O ex-prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim (PT), disse que poderá concorrer a uma vaga de deputado federal em 2014. De acordo com ele, as conversas estão bem avançadas no sentido de fortalecer sua pré-candidatura.
Em entrevista A GAZETA, Angelim abordou diversos assuntos, como o voto consciente, financiamento público de campanha, candidaturas ao Senado, a gestão de Marcus Alexandre, entre outros.
Angelim é professor universitário aposentado do Curso de Bacharelado em Economia da Universidade Federal do Acre (Ufac). Foi o 1º prefeito a ter 2 mandatos consecutivos (2004-2012). Durante sua gestão frente à prefeitura de Rio Branco, foi eleito o melhor prefeito em pesquisa divulgada pela Folha de S. Paulo, em 2012. Atualmente, é assessor especial do governo de Tião Viana (PT).
A GAZETA- Para começarmos, Raimundo Angelim será candidato à Câmara Federal em 2014?
Raimundo Angelim – Os amigos têm me procurado. Tenho dialogado sobre o assunto. Há uma possibilidade sim. Estamos conversando com a comunidade, mas, no momento, sou um possível pré-candidato, não há nada definido.
A GAZETA – O senhor defende o voto consciente. O que seria esse voto consciente e o que fazer para alcançá-lo?
Eu sou a favor do voto consciente, ou seja, que o voto seja dado pelas propostas apresentadas. Que seja verificada a biografia desses candidatos. Vender o voto é uma afronta à boa política. O voto consciente é aquele voto dado em cima das propostas.
Os Tribunais Regionais Eleitorais vem divulgando essa questão da conscientização dos eleitores. Eu, particularmente, vou dar palestras, conversar com as pessoas. Com isso, certamente, teremos eleições mais éticas, mais limpas.
A GAZETA – O que acabaria com esse poder econômico nas eleições?
Acredito que a Reforma Política. Mas, me preocupa muito, já que o Congresso não trabalhou essa reforma sobre os financiamentos de campanhas eleitorais. Isso tem afastado muitos candidatos do processo eleitoral, porque as campanhas são caríssimas.
Sou totalmente a favor do financiamento de campanha pública ou, flexibilizando isso, que se estabeleçam doações fixas de pessoas físicas.
A GAZETA – O que se entende por municipalização da gestão, sendo essa outra bandeira de luta sua?
Nesses oito anos como prefeito de Rio Branco, eu também exerci a vice-presidência da Frente Nacional de Prefeitos para Região Norte. Os municípios são a porta de entrada das demandas da população. As pessoas moram no município. Qualquer plano do Governo Federal se materializa a nível municipal.
A Constituição de 1988 estabelece que o Estado Brasileiro seja composto pela União, estados e municípios e que deva haver entre esses federados uma estreita parceria e uma justa repartição entre os entes. Ocorre que, decorrido 25 anos, o que se constata é uma descentralização de programas que eram de responsabilidade da União e dos estados e foram transferidos para os municípios. O pacto federativo existe, mas precisa de uma reforma urgente para que haja uma inversão de valores, ou seja, o município deixe de ser o patinho feio e seja a prioridade absoluta do Governo Federal. Hoje mais de 80% dos municípios brasileiros passam por uma crise muito grande, uma equação quase sem solução. Eles não detêm autonomia financeira, tem baixa arrecadação e um imenso desafio de investimentos nas áreas de Saúde, Educação, produção agrícola e outros setores.
A GAZETA – Isso explicaria o alto índice de inadimplência desses municípios?
Sem dúvida. A cada mês, as demandas aumentam e os recursos diminuem. Cito exemplo de 2013 que temos tido queda substanciais nos repasses dos municípios. Para você ter uma ideia, nos municípios do Acre se não houvesse uma transferência do Governo do Estado, em recursos do ICMS, os municípios teriam dificuldades de pagarem até sua folha de pagamento de funcionários.
A GAZETA – O senhor que defendeu a pouco uma possível pré-candidatura a deputado federal, como o senhor avalia o parlamento brasileiro?
O parlamento é a cara da sociedade brasileira. Gostemos ou não, eles foram eleitos pelo voto do eleitor. Às vezes se criticam determinadas posturas, mas eles [deputados e senadores] refletem aquele segmento que nele votou. Nós temos que trabalhar pra que cada vez mais a política seja baseada em propostas e em um amplo debate de ações que mudem a vida das pessoas, como melhor acesso à Educação, à Saúde, com políticas de estímulo à produção rural. As mudanças se dão através da política.
A GAZETA – Possíveis candidaturas de Aníbal Diniz (PT/AC) e Perpétua Almeida (PCdoB/AC) ao Senado Federal em 2014. Como o Angelim tem avaliado esse momento?
A história que tem respaldado as vitórias da FPA tem sido a unidade. Eu tenho sido um defensor dessa unidade. Que saímos com uma candidatura única. O senador Aníbal está fazendo um extraordinário mandato, merece o nosso apoio. A deputada Perpétua, ao longo da sua vida política, tem feito um trabalho exemplar. Tem todo o direito de levar seu nome para Frente Popular. O que se espera é que a FPA debata exaustivamente isso, e no momento adequado a FPA decidirá se sairemos com duas candidaturas ou uma só ao Senado.
A GAZETA – Um assunto que tem causado polêmica é a possível candidatura de secretários de Estado a cargos do Legislativo, o que o senhor pensa sobre isso?
Isso faz parte do processo democrático. É natural. Acredito que no processo eleitoral cada um vai para a sua trincheira em busca de votos. Não vejo isso como uma polêmica, mas com naturalidade.
A GAZETA – Para finalizarmos, qual a avaliação que ex-prefeito Raimundo Angelim faz das gestões de Marcus Alexandre (PT), na Prefeitura de Rio Branco, e do governador Tião Viana (PT)?
O Marcus Alexandre esta fazendo um trabalho extraordinário. Eu não tinha dúvidas da sua competência. Ele tem surpreendido positivamente. Não só tem mantido tudo aquilo que nós fizemos, como tem feito muito mais. Isso me deixa muito alegre, porque você passa 8 anos da sua vida se dedicando e vem o seu sucessor e consegue manter o mesmo nível e até melhorar, isso é gratificante. Eu sempre dizia às comunidades, eu nunca pedi um presente, mas agora peço a vocês que elejam o Marcus Alexandre. Então, ele foi um presente que o povo de Rio Branco me deu. Ele faz uma política de continuidade das mudanças.
Com relação ao governo, nós temos que avaliar os três governos da Frente Popular. O governador Jorge Viana (PT), hoje senador, organizou o Estado na infraestrutura, melhorou as cidades, valorizou os servidores.
Veio o governo Binho Marques (PT) que priorizou a gestão. Já o governador Tião Viana (PT) deu uma prioridade absoluta no setor produtivo, na geração de riquezas e oportunidade de trabalho. O que faz surgir no Acre uma nova classe média rural. Ele tem levado saneamento básico a todos os municípios por meio do Programa Ruas do Povo, o que reflete na melhoria da Saúde, Educação. O governador Tião Viana acompanha pessoalmente as obras da BR-364. Criou um forte programa de apoio a Economia Solidária, ou seja, ele tem se debruçado em fortalecer a economia do Estado.