Por meio do plantão diário, Airton já conquistou mais de mil clientes em 3 anos e meio e lembra que já chegou a encher pneu de moto com palha de bananeira para tirar o cliente do sufoco no meio da estrada
ITAAN ARRUDA
Ele se auto-denomina “borracheiro e mecânico socorrista”. Com 49 anos, 4 filhos e disposição 24 horas por dia. Raimundo Airton de Holanda Bezerra era mototaxista. Vendeu a placa vermelha há três anos e meio para se dedicar exclusivamente ao serviço de borracharia e mecânica em regime plantonista.
Normalmente, o ponto de trabalho é o mesmo onde dorme: ao lado da velha CG 125 que fica estacionada na rotatória do posto Shell, localizada em frente à Paróquia Santa Cruz, no início da estrada de Porto Acre, próximo à Casa dos Cereais.
Com o visual de todo mecânico e as mãos calejadas, um ornamento está sempre presente: o sorriso. Airton (como é chamado) parece estar sempre de bom humor. Fez questão de tirar as fotos exibindo uma gravata azul listrada, enquanto realizava um atendimento.
“Meu preço depende da distância”, avisa. O serviço, normalmente, custa R$ 10. “Mas, eu cobro 12, 13 ou mais, dependendo de onde o criente tá (sic)”.
Afirma que no período em que resolveu se dedicar exclusivamente ao socorro diário, já prestou serviço a mais de mil clientes, alguns atendidos em situações inusitadas. “Teve uma vez que o cliente ligou e estava na estrada. O pneu dele estava de uma maneira tão difícil de ser reparado no local que eu enchi o pneu com um monte de folha de bananeira”, lembra, sorrindo. “Mas, ele saiu de onde estava”.
É exatamente essa natureza do trabalho que muita gente ainda não compreende, segundo o plantonista. “Não pode me exigir um serviço definitivo. Eu sou socorrista. Eu te tiro de onde tu tá (sic)”, ensina.
Outra forma pouco convencional que Airton usa para salvar motociclistas com problemas nos pneus é utilizar o ar comprimido nas descargas das motos para encher os pneumáticos. Por meio de uma pequena mangueira, ele acopla na descarga e na outra extremidade usa um bico especial para encaixar “no pito” do pneu.
“Para quem estuda, sabe que a fumaça entra e uma parte vira água que a quentura seca e fica só o ar”, explica. Nem sempre o botijão de 100 libras que carrega no pequeno baú da motocicleta está com ar suficiente. Aí, é o jeito improvisar usando a descarga da própria moto do cliente.
Quem precisar utilizar os serviços do mecânico/borracheiro socorrista, basta ligar para 9937-0242. “Atendo durante 24 horas por dia”, avisa. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
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NOTAS ECONÔMICAS
Gestação
O projeto de lei que trata da mudança na forma de cobrança de ICMS já estava sendo gestado desde o início do ano. Não é moeda nova. Desde lá, o governador Tião Viana já foi alertado diretamente por empresários: cobrança do ICMS na apuração vai trazer novamente a digamos “relação pouco republicana” entre fiscais e empresários.
Barões
A “relação pouco republicana” é um eufemismo para corrupção. Todo mundo sabe, sobretudo os pequenos e microempresários do comércio local, que permitir o retorno da fiscalização dentro das lojas vai fazer ressurgir das cinzas os velhos barões da Sefaz.
Temor
Brincadeiras à parte, além dessa situação pontual, há outra que é cristalina: o governo quer a mudança para aumentar a arrecadação. É óbvio. E só aumenta a arrecadação de uma forma: fazendo com que o empresário pague mais impostos. Simples assim. Caso contrário, por que a mudança?
Quem paga?
Dependendo do ângulo que o leitor interprete a situa-ção, é possível dizer que o empresário não paga nada. “Quem paga é o povo, é o consumidor”, conforme analisa um dos mais importantes empresários locais nesta edição, Rubenir Guerra. É uma opinião importante, dita não por um empresário qualquer.
Formação de caixa
Alguns comerciantes mais exaltados citam os nomes e as respectivas posses do antigo baronato. É memória recente. O esquema foi cortado pela raiz quando o ex-governador Jorge Viana assumiu em 1999. Em História, 15 anos é como se fosse ontem. Há pequenos empresários, mais gaia-tos e bem humorados, que dizem “já estar preparando um fundo empresarial esperando a mudança”.
Por outro lado…
Por outro lado, é preciso reconhecer o papel do trabalho do secretário Mâncio Cordeiro: ele tem que aumentar a arrecadação. A mágica (ou ajuste) é equacionar os diferentes interesses envolvidos em questões tributárias. Não é fácil. Mâncio sabe que não vai contemplar todos. Mas, o Cordeiro já está com couro grosso.
Acisa fora?
Um fato que causa estranheza é a ausência da Acisa nas discussões recentes sobre o assunto. Por que a Acisa não estava representada na tensa reunião que houve na sede da Fecomercio no dia 22 de outubro? Além de ser a legítima representante do comércio local, a Acisa já contribuiu muito nessa discussão.
Comércio de rua
Na essência, a entrevista do prefeito Marcus Alexandre sobre o Centro Popular de Compras (o Shopping Popular) retoma uma discussão recente sobre o ambiente de vendas nas regiões centrais das cidades: qual o perfil atual do comércio de rua? Que técnicas são eficazes na abordagem ao consumidor? O comércio de rua está em crise?
Decidido
Pesquisas feitas por especialistas do setor diagnosticaram que o consumidor do comércio de rua “é mais decidido” do que aquele que costuma comprar em shopping centers. Nos condomínios de lojas, o consumidor pratica o que em vendas se chama “compra por impulso”.
Quero isto
Já o consumidor do comércio de rua sabe o que quer. Sai de casa decidido a comprar determinado produto e pronto. Qual desafio para quem trabalha com vendas? Criar abordagens que façam com que esse consumidor gaste com aquilo que não planejou comprar.
Certamente
Ádem Araújo, o mais importante empresário do setor supermercadista do Acre, foi categórico. “Certamente, haverá repasse para os preços”, previu. Reportagem completa nesta edição, inclusive com longa declaração do secretário de Estado de Fazenda, Mâncio Cordeiro.
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Empresários discutem estratégias para aumentar fluxo de turistas no Estado
ITAAN ARRUDA
O 2º Encontro Empresarial de Turismo expôs os gargalos do segmento. Reunidos no auditório do Palácio do Comércio, gestores públicos, empresários e estudantes discutiram algumas estratégias para aumentar o fluxo de turistas no Acre.
O secretário de Estado de Turismo, Leonildo Rosas (que também acumula a pasta de secretário de Comunicação), orgulhava-se pelo fato de que o evento foi integralmente planejado pela iniciativa privada e, segundo ele, isso é um bom indicativo de organização do setor. “Pela primeira vez”, disse o secretário Rosas, apontando para o convite do encontro, “um evento como esse não traz a logomarca do governo”.
As declarações do secretário contradizem os próprios empresários do segmento. “O setor do Turismo no Estado já é forte e os números são bastante favoráveis”, avalia o secretário, citando a construção de quatro hotéis e de uma escola de gastronomia que considerou um projeto “muito audacioso”.
“Eu fico preocupado com algumas pessoas que ficam pensando em turismo internacional quando nós não temos ainda nem o doméstico”, afirmou o presidente da Federação do Comércio do Acre, Leandro Domingos.
Ano passado, a Fecomercio/AC criou a Câmara de Turismo, um fórum de discussão sobre formação da estrutura e da infraestrutura do segmento no Estado. O 2º Encontro Empresarial é resultado desse esforço.
Atualmente, o segmento vive uma crise de crescimento justamente por conta da temperatura da economia acreana. E, em um estado fora do eixo das rotas consolidadas, o apoio governamental é estratégico.
“O Estado tem que oferecer apoio muito maior ao setor turístico”, analisa o presidente da Federação das Associações Comerciais do Acre, George Pinheiro. “As empresas privadas não têm condições de divulgar o Estado. É caro. Isso só se consegue quando se tem o apoio do Estado e nós vamos ter”.
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio Abreu, o Acre está bem no segmento. “O turismo do Acre não necessariamente precisa melhorar”, avalia. “Ele tem um potencial natural de desenvolvimento de atração de capitais para investimento. Nós precisamos de uma ordenação e uma coordenação, que estão sendo efetivadas pela Fecomercio, de juntar num fórum, como é a Câmara Empresarial de Turismo, essas posturas, esse comprometimento”.
Para Abreu é essa sistematização que consolida o segmento na economia regional. “A partir desta atuação, o início dos esforços, eventualmente se consiga por parte do governo, dos órgãos, das outras estruturas não governamentais e a própria sociedade o ambiente negocial, o ambiente de investimento, que atraiam esses capitais para cá e que potencializem essa ação e desenvolvimento”, disse. “Eu diria que se está no caminho certo. Acho que a Fecomercio tem todo o papel, toda a capacidade de liderar essa premissa através da Câmara Empresarial de Turismo, de propugnar essa discussão de maneira clara, objetiva, propositiva para a obtenção de resultados práticos, ao final das contas”. (Foto: Cedida)
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Com construção de nova indústria, Acre passa a beneficiar toda sua produção de castanha
O Acre ganha, ainda este ano, uma das maiores indústrias de beneficiamento de castanha da região Norte. Construído numa parceria entre o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens) e a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), o empreendimento marca o início de um novo momento para a comercialização de castanha no Acre.
Até bem pouco tempo a maior parte da produção de castanha do Estado era enviada para outros estados e países vizinhos, como Peru e Bolívia. Essa realidade, que aos poucos vem mudando, com a nova indústria, será transformada, de modo que o Acre passará, não somente a beneficiar toda sua produção, como também terá capacidade de comprar castanha de outras regiões.
Para se ter uma ideia do que isso representa, a nova indústria, que está sendo construída no Parque Industrial de Rio Branco, localizado na BR-364, sentido Rio Branco/Porto Velho, terá capacidade de beneficiar mais de 400 mil latas de castanha por ano, com possibilidade de aumentar essa produção, de acordo com a demanda.
Atualmente, a Cooperacre tem indústrias em Xapuri e Brasiléia, com capacidade de beneficiar 200 mil latas de castanha por ano cada uma. Com a nova indústria, essa capacidade vai dobrar.
“Aqui temos um modelo de empreendimento que reflete bem o desejo do nosso governador Tião Viana. Uma parceria do governo com a iniciativa privada. Estamos investindo mais de R$ 8 milhões na infraestrutura e a Cooperacre está investindo mais de R$ 2 milhões. Isso mostra o otimismo da iniciativa privada e o desejo do governador Tião Viana de possibilitar novas oportunidades para a geração de emprego e renda em nosso Estado”, comemora o secretário Edvaldo Magalhães.
Para Magalhães, a nova indústria marca o início de um novo tempo para a comercialização de castanha no Acre. Ele lembra que, até bem pouco tempo, os produtores acreanos eram obrigados a vender a castanha para comerciantes de outros estados e até para o Peru e a Bolívia.
“Mas vamos mudar essa realidade. Com essa nova indústria, além de aumentarmos nossa capacidade de produção, beneficiando tudo que for produzido no Acre, teremos a oportunidade de comprar castanha de outras regiões. Vamos agregar valor ao nosso produto, melhorar a condição de vida dos produtores, gerando emprego e renda”, destaca.
Quem passa pela BR-364 já pode observar a grandeza da obra da nova indústria. São sete galpões para armazenamento, todo processo de beneficiamento e exposição dos produtos, totalizando quase 12 mil metros quadrados de construção.
A Cooperacre é formada por 35 associações espalhadas em vários municípios. No total são beneficiadas mais de cinco mil famílias com a comercialização da castanha. A expectativa é que, com a nova indústria, além da geração de novos empregos, mais famílias sejam beneficiadas.
Cooperacre investe na fabricação do próprio maquinário
Para garantir a qualidade do produto e a capacidade de beneficiamento para atender a demanda do mercado, a Cooperacre vem investindo na fabricação de seu próprio maquinário. O objetivo é evitar problemas no processo e agregar mais valor ao produto, com oportunidade de melhorar e aumentar a produção.
“Há muito tempo decidimos fabricar nosso maquinário. Temos um padrão de qualidade e para manter, precisamos de muito cuidado em todo processo. Por isso, que decidimos investir na fabricação de máquinas que possam atender nossas necessidades, garantindo o padrão de qualidade”, explica o presidente da Cooperacre, Manoel Monteiro.
A Cooperacre investe na fabricação e adaptação de caldeira para geração de vapor, quebrador de castanha, estufas para secagem, secadores de castanha “in natura”, classificador e autoclave. Tudo isso para manter um padrão de qualidade e atender a demanda.
Agradecendo o apoio do Governo do Estado, Manoel Monteiro comemora o que chama de “novo momento da castanha” no Acre, afirmando que a intenção é oferecer para o mercado uma castanha, além da castanha, subprodutos com qualidade.
“Hoje nós temos negócio com a Nestlé e com a Nutrimental, além de outras empresas. Queremos, com essa nova indústria, produzir, além da castanha de qualidade, outros produtos como farinha de castanha, óleo, castanha fatiada, e outros subprodutos, agregando cada vez mais valor”, revela.
Manoel comemora ainda um ano de bons resultados, lembrando que a Cooperacre está trabalhando sem parar desde janeiro, oferecendo para o mercado castanha de qualidade. (Assessoria da Sedens/ Foto: Cedida)
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Governo quer retorno da cobrança de ICMS sobre valor de venda já no início de 2014
ITAAN ARRUDA
O projeto de lei que vai efetivar a mudança na base de cálculo do ICMS será apreciado ainda este mês pela Assembleia Legislativa do Acre. Ao menos é com essa referência que trabalha o secretário de Estado de Fazenda, Mâncio Cordeiro.
A Sefaz quer entrar em 2014 já cobrando o ICMS sobre o valor apurado e não mais “na entrada” (pelo regime de antecipação) como ocorre desde 1999. Estima-se um período de seis meses para que as empresas se readaptem.
A votação na Aleac fecha um ciclo de debates que a Sefaz realiza com as associações e federações comerciais há mais de um ano. O que, em princípio, pode parecer uma situação tranquila, serena e democrática, na verdade, camufla uma teia repleta de interesses de um lado e de outro. Tanto por parte do governo quanto por parte dos empresários.
De imediato, é possível diagnosticar que, no parlamento, o governo não tem interlocução eficaz. Nos bastidores e sem declarar publicamente, alguns deputados da base aliada tendem a apoiar os empresários. Para o governo, a necessidade de alguém que esclareça a proposta oficial aos parlamentares é urgente.
“O que queremos é dar segurança para as empresas sem comprometer as receitas do Estado”, diz o secretário Mâncio Cordeiro. “Nós estamos fazendo tudo de forma absolutamente transparente”.
Diante da complexidade e da falta de uniformidade na política tributária do Brasil, a Sefaz e os empresários sabem que hoje injustiças são cometidas. Há empresas que pagam imposto sobre um determinado produto enquanto outros empreendimentos, que vendem a mesma coisa, não pagam (ou pagam menos).
Diálogo de surdos
Há empresas que comercializam variedades de produtos que, do ponto de vista tributário, são classificados de diferentes formas e não existe atualmente um sistema tributário que uniformize e regule a cobrança de forma segura, tanto para o poder público quanto para a iniciativa privada.
Gera-se uma polêmica que se assemelha a um diálogo de surdos. Em uma ponta, o Governo do Acre precisando aumentar receita e uniformizar o tratamento tributário da forma mais republicana possível. De outro, os empresários costurando interesses para manter a margem de lucro pagando menos impostos.
Os próximos dez dias serão de intensos debates entre o Palácio Rio Branco e os empresários. Alguns pontos precisam ser mais bem definidos e negociados. O Acre Economia destaca dois. O primeiro: os empresários não querem o retorno da fiscalização dentro das empresas.
A cobrança do ICMS sob o valor apurado permite essa possibilidade. Na reunião do dia 22 de outubro, esse foi um ponto de consenso entre os 60 empresários presentes ao encontro com o secretário de Fazenda.
Essa reivindicação é levada tão a sério pelos empresários que motivou uma carta da Federação do Comércio diretamente ao governador Tião Viana. O alerta já havia sido dado no início do ano por outros interlocutores. “Você quer que os empresários sejam novamente castigados por essa situação?”, ouviu o governador.
Na reunião do dia 22, esse foi um dos momentos de maior tensão. “Vocês parem com isso porque vocês sabem que hoje eu sei da situação de um empreendimento sem colocar um fiscal dentro da empresa”, rebateu Cordeiro.
A situação foi constrangedora para o secretário. Em uma votação simbólica, todos (frise-se: todos) os empresários levantaram o braço e mostraram unanimidade em torno do tema. Diplomático, diante da situação adversa, Cordeiro brincou. “Pô, Leandro, [referindo-se diretamente ao presidente da Fecomercio/AC, Leandro Domingos] tu só trouxeste pra cá as pessoas que são contra mim”. Os risos dos empresários vieram. Meio amarelos, mas vieram.
Tentando decifrar
Para entender o problema, o Acre Economia faz um convite: imagine o leitor a brincadeira do “cabo de guerra”. De um lado o governo, tentando aumentar a receita (dinheiro para investir na manutenção da máquina pública como limpeza, construção de hospitais, manutenção de estradas etc.), além de uniformizar a cobrança do imposto inserida em um sistema tributário mais lógico.
Do outro lado da corda, os empresários, buscando pagar menos impostos, evitando uma fiscalização da qual já foram vítimas no passado e tentando manter a margem de lucro em um carcomido comércio regional.
Pegue-se o exemplo da venda de um fogão. Uma loja do Acre compra por R$ 100 um fogão de uma indústria lá de São Paulo. Pela substituição tributária, atualmente, a Sefaz/AC já abocanha o quinhão dela lá em São Paulo mesmo, quando a empresa paulista gera a nota.
Para a loja do Acre, o preço do custo do fogão deve sair em torno de R$ 140. Isso porque a Sefaz presume um lucro na venda em torno de 40%. Para os empresários, esse modelo de tributação antecipada é menos ruim porque o preço de venda (no jargão tributário: o “pra frente”) não importa para a Sefaz.
Ou seja: o lojista aqui no Acre pode vender o fogão a R$ 500 se quiser que não será tributado ICMS sob o valor da venda (valor apurado). O empresário paga o imposto antecipado, não tem a certeza de que vai vender o produto imediatamente, mas pode compensar isso aumentando a margem de lucro. E o que quer a Sefaz com a mudança na lei? Justamente abocanhar o ICMS no preço da venda.
Dessa forma, o aumento na arrecadação, para o governo, é praticamente certo. Quando Mâncio Cordeiro fala que não haverá aumento na carga tributária, ele está sendo verdadeiro. O que ele está efetivando é a mudança no roteiro da cobrança do tributo. No entanto, a afirmação é uma verdade relativa. Ao invés de cobrar “na entrada”, ele cobra “na saída”. Tudo depende de que lado da corda o leitor está ajudando a puxar.
Setores prejudicados
Para o vice-presidente da Associação Comercial do Acre, Rubenir Guerra, a situação é simples. “Empresário brigando não leva a lugar nenhum porque quem paga imposto é o povo, é o consumidor”, analisa.
A afirmação de Guerra dialoga até com o fator político. Com agenda eleitoral em pleno andamento, como é que o Palácio Rio Branco vai penalizar justamente quem garante a permanência dos ocupantes nos cargos eletivos? E os deputados? Vão compactuar com isso?
O empresário Ádem Araújo também está convencido que a mudança no regime de tributação do ICMS vai trazer consequências na formação dos preços. “Certamente, haverá aumento”, antecipa.
Por outro lado, de que forma o Governo do Acre poderia aumentar a receita? Sem indústria forte que sustente crescimento, o comércio é a única fonte certa. A manutenção dos espaços públicos, os aumentos salariais do funcionalismo, construção e manutenção de hospitais, tudo depende dessas receitas.
Mâncio Cordeiro sabe que haverá setores que vão reclamar porque efetivamente vão passar a pagar mais impostos. Ele não detalha quais seriam esses setores, mas considera o “ajuste” uma medida necessária por parte do governo.
Modelo norte-americano e canadense são lembrados
Para o vice-presidente da Associação Comercial do Acre, Rubenir Guerra, a situação é simples. “Empresário brigando não leva a lugar nenhum porque quem paga imposto é o povo, é o consumidor”, analisa.
A afirmação de Guerra dialoga até com o fator político. Com agenda eleitoral em pleno andamento, como é que o Palácio Rio Branco vai penalizar justamente quem garante a permanência dos ocupantes nos cargos eletivos? E os deputados? Vão compactuar com isso?
O empresário Ádem Araújo também está convencido que a mudança no regime de tributação do ICMS vai trazer consequências na formação dos preços. “Certamente, haverá aumento”, antecipa.
Por outro lado, de que forma o Governo do Acre poderia aumentar a receita? Sem indústria forte que sustente crescimento, o comércio é a única fonte certa. A manutenção dos espaços públicos, os aumentos salariais do funcionalismo, construção e manutenção de hospitais, tudo depende dessas receitas.
Mâncio Cordeiro sabe que haverá setores que vão reclamar porque efetivamente vão passar a pagar mais impostos. Ele não detalha quais seriam esses setores, mas considera o “ajuste” uma medida necessária por parte do governo.
Na saída
O segundo ponto de destaque que ainda deve ser negociado entre empresários diz respeito ao desconto do ICMS não só em relação ao estoque de mercadorias que já tiveram ICMS pago antecipado, mas também em relação ao desconto do tributo “na saída”.
A Sefaz quer oferecer o desconto de 12% na entrada do produto. Já prevendo as inevitáveis mudanças, os empresários querem o desconto na apuração (e não na entrada). “Caso a mudança se torne realidade, o desconto deveria ocorrer na saída”, reforça o presidente da Fecomercio, Leandro Domingos.
Sobre estoque
“O empresário acaba pagando mais”, analisa Leandro Domingos. “Com um agravante: no comércio de bens não se compra uma mercadoria hoje e vende imediatamente. Eu, por exemplo, tenho peças que há três anos estão no estoque. Então, o custo da peça há três anos foi um. Hoje, é cinco, por exemplo. Quando eu for vender essa mercadoria eu vou ter um lucro fictício porque eu não posso atualizar o custo da minha mercadoria”.
De acordo com a Sefaz, a reclamação dos empresários em relação ao tema diz respeito, atualmente, a apenas 25% da arrecadação. Os outros 75% das empresas estão indiferentes à situação. (Foto: Angela Peres)