A movimentação nas agências bancárias teve uma visível redução nesta quarta-feira, 9, devido ao fim da semana de pagamento. Mas nem por isso a população deixou de ressaltar os prejuízos proporcionados pela greve dos bancários, que já se estende por 22 dias. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Estado, 95% das agências aderiram ao movimento. Os mais prejudicados, sem dúvida, são os aposentados, idosos e beneficiários do Bolsa Família.
A aposentada Maria das Graças Silva afirma que precisava do salário e percorreu, mesmo doente, algumas unidades bancárias. “Consegui sacar hoje a minha aposentadoria. Passei 2 dias indo, em vão, ao banco. Quando chegava a uma agência, me mandavam para outra. Foi um caos. Mas consegui resolver”, destaca.
Por outro lado, Joaquim Braga defende a luta dos bancários. “Acredito na causa que eles estão defendendo. É inadmissível que apenas os banqueiros ganhem”, confirma.
Outra reclamação por parte dos usuários dos serviços bancários é sobre a reposição de dinheiro nos caixas eletrônicos. “Desisti de procurar caixas eletrônicos com dinheiro. Prefiro enfrentar fila e ter a certeza de que vou receber o salário”, denuncia Tereza Paes.
A beneficiária do Bolsa Família, Maria Aparecida da Silva, afirma que recorreu as casas lotéricas para receber o benefício deste mês. “Encontrei problemas nos caixas eletrônicos. Não tinha como entrar na agência, daí resolvi vir à casa lotérica”, explica.
Apenas um banco conseguiu uma liminar na Justiça, mantendo o atendimento normal. O presidente do Sindicato dos Bancários do Acre, Edmar Batistela, disse que não entende por que os bancos não querem dar o reajuste correto para os trabalhadores, já que tiveram um aumento de lucro no ano passado em torno de 55%.
Aumento no movimento nas casas lotéricas chega a 25%
Assim como Maria Aparecida, as casas lotéricas têm sido bastante utilizadas durante a greve. Por isso, filas enormes se formam, principalmente durante a manhã. Entre os serviços oferecidos estão pagamentos de contas de consumo, pagamento de boleto emitido pela Caixa Econômica Federal no valor de até R$ 2 mil, pagamento de boletos emitidos por outros bancos no valor máximo de R$ 700,00. Além de saques diários de até R$ 1,5 mil e o recebimento de benefícios sociais, como aposentadoria, PIS e seguro-desemprego.
Com isso, o movimento chegou a crescer até 25% nestes estabelecimentos. Há lotéricas que contabilizaram alta de 40% no número de saques, desde que a paralisação foi iniciada.
A greve dos bancários foi deflagrada no dia 19 de setembro. Dentre as reivindicações, a categoria pede rea-juste salarial, segurança nas agências, fim das metas abusivas e a contratação de novos funcionários.
As principais reivindicações dos bancários
*Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)
*PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
*Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).
*Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
*Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
*Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.
*Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
*Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.
*Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
*Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.
(Foto: Odair Leal)