Educar é mais do que ensinar a ler e a escrever, é mostrar o caminho do conhecimento. Apostar no talento de jovens alunos tem sido uma das fórmulas encontrada pelos professores a fim de despertar verdadeiros profissionais e artistas. Pensando nisso, a coordenação da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, Leôncio de Carvalho, realizou na tarde de ontem a 1ª Exposição de Ciências, Artes, História e Cultura.
Os corredores se transformaram em vitrines de trabalhos variados. Os estudantes se tornaram vendedores de artes e conhecimento por um dia. Aproximadamente 200 adolescentes se envolveram no projeto, que reuniu o trabalho interdisciplinar construído ao longo do último semestre.
Um dos grupos de maior destaque na exposição foi o responsável pela construção de uma Bobina de Tesla, inventado por Nikola Tesla, em 1890. O material é um transformador ressonante capaz de gerar uma tensão altíssima com grande simplicidade de construção, explica o estudante do 3º ano do ensino médio, Felipe Santos Martins, 16.
“Estávamos estudando eletricidade na aula de Física quando a professora percebeu que nós tínhamos bastante afinidade com a matéria. Ela contatou um colega da Ufac, que já tinha realizado o projeto e nos perguntou se queríamos fazer a bobina. Para construí-la, precisamos arrecadar recursos financeiros. A escola cedeu o espaço e começamos a vender rifas e receber ajuda de alguns professores e do coordenador de ensino. Juntamos um valor em torno de 900 reais. Somos 8 pessoas trabalhando no projeto”, relata.
Em parceria com a escola, a acadêmica do curso de Artes Visuais da FAAO, Elaine Rodrigues, 36, resolveu dividir a sua experiência com os estudantes. Em apenas um dia, ela realizou a oficina de Pintura e Cerâmica. A artista, que já viajou por praticamente toda a América do Sul vendendo quadros em lajota, precisou abraçar o projeto como parte do estágio supervisionado da faculdade.
“Os meninos foram muito dedicados e aprenderam a técnica rapidinho. A exposição está aí, mostrando a pintura dos alunos. E esse trabalho me ajudou em um momento de depressão. Quando comecei a pintar, eu consegui suspender os medicamentos que tomava há 5 anos. Portanto, a atividade pode surgir de forma terapêutica. Acho muito válido o espaço que a equipe da escola dedica a esse tipo de evento”, elogia.
Além da Bobina de Tesla e das pinturas em cerâmica, os alunos da Leôncio de Carvalho também reproduziram quadros conhecidos nacionalmente e contaram, por meio de imagens em tela, a história do Acre.
De acordo com o coordenador de ensino, Anibal Chavez, a escola tem se destacado no cenário da educação acreana com trabalhos inovadores. Desde que a equipe docente passou a apostar mais nisso, os alunos demonstraram motivação para frequentar as aulas. “O projeto da Bobina de Tesla foi convidado a fazer parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Quando as pessoas se aproximavam para conhecer, admiravam-se por se tratar de um material feito por alunos do ensino médio. Eles acreditavam que aquele era um trabalho digno de acadêmicos da Ufac. Enfim, é um orgulho nosso ter alunos tão talentosos”, aponta Anibal. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)