Um presidiário de 20 anos morreu a bordo de um avião modelo Caravan, cinco minutos depois de decolar de Cruzeiro do Sul (AC) no fim da tarde de quinta-feira (24). A aeronave fretada pela Secretaria Estadual de Saúde levaria Paulo dos Santos Rocha para receber atendimento médico em Rio Branco, Capital do Estado.
Não havia médico ou qualquer outro profissional de saúde no avião, segundo informou o serviço de Tratamento Fora de Domicílio (TFD). O preso era acompanhado pela mãe e escoltado por dois policiais militares.
“Ele entrou no avião delirando e com dificuldade para respirar, parecia se engasgar com uma espécie de secreção, mesmo assim foi colocado normalmente numa poltrona. Quando decolamos o quadro só se agravou e o meu filho morreu nos meus braços em menos de cinco minutos. Eu até pedi que agilizassem a viagem, mas o que eu não sabia, era da falta de acompanhamento médico”, lamenta Raimunda Nonata dos Santos, mãe do rapaz.
Segundo a gerente do TFD no Estado, Edná Monteiro, o médico que avaliou o paciente solicitou um voo simples, ou seja, sem equipamentos ou acompanhamento de profissionais de saúde.
“Nós tivemos a informação que se tratava de um paciente que estava perdendo o movimento das pernas e liberamos a aeronave mediante o que é solicitado pelo médico. Em nenhum momento pediram um aero médico, porque quando isso acontece, a gente encaminha médico, enfermeiro e todos os equipamentos necessários”, justificou.
O médico Oziel Câmara que faz parte da junta médica do TFD, em Cruzeiro do Sul, foi quem avaliou o presidiário antes da viagem. Ele disse ao G1 que o paciente se encontrava estável e apresentava condições de viajar sem acompanhamento.
“O encaminhamento era necessário porque ele precisava da avaliação de um neurocirurgião, profissional que não temos em Cruzeiro do Sul. Esse paciente não tinha problema respiratório, tinha todas as condições de viajar normalmente, infelizmente isso aconteceu”, lamenta o médico.
Segundo o coordenador regional de saúde do Vale do Juruá, Charles André, o presidiário morreu vítima de insuficiência respiratória aguda e acredita que houve uma fatalidade.
Para Valdecí dos Santos Rocha, irmão do detento, a direção do Presídio Manoel Néri da Silva também não tomou os cuidados necessários com o reeducando. “Acho que não tiveram o cuidado necessário para verificar se o meu irmão estava doente e ele só foi levado ao hospital quando a situação já era grave”, relata.
A assistente social do presídio, Naiana Neves, garante que todos os cuidados foram tomados. “Ele já estava sendo atendido há quatro dias quando reclamou de uma dor na perna, por duas vezes foi levado ao Pronto-Socorro e teve alta. Na terceira vez fomos comunicado que ele seria transferido, informamos à família e inclusive a mãe dele estava no avião”, justifica.
Paulo dos Santos Rocha havia sido preso há menos de um mês em uma operação da Polícia Federal, suspeito pelos crimes de tráfico e associação ao tráfico de drogas. (Genival Moura Do G1 AC)