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EMPREENDEDORES: Produto “feito agora há pouco”

Como uma empresa com mão de obra familiar pensa em expandir atuação no mercado local oferecendo bolos, tortas e patês elaborados momentos antes da entrega ao cliente

ITAAN ARRUDA

A simplicidade e o olhar triste de Paulo Henrique F. Monteiro disfarçam um sofisticado comportamento empresarial forjado no planejamento e no controle. Junto com a esposa Saturnina Sebastiana da Silva, a D. Tuca, montou há dois anos a Chocolacre.

A empresa é familiar e as entregas de pães, doces, chocolates artesanais, patês, tortas, pão de mel, trufas, cestas de café da manhã e até cestas de chocolates são feitas, por enquanto, a pé. Monteiro está em processo de finalização de um curso no Sebrae, condicionante para ter acesso a financiamentos em bancos públicos.

“Com os recursos, pretendo ampliar e terminar a loja aqui em frente à minha casa, montar uma cozinha industrial e comprar cinco bicicletas elétricas para dinamizar o sistema de entregas”, pontuou o microempresário. Para ampliar o negócio, ele estima que deve acessar algo em torno de R$ 100 mil na Caixa Econômica Federal.

A Chocolacre já é fornecedora de tortas para sobremesa de dois restaurantes de Rio Branco, o Komaki e o Pollo Loco. “A venda de rua que eu faço, eu estou procurando pessoas para trabalhar, mas não encontro”, informa.

“O pessoal não quer trabalhar”. Monteiro avisa que paga uma diária de R$ 25. “Dá mais que um salário mínimo, mas, mesmo assim, tenho encontrado dificuldade. O pessoal prefere ficar balançando bandeira em época de campanha política a ganhar dinheiro de forma honesta”, compara.

Quem vê Paulo Henrique Monteiro suado, com boné e isopor a tiracolo não imagina que ali está um homem formado em Administração Hospitalar com habilitação em Empresas e com pós-graduação em Gestão de Recursos Humanos. “Fora as horas de cursos”, brinca. “Tenho mais horas de cursos do que urubu de voo”.

Essa formação, no entanto, deu a Paulo Monteiro uma disciplina e um método de trabalho que o diferenciam de muitos concorrentes. A ideia de colocar um produto feito momentos antes da entrega sem onerar muito o preço é um dos destaques. “Nós somos rigorosos quanto ao horário e agendamento dos pedidos”, avisa. “Sem isso, não conseguimos entregar um produto feito agora a pouco”.

Um bolo que deve ser entregue no período da tarde deve ser encomendado até às nove horas da manhã. O agendamento feito após esse horário obriga a empresa a adiar a entrega para o dia seguinte para manter o frescor do produto “feito agora há pouco”.

A limitação da mão de obra faz com que o grupo da Chocolacre consiga atender a eventos de, no máximo, 50 pessoas.

(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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NOTAS ECONÔMICAS

“Não está lá”
O secretário de Estado de Fazenda, Mâncio Cordeiro, garantiu, com alguma impaciência, que o PL que trata da mudança na forma de cobrar o ICMS ainda não foi enviado para a Aleac. “Eu ainda estou conversando com os segmentos”, disse. “Não está lá”.

Acisa
O fato é que a reunião com o secretário Mâncio Cordeiro na Acisa foi boa. Para alguns, catártica: falaram o que estava enganchado na goela. Mas, tudo dentro da civilidade com o objetivo de “resolver problemas”. Foi a impressão que ficou.

Agenda
Com o auditório lotado, a Acisa promoveu a melhor agenda de 2013. Não apenas “a melhor”, mas a mais importante: a que pode trazer consequências práticas para a vida fiscal de muitas empresas.

Diálogo
Há um aspecto que merece atenção. E guarda relação com ações institucionais. Pelo bem do empresariado local, é preciso que a Fecomercio e a Acisa dialoguem mais. A classe é a mesma e, consequentemente, as demandas também.

“Certim”
É óbvio que o mais prudente para as empresas seria a elaboração conjunta de um mesmo pacote de propostas. A Acisa tem história e representatividade. A Fecomercio tem força e dinheiro. Como diria o matuto: “Dá certim!”.

Puxados
Gabinete da deputada federal Perpétua Almeida antecipa a agenda que terá na segunda, terça e quarta com o embaixador da República Popular da China no Brasil, Li JinZhang, e representantes do poderoso Banco Chinês. A lista de compromissos é extensa: Cidade do Povo, visita às marcenarias, ZPE são alguns locais visitados pelo grupo.

Cortesia
Da parte dos chineses, a cortesia deve ser o ponto forte. Porque sobre economia mesmo, eles têm pouco a aprender por aqui. Ao olhar a nossa ZPE, tão suada e ainda ociosa, eles devem fingir entusiasmo, mas ruminando por dentro: “Nossa, tão pequenininha, não?”. Na China, tudo é superlativo. Na verdade, pouca coisa impres-siona esse povo.

Investimentos?
Os chineses vão investir aqui? Bem… Esse é, na realidade, o cenário de fundo de todas essas missões que por aqui aportam. Os chineses já são destacados investidores em várias regiões do país (NE e CO, sobretudo) e também na África ocidental. Energia e infraestrutura têm sido as prioridades.

Índios
É preciso fazer uma referência especial às representações de 10 terras indígenas reunidas no sítio da Comissão Pró-Índio na semana que passou. As lideranças protocolaram uma carta no MPF em que reivindicam ações efetivas nas áreas de Educação, Saúde e produção. Impressiona a falta de interlocução entre os indígenas e os agentes de governo.

Não são os números
Não se trata apenas de números. O problema é a forma como a política indígena está sendo conduzida. “Nós não estamos levantando bandeiras novas. Estamos reivindicando apenas direitos já adquiridos”, diz o professor indígena Isaac Pinhanta, liderança do povo ashaninka. “Antes, havia uma definição conjunta e as necessidades eram avaliadas no coletivo, mas agora, é tudo no varejo”.

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Povos indígenas têm que entrar na Justiça para garantir direitos já adquiridos

ITAAN ARRUDA

A carta protocolada no Ministério Público Federal por representantes de 10 terras indígenas do Acre deveria ser uma nova referência para a gestão pública local. Durante três dias da semana passada, várias lideranças dos 15 povos que existem no Acre avaliaram as políticas públicas focadas especificamente nas comunidades indígenas.

Nas três áreas de análise (produção agroextrativista, Saúde e Educação), um argumento alinhava os discursos dos parentes. “Não se trata de números, de planilhas”, explica Francisca Oliveira Arara, uma das coordenadoras do encontro realizado no sítio da Comissão Pró-Índio. “O papel do Estado não é dizer o que é certo ou errado para nós, não. O papel do Estado não é dizer para nós como as coisas devem ser. O papel do Estado é fazer as coisas junto com a gente. Nós não queremos ter a política tratada no varejo. Queremos participação, queremos fazer o planejamento, nós queremos ser ouvidos”.

Esse é o ponto de partida; é o sentimento que anda junto e faz coro a toda voz pronunciada pela maior parte dos povos indígenas do Acre atualmente. Sem a condição de ouvir o que as comunidades indígenas têm a dizer, tudo o mais pode ficar comprometido.

A questão agro-extrativista (em novas bases produtivas) comprometida; a maior permanência nas áreas urbanas; escolaridade e saúde defcientes. Esse cenário é apenas uma consequência da falta de diálogo. Pelo que foi dito no encontro, a sensação é de que tudo o que for apresentado pelo governo como argumento de defesa tem que partir da premissa de que não foi algo pactuado.

Existia um fórum de debate criado na gestão do ex-governador Jorge Viana e mantido na gestão de Binho Marques: além de ser um momento para estratégicas articulações políticas, era nesse fórum que se garantiam “ajustes” nas ações públicas.

O assessor especial para Assuntos Indígenas do Gabinete do Governador José de Lima Kaxinawá, admitiu que a não realização do fórum é ruim. “A gente não conseguiu fazer [o fórum] por falta de recursos”, defende-se José Kaxinawá.

Outra dificuldade apontada pelo assessor é a ausência de uma instituição formal que centralize as demandas dos 15 povos indígenas do Acre. “Reconheço que a falta dessa instituição é ruim, mas, mesmo assim, as ações são realizadas diretamente nas aldeias”.

Outra liderança indígena (que não quis se identificar) elabora um raciocínio que fulmina com qualquer argumento oficial. “Nós não estamos levantando nenhuma bandeira nova”, explicou, de forma calma e serena. “Nós estamos tendo que entrar na Justiça para ter respeitados direitos que nós já adquirimos”.

A questão da produção agroextrativista também foi outro ponto de pauta. Não há uniformidade cultural entre as aldeias. Por isso, não há como a Seaprof impor uma mesma cultura produtiva a todos os povos. É citado entre os presentes, em tom de piada, “a distribuição de GPS para ajudar índio na caçada”.

Carta compõe ações que já tramitam no MPF
O documento protocolado no MPF com as principais reivindicações dos povos indígenas vai compor um conjunto de outras ações que já tramitam no órgão. O Ministério Público Federal já possui um vasto material, sobretudo no que se refere à saúde indígena, agora reforçado pela carta escrita na Comissão Pró-Índio na semana que passou.

Não houve a abertura de mais um processo em função da entrada do novo documento. Ele reforça o que já existe, além de demonstrar à Procuradoria da República qual o cenário atual das políticas públicas focadas nas questões indigenistas no Acre atualmente.

Sobre Educação
O que diz o movimento?

• Ausência de cursos de formação de professores indígenas em nível médio. Nos últimos quatro anos, a Secretaria de Estado de Educação e Esporte, através da Gerência de Educação Escolar Indígena não realizou cursos de formação;

• Nos 15 anos de gestão da “Frente Popular do Acre” não foi realizado nenhum concurso público para provimento de cargos no magistério indígena, impondo aos professores indígenas a renovação de contratos anualmente;

• Atrasos no repasse de materiais escolares e insuficiência para o atendimento pleno das atividades nas escolas indígenas;

• Falta de consulta aos professores e outras lideranças indígenas sobre as propostas de construção de escolas e fornecimento de equipamentos, bem como de mecanismos para o acompanhamento e fiscalização.

• Não existe uma política de merenda escolar regionalizada para as terras indígenas e municípios.

O que diz o Governo?
Sobre esse assunto o Acre Economia ouviu a Coordenadora de Educação Indígena da Secretaria de Estado de Educação, Maria do Socorro Oliveira.

CONCURSO PÚBLICO
* Um problema que necessita de discussão entre estado, Organização dos Professores Indígenas – Opiac – é sobre o número de professores com contrato efetivo que optam por prestar serviço nas Organizações indígenas e órgãos governamentais.

* Outro problema refere-se à definição de critérios e orientações para a elaboração de edital para a realização de concurso para professores indígenas, que por reivindicação das Organizações Indígenas e Indigenistas e do Art 6º, da Convenção 169 devem ser feitas consultas às comunidades, o que faz o governo deparar-se com uma dificuldade, que é consultar todas estas comunidades, visto que existem dificuldades quanto à representatividade nas comunidades. Quem são os legítimos interlocutores de cada comunidade ou de cada povo para que o governo não tenha que consultar diretamente todas comunidades?

ATRASOS NA ENTREGA DE MATERIAL ESCOLAR ÀS ESCOLAS
* A SEE desde o ano de 2000 realiza a entrega do kit do aluno, porém não existe recurso específico para tal ação nos programas de financiamento do Governo Federal. Assim, a SEE vem orientando aos pais de alunos que adquira o material escolar dos filhos com o recurso do bolsa família, destinado à manutenção do aluno na escola.

MERENDA ESCOLAR
* Está debatendo e elaborando documentos para que a merenda das escolas indígenas seja escolarizada e regionalizada.

* Seaprof vem investindo nos Projetos das comunidades para a garantia da produção familiar e coletiva das comunidades e oferece assessoria às comunidades quanto aos processos administrativos das associações.

CONSULTA AOS POVOS SOBRE O PROJETO ARQUITETÔNICO DAS ESCOLAS INDÍGENAS
Em 2011, o MEC, por meio da Secadi realizou seminário que orientou a consulta às comunidades para a definição dos projetos arquitetônicos das escolas. Vale dizer que essa consulta deve ser feita comunidade por comunidade e já no ano passado o MEC estabeleceu um prazo inicial para a apresentação de projetos e alocação de recurso. A SEE tendo observado as orientações advindas das comunidades apresentou um projeto que utiliza materiais regionais e padrão arquitetônico semelhante às habitações das aldeias.

Sobre Produção
O que diz o movimento?
• A implementação dos projetos não atende as necessidades das comunidades, suas especificidades e não dá condições de se chegar aos resultados esperados;

• O apoio da Seaprof no acompanhamento dessas ações foi insuficiente e falho pelas próprias condições que os núcleos dessa secretaria apresentam nos municípios, como também pela indisposição de estabelecer parcerias com AMAAIAC, CPI/AC e associações indígenas locais;

• Não houve acompanhamento e fiscalização da entrega de ferramentas e equipamentos por parte do governo. Muitos desses materiais foram entregues por comerciantes locais em qualidade inferior ao esperado e com muito atraso. Foi assim com motores, combustíveis e ferramentas, que passamos a chamar de “piratas” pela pouca duração e qualidade;

• Foi exigido muito de nossas associações e de nossas lideranças para que pudéssemos cumprir as rotinas administrativas e financeiras para as compras, licitações e produção de documentos. Apesar de o governo afirmar que técnicos administrativos da Seaprof auxiliariam nesse processo, a comunicação com eles foi difícil e descontínua. Lideranças tiveram que viajar, diversas vezes para os municípios – assumindo todas as despesas com combustível, alimentação e hospedagem na cidade – para realizar esse trabalho, tendo que conviver com atrasos nos repasses de recursos para o comércio, produção de novas cotações de preços e notas fiscais. As despesas para isso não foram cobertas pelo governo e representaram um alto custo pessoal para nossas lideranças;

• Atraso no repasse de recursos referentes às bolsas destinadas aos AAFI tem ocorrido nos últimos dois anos, revelando grande desconsideração por este profissional da floresta e principal mediador da gestão territorial e ambiental das Terras Indígenas.

O que diz o Governo?
Sobre esse assunto, o Acre Economia tentou contato comcom a gerente de Extensão Indígena da Seaprof, Dinah Borges. A Seaprof informou que ela “estava acompanhando um trabalho em uma terra indígena e só voltaria na segunda-feira”.

Sobre Saúde Indígena
O que diz o movimento?
* No âmbito federal, nos preocupa bastante, aquilo que consideramos como uma das situações mais sérias na gestão de políticas públicas indigenistas: a grave situação do atendimento à saúde dos povos indígenas no Acre;

* A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) vinculada ao Ministério da Saúde, órgão responsável pela política de assistência à saúde indígena, vive desde 2010 um processo de reestruturação, que não tem apresentado resultados satisfatórios e em muitos casos, causado a indignação de nossas lideranças.

* Os repetidos problemas observados na assistência a saúde de nossas comunidades são em grande parte, resultados da má gestão e de disputas políticas no interior da instituição com participação inclusive de algumas lideranças indígenas. Para fazer frente a esse contexto e o gradual agravamento das condições de funcionamento dos pólos-base e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) do Alto Purus e Juruá, pedimos ao Ministério Público que promova ações para rea-lização de audiência pública e investigação da gestão da saúde no Estado.

O que diz o Governo?
Sobre esse assunto, o Acre Economia tentou contato com a gerente da Divisão de Saúde das Populações Prioritárias, Zilmar Cândido. Ela não foi encontrada pela assessoria da Sesacre para se pronunciar sobre o caso.

(Foto: Cedida)

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Visita de chineses ao Acre reforça debate econômico para 2014

ITAAN ARRUDA

A deputada federal Perpetua Almeida (PCdoB/AC) cumpre extensa agenda política na segunda, terça e quarta- feira com o embaixador da China no Brasil, Li JinZhang, e com representantes do Banco Chinês.

Conseguir trazer o responsável jurídico no Brasil pelas ações comerciais da China junto com os representantes do poderoso Banco Chinês não é uma articulação qualquer. Na prática, a parlamentar já adota a agenda econômica semeando os caminhos para 2014.

Certamente, as conversas políticas internas da Frente Popular só devem voltar à rotina após a eleição dos diretó-rios municipal e estadual do Partido dos Trabalhadores, que se encerra hoje, domingo. O fato é que ZPE, marcenarias, Complexo de Piscicultura, Cidade do Povo são os cartões postais apresentados ao chineses, com olhos já calejados para grandes projetos.

“Atendendo ao convite da deputada Perpétua Almeida, os chineses também visitam a indústria de preservativos, indústria de beneficiamento de castanha, e ainda participam de várias conversas com gestores estaduais e representantes da iniciativa privada”, diz material distribuído pela assessoria da parlamentar.

“A visita do embaixador chinês ao Acre, com respectiva comitiva, é fruto de um convite que fiz ao governo chinês ano passado, quando visitei o país. Eles têm buscado fazer investimentos na Amazônia e se interessam pela facilidade de acesso aos portos do pacífico. Estou con-fiante que teremos bons resultados nessa visita e poderemos discutir a possibilidade de se construir boas parcerias”, afirmou a deputada.

O secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis, Edvaldo Magalhães, que irá receber a comitiva e acompanhá-los nas visitas, destacou a importância do encontro com os chineses. “Essa visita é importante porque a China é um dos maiores investidores do mundo e também um importante importador de produtos do Brasil. E ter o Acre como ponto de visita, mostra que os investimentos em infraestrutura, como a Estrada do Pacífico (Rodovia Interoceânica), nossa produção e nossas indústrias chamam a atenção dos mesmos”.

Relações comerciais entre Brasil e China
A China hoje se configura como um dos maiores importadores do planeta formando com a Rússia, a Índia, África do Sul e o Brasil um bloco de países que mais têm crescido economicamente, o BRIC´s.

A proximidade do Acre aos portos do Pacífico, via Transoceânica, é um dos principais pontos de interesse dos asiáticos, como ainda a busca de produtos florestais. O conhecimento do Zoneamento Econômico Ecológico, a vocação de produtos agroflorestais, a pecuária acreana e o forte incentivo à piscicultura têm chamado atenção dos investidores chineses.

No primeiro semestre de 2013, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, brasileiros e chineses movimentaram nas trocas comerciais mais de US$ 400 bilhões, 9% a mais que em comparação com o mesmo período de 2012. E a expectativa é que excedam US$ 100 bilhões até o final do ano, como resultado da aproximação entre os dois países.

Além de ter superado os Estados Unidos como o principal parceiro comercial do Brasil, com uma troca que em 2011 alcançou US$ 77,1 bilhões, com um superávit de US$ 11,5 bilhões a favor do Brasil, a China também se tornou o maior investidor estrangeiro na maior economia latino-americana. Dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), diagnosticaram que Brasil e China foram os únicos países entre as 12 maiores economias do mundo que registraram, ao mesmo tempo, aumento das importações e redução das exportações no segundo trimestre de 2013.

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Via Verde Shopping anuncia crescimento de 35% em vendas neste final de ano

ITAAN ARRUDA

O ano de 2013 marca o terceiro Natal com a presença do Via Verde Shopping no mercado varejista da Capital. A empresa que administra o condomínio, Landis Forest City, fez um breve balanço da atuação do empreendimento no comércio local. O cálculo é que houve crescimento de 35% no volume de vendas, em 2013, comparado ao ano passado.

O presidente da Landis, Dorival Regini, usou esse número para, novamente, reforçar a viabilidade do condomínio no comércio varejista acreano. “Algumas lojas vão, mas os shoppings ficam”, afirmou Regini. “Um empreendimento que cresce 35% é um empreendimento que está bastante fortalecido e o shopping está fortalecido”.

Até agosto deste ano, vinte e seis empresários do Via Verde estavam respondendo a processo de ordem de despejo por falta de pagamento. Os donos alegam falta de ambiente adequado de venda e consequente baixo consumo.

Regini rebate o argumento e já anunciou, aqui mesmo no Acre Economia, que a estimativa de venda só em 2013 deve bater a casa dos R$ 200 milhões. “Eu não me lembro de ter visto reportagens dizendo que a Mr. Cat fechou na loja que tinha no Centro”, afirma Regini, comparando a repercussão e o impacto das medidas tomadas no condomínio com as que são executadas no comércio de rua. “Eu trouxe a Mr. Cat para o shopping e a marca está muito bem”.

Regini apontou para a marca da C&A para reforçar a viabilidade do negócio. “A C&A jamais viria para o Via Verde se desconfiasse que o empreendimento não estivesse passando por um bom momento”, defendeu. “Eles poderiam ir para uma loja de rua”.

Outra novidade anunciada por Regini diz respeito à empresa de comunicação que atende ao Via Verde Shopping a partir de agora. A Companhia de Selva foi a escolhida. “Eu já estava namorando essa conta há bastante tempo”, confessou o publicitário Davi Sento-Sé, sócio-proprietário da Cia de Selva, junto com Gilberto Braga.

“Escolhemos a Companhia de Selva porque, no momento, é a empresa que, segundo nossa avaliação, tem condições de atender à conta do Via Verde Shopping”, afirmou Regini, antecipando resposta sobre possíveis questionamentos a respeito do fato de a Cia de Selva ser a conta que atende ao Governo do Estado do Acre. “No momento que a Companhia não nos atender mais de maneira satisfatória, contratamos outra”.

O primeiro VT da campanha natalina (“O Papai Noel já anda no Via Verde Shopping”) sugere ao consumidor a antecipação das compras. O material já começou a ser veiculado desde sexta-feira em tevês e rádios locais.

O segundo VT passa a ser rodado no dia 15 de novembro, trazendo um selo que informa sobre o sorteio de uma caminhonete Nissan Frontier. A cada R$ 200 em compras, consumidores ganham cupons para concorrer ao carro.

A diretoria do shopping deve planejar a programação de comunicação junto com a Companhia de Selva para 2014 agora.

(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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Governo constrói o 1º Polo Naval do Acre

Cruzeiro do Sul, conhecida como a Capital do Vale do Juruá, ganha o primeiro Polo Naval do Acre, uma obra de mais R$ 2 milhões. Um verdadeiro Complexo Industrial com quatro grandes galpões, e mais de cinco mil metros quadrados de área construída. O local abrigará todos os profissionais que trabalham com construção naval, além de todos os serviços ligados a área como: mecânica, fundição e tornearia.

Construído às margens do Rio Juruá, o Polo Naval é todo em madeira e de palafitas, com arquitetura é inspirada nas construções dos ribeirinhos locais e nas obras do irmão Sheing, um marista que construiu inúmeros prédios em Cruzeiro do Sul, o principal deles, a Catedral de Nossa Senhora da Glória.

Durante a inauguração do Polo, que aconteceu no sábado, 9, o governador Tião Viana e o entusiasta do projeto, o secretário de Desenvolvimento, Edvaldo Magalhães, entregaram o prédio com quase R$ 1 milhão em maquinários para a Cooperativa de Bajoleiros do Acre (Cooperbajola), que irá administrar o Polo.

Este novo empreendimento vai gerar de imediato mais de 100 empregos diretos. Com espaço maior para trabalhar e máquinas modernas, foi necessária a contratação de novos profissionais. Segundo Nivaldo Santos, presidente da Cooperbajola, o mercado naval na região tem crescido muito, principalmente depois da criação da bajola, pequeno barco em madeira que chega a atingir 60 km por hora, e que foi criada pelos locais.

“Nós já tínhamos nossa clientela fixa, que são as pessoas que moram ou que tem negócios no rio, mas depois que desenvolvemos a bajola até as pessoas da cidade resolveram comprar para poder passear nos finais de semana”, comenta Nivaldo

O juruaense gostou tanto das bajolas, que os fabricantes não davam mais conta de entregar, porque não tinham condições adequadas de trabalho. No período do inverno a situação se complicava ainda mais.  Como todos moravam e trabalhavam no bairro da Lagoa, localizado às margens do Rio Juruá, com a chegada das águas ficavam impedidos de trabalhar, porque ficavam sem espaço, já que fazíamos as canoas de baixo de suas casa, ou porque a energia era cortada.

Realidade presenciada pelo secretário Edvaldo Magalhães, que em 2011 começou realizar as primeiras visitas a categoria.  “Foi visitando esses profissionais e conhecendo essa realidade, que junto com eles e com o aval do governador Tião Viana, decidimos criar um programa voltado para a categoria, um programa que dinamizasse o setor industrial, sobretudo o de base florestal, visando consolidar uma economia limpa, justa e competitiva”, relembra Magalhães.

Menos de dois anos depois de pensado o Polo Naval foi construído e entregue para a Cooperativa, que possui 26 sócios. Profissionais que aprenderam com os pais a arte de fazer barcos, principal meio de transporte em uma região onde grande parte da população ainda mora às margens dos rios, única via de locomocão.

O Polo Naval já interfere positivamente na vida dos moradores de Cruzeiro do Sul, principalmente nos moradores do bairro do Miritizal. A imponência da obra acaba chamando a atenção dos moradores e ribeirinhos, o local tem se tornado ponto de visitação por quem chega pela BR-364 ou pelo Rio Juruá. Outro fator positivo é a valorização dos terrenos do entorno do prédio, dona Sebastiana Fernandes diz que nem foi preciso colocar placa de venda na casa que já apareceu comprador.

A invenção da bajola e o seu sucesso já despertou a preocupação do secretario Edvaldo quanto o registro da marca.  Ele esclarece que a Sedens já esta providenciando o registro da marca Bajola, junto ao INPI – Instituto Nacional de Pesquisa Industrial. “Com o registro a marca bajola poderá ser usada apenas pela Cooperativa de Bajolas de Cruzeiro Sul, assim impedimos que um produto criado e desenvolvimento pela nossa gente possa ser usado por terceiros”, comentou.


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