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Padre Mássimo denuncia destruição inconsequente da região amazônica

Preocupada com questões sociais, que sofrem os impasses da modernidade, religiosos, bispos, padres, agentes da pastoral e leigos realizaram no fim do mês passado, o 1º Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal. Temas relacionados ao tráfico de pessoas, trabalho escravo, jovens assassinados, drogas, mobilidade urbana, aumento do número das igrejas evangélicas e das pessoas sem-religião, desmatamento e Reforma Agrária foram discutidos a fim de redigir uma carta conclusiva. O Acre esteve representado no evento pelo bispo Dom Joaquín e pelo padre Mássimo Lombardi.

Ao passo que a igreja católica se prepara para celebrar os 400 anos do início da evangelização na Amazônia, reconhece que alguns problemas não podem ser ignorados. O padre Mássimo faz forte declaração ao apontar o descaso de algumas pessoas com a região. “Recebemos elementos das várias categorias sociais que estão sofrendo alguns impasses de modernidade. Fizemos uma análise e parece mesmo que a Amazônia ainda é considerada uma colônia do Brasil. O pessoal vem, explora e não se preocupa com os prejuízos que deixam. Além disso, há uma urgência da Reforma Agrária”, reclama.

Com a busca exacerbada pelo desenvolvimento, o meio ambiente sofre e padece, sendo assim, uma preocupação eminente dos religiosos que esperam contribuir de alguma forma para minimizar essa situação. “Recebemos ecologistas que levaram para o meio da discussão a questão das hidrelétricas, que representam uma nova invasão do capital, com o objetivo de explorar as riquezas naturais. Sem falar nos prejuízos que causa nas populações indígenas e ribeirinhas”, aponta.

Mássimo revela que o tema da Campanha da Fraternidade 2014 será sobre o tráfico de pessoas. A definição foi efetivada após inúmeros relatos do crime na Amazônia Legal. “Houve depoimentos sobre o trabalho escravo, que ocorre nas empresas da área da mineração e o tráfico de pessoas. Parece que não existe, mas recebemos testemunhos numerosos e percebemos que é uma realidade muito triste. Têm bispos ameaçados de morte, porque denunciaram isso. Eles precisam andar com escolta para manter a vida preservada”, afirma.

Ainda de acordo com o padre, a problemática do consumo de drogas na região, que tem ligação direta com o aumento do assassinato de jovens, é um fator que precisa da atenção das autoridades. “Tivemos o compromisso de um diálogo ecumênico e religioso, porque no lugar de ficar brigando por um versículo bíblico, temos é que nos unir. Os religiosos e também as pessoas que não tem religião precisam se juntar para defender a Amazônia”, convida.

Levando em consideração a carência dos padres, o encontro também discutiu a ideia do Ministério do Pastoreio, para indicar uma pessoa que assuma a responsabilidade de cuidar da igreja, de forma remunerada. “Até agora, o trabalho que os fieis realizam é mais voluntário, nos finais de semana. De segunda a sexta-feira, a igreja fica como? Por isso queremos que a comunidade pense nisso”, questiona.

Papel atual do catolicismo – Na Amazônia, a igreja adotou e incorporou as novas orientações eclesiológicas e pastorais vindas do Concílio Vaticano II, de Medellín e Puebla, Santo Domingo e Aparecida, para evangelizar a partir de uma visão ampla e profunda da realidade amazônica. Esta ação evangelizadora favoreceu o crescimento de uma igreja mais local, ministerial, laical e missionária.

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