Detran e Polícia Militar instauram processo administrativo para investigar se houve abusos por parte dos policiais. Conclusão das corregedorias deve sair entre 15 e 30 dias
A Operação Álcool Zero realizada na madrugada de domingo nas imediações do Mercado do Bosque rendeu muita polêmica em redes sociais e blogs. Durante a abordagem ao motorista Eduardo Alencar, os policiais tiveram um trabalho extra.
Na versão da polícia, o condutor, ao perceber a fiscalização da Álcool Zero, estacionou o veículo na Avenida Nações Unidas e fingiu ignorar a presença dos policiais. Houve a abordagem com o pedido de documentação.
De acordo com os policiais, Alencar não cooperou. “Ele correu para dentro do mercado”, relata o Comandante da Companhia Estadual de Trânsito, Márcio Alves. “Ele estava visivelmente embriagado e fizemos o flagrante como fazemos com qualquer pessoa”.
O destaque do comandante faz referência ao fato de Alencar ser médico e que toda polêmica em torno do problema decorre dessa condição. “O policial apenas faz o seu trabalho dentro de um padrão e, caso alguém se sinta agredido ou injustiçado, as portas da corregedoria do Detran ou da PM estão abertas”, sugeriu.
Alencar teria se negado a fazer o teste do bafômetro e, segundo a polícia, agrediu verbalmente os agentes. Uma amiga do médico, que dirigia outro veículo, também teria desacatado os policiais. A situação ficou tensa de tal forma que os policiais entenderam que seria melhor algemar os dois motoristas e conduzi-los à delegacia de flagrantes.
Já na versão de amigos dos motoristas, postadas nas redes sociais, os policiais teriam cometido abuso de poder ao abordar e, em seguida, algemar os envolvidos dentro do mercado.
“Parece que haviam bebido, mas o problema é o tipo de abordagem da polícia. Achei abusiva a maneira como a polícia tratou as pessoas. Essas pessoas não estavam ao volante no momento que foram detidas e nem a polícia portava bafômetro. Elas estavam tomando café no mercado. Os policiais queriam obrigá-las a ir lá onde estava a blitz pra fazer o teste. Imagine você sentado, comendo, depois de uma festa, em local público, sendo retirado à força, obrigado a ir fazer teste de bafômetro sem ter sido flagrado em blitz. Ainda teve um PM que disse: vagabundo tem que ser tratado assim”, relatou um internauta, autor das fotos divulgadas na rede.
Em nota divulgada ainda no domingo, a diretoria do Detran, Sawana Carvalho, e o comandante da Polícia Militar do Acre, José dos Reis Anastácio, anunciaram a instauração de um processo administrativo para saber se houve excesso por parte dos policiais em nome da “lisura dos fatos e para que não haja dúvidas do ocorrido”.
O resultado do trabalho das corregedorias tem prazo regimental de 15 a 30 dias para ser divulgado. A reportagem do jornal A GAZETA tentou falar com o médico por telefone. Deixou recado na secretária eletrônica e via SMS. Até o fim desta edição, não houve retorno.
A Ciatran enfatiza que a Prefeitura de Rio Branco já havia solicitado a intervenção da Álcool Zero nas imediações do Mercado do Bosque devido ao grande número de motoristas embriagados que dirigiam perigosamente após as festas de fim de semana.