas que realizou a cada um dos ministros e ter sido muito bem recebida. Os juízes reconheceram que o pedido representa um real interesse de um setor da sociedade brasileira, mas não podiam abrir exceção, sob pena de desmoralizar o Tribunal. Passar por cima da lei, só porque o pedido é de Marina? Afinal, como defensora de uma nova politica ela não pode pretender privilégios e registrar seu partido na marra. Argumentou que havia perdido o “registro legal”, mas ganhou o “ registro moral”. É bom esclarecer que a Rede pode obter o registro a qualquer tempo, desde que satisfaça todos os requisitos, não apenas alguns, como ocorre com todos os partidos.  Ao não obter o registro no dia 3 de outubro próximo, seu partido não pode lançar candidatos em 2014, conforme define a Legislação Eleitoral. Mas, se quiser, pode ter o registro aprovado em outro momento e participar do pleito sem candidaturas próprias.

Marina saiu do Tribunal afirmando que iria pensar no que fazer em vista do futuro. Os jornalões publicaram tudo: muitos partidos convidaram Marina, inclusive o PPS do velho pelego e ex-comunista Roberto Freire, que vive das milhadas que o PSDB lhe dá.

Na sexta, Marina informou que sua decisão iria ser tomada com base na coerência da nova politica, em cima de programas não de candidaturas e eleições que seu objetivo era “programático” e não pragmático.

No sábado 05/10, surpresa geral: Marina informa ao Brasil que irá se filiar ao PSB e seus assessores dão conta de que ela será candidata a vice na chapa de Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Até aí, tudo bem: ela tem direito de fundar partidos, de se filiar a qualquer partido, de apoiar a quem quiser.

De sua liberdade de escolha, não cabe discutir. Como estão se sentindo os velhos “marineiros”, os ambientalistas convictos, os inocentes que veem a Marina como uma mulher “pura”, só Deus sabe. De suas novas companhias, de sua coerência, cabe a ela explicar.

Em seguida, parecendo mesmo um ato de desespero, Marina abriu a sua metralhadora giratória contra o PT sem motivo evidente e sem provas: falou de hegemonismo, de Chavismo, de uso de dinheiro publico para acusá-la, responsabilizou o PT pelo indeferimento de seu partido e hoje dito como “o primeiro partido clandestino em plena democracia” (de partido clandestino ela entende, pois era militante do velho PRC) e foi por aí afora… Parecia até os velhos caciques da direita que nunca engoliram a importância que o PT tem na sociedade brasileira.

Marina parecia ressentida. Não entendo os motivos. Marina é o que é, porque o PT a construiu. Ela não é fruto de si mesma: fomos nós todos do PT do Acre ao PT nacional que lhe deu essa dimensão. Foi vereadora, deputada estadual, senadora por 16 anos, ministra por 6 anos do Governo Lula, no caminho que nós pavimentamos. Por ocasião de sua grave enfermidade, foram os companheiros de São Paulo, inclusive Genuíno, que lhe deram todo apoio.

Marina será um caso para Freud? Vai passar a ver inimigos entre aqueles que mais lhe ajudaram? Vai ser mais dedicada em fazer acusações ao PT do que a direita? Depois de suas declarações de hoje, sábado, creio que tudo poderá ocorrer. A sua sobrevivência política passa a depender de nossa “morte”. Seu discurso pode passar a ser necrofílico.

Por fim, cabe lembrar a Marina e seus novos amigos, que o PT chegou a Presidência não foi pedindo favores, suplicando privilégios ou dando golpe de estado. Ganhamos no voto com Lula e Dilma, voto disputado palmo a palmo. Registramos o PT atendendo todos os requisitos e ainda tendo a mídia contra nós.

Governaremos o Brasil até o ultimo dia do mandato da Presidente e ainda lançaremos Dilma para a reeleição. E vamos jogar para ganhar. Quem não aceitar, pode continuar chorando….

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