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Sobre horários e potocas

Estou impressionado sobre como a volta do fuso horário antigo do Acre tem repercutido nas conversas nas ruas e nas redes sociais. Só na minha página no Facebook são centenas de comentários e milhares de visualizações nas postagens em que abordo esse assunto.

Nesta semana, meu colega de Senado, Petecão, fez potocas com uma postagem que fiz sobre a polêmica mudança de horário. Normal. Mas não dá para se fazer de desentendido e querer atribuir a mim o que não fiz. Sobre o horário, deixo mais uma vez bem claro: alguns políticos, isso é sabido (Flaviano, Petecão, Márcio e outros), usaram e abusaram desse tema. Transformaram-no num cavalo de batalha política em plena eleição. Nada contra, é parte da democracia. Cada um sabe o que priorizar e como usar os mandatos para ajudar no desenvolvimento do Acre. Mas cá para nós, gastar 3 anos de mandato tentando atrasar o horário do Acre em uma hora não é nada produtivo. Isso é a política de soma zero. Trabalha-se e trabalha-se e a soma é zero. Ou até negativa, sob alguns aspectos.

Não tenho dúvida de que a ideia do então senador Tião Viana de aproximar o horário do Acre com o resto do Brasil era facilitar o dia-a-dia dos acreanos, as atividades econômicas, principalmente nos dias de hoje, quando tudo acontece em tempo real. É certo que o ideal era ter sido feito uma consulta antes da mudança. Ou uma melhor adaptação do funcionamento dos serviços públicos, escolas, comércio e etc. Mas o fato é que a partir do dia 10 o horário do Acre vai voltar a ficar três horas atrasado em relação ao resto do Brasil, por conta do horário de verão. Os problemas com horários bancários, transações comerciais e programações de TV envolvendo Ministério Público estarão de volta.

Quanto à minha posição, sempre foi clara: a favor do projeto do Tião e pela permanência do horário como está, principalmente depois de tanto tempo. Não fiz campanha no referendo e penso que foi um erro meu. Mas, aqui no Senado, trabalhei explicitamente para que fosse cumprida a decisão da população via referendo. O senador Aníbal e o próprio senador Petecão e o deputado Flaviano Melo são testemunhas disso. Como membro da mesa, dei o devido encaminhamento que tinha obrigação de dar. Mas não votei pela volta do horário e nem fiz dessa questão a prioridade de meu mandato. Aliás, tenho dito que há muitas outras coisas que devemos priorizar e que são fundamentais para a população do Acre e do Brasil. E é isso que venho tentando fazer.

Acho que os que encamparam essa batalha política pela mudança do horário precisam assumir claramente o que fizeram e reconhecer que depois de tanto tempo fazendo dessa causa a maior prioridade de seus mandatos, os ga-nhos para o Acre foram nenhum. É a política de soma zero mesmo! Só isso. E não vale dizer que a responsabilidade é da presidente Dilma. Ela apenas fez a correção do processo legislativo. Agora, penso que é tripudiar em cima da população fazer shows por conta da volta do horário velho. Será que é isso que a população quer? Mas de qualquer jeito, bom show. Essa polêmica toda não é boa para ninguém, muito menos para o nosso Acre. Esse assunto já cansou e foi pura perda de tempo para todos.

* Jorge Viana é senador (PT/AC) e vice-presidente do Senado Federal.


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