O entrevistado de hoje, 9, é o deputado federal Sibá Machado (PT/AC). Ele disputa a Presidência do diretório regional do PT, no Acre, com o slogan: “O partido que transforma”. Sibá tem o apoio do deputado federal Taumaturgo Lima (PT/AC), do deputado estadual Jonas Lima e dos secretários de Estado, Mâncio Lima Cordeiro e Nílson Mourão.
Sibá já presidiu o PT de 2001 a 2007. O parlamentar está no seu 3º ano de mandato de deputado federal e atua principalmente na área de Ciência e Tecnologia, sendo o relator da matéria na Câmara Federal. Ele também foi senador da República, na vaga deixada por Marina Silva, quando assumiu o Ministério do Meio Ambiente.
A GAZETA: Quais os objetivos que o senhor pretende alcançar ao assumir a presidência do PT, no Acre?
Sibá Machado: Primeiro, precisamos regimentar de volta todos os militantes e todos aqueles que estão desmotivados com a atual gestão do partido. Esse é o principal motivo da minha candidatura.
Outro ponto nosso é poder refazer a direção partidária que tem um presidencialismo exacerbado que todos os membros da executiva, com exceção do presidente, têm outras funções, são secretários de governo, ou seja, tem outras atribuições. O tempo dedicado à ação partidária é muito limitado, isso faz com que o presidente fique sozinho deliberando sobre tudo e os fóruns de discussão ficam diminuídos. Nós vamos fazer uma direção colegiada.
O terceiro é arregimentar os ex-prefeitos e ex-parlamentares para fazer política, ou seja, para cuidar do palanque da reeleição da presidenta Dilma no Estado. A reeleição do Tião Viana vai depender de como é que fica a FPA. Temos muitos partidos dentro da FPA, mas são os menores e temos que tomar cuidado para não sair mais nenhum. Temos que ter um entendimento harmonioso o com o PCdoB. O palanque do Tião Viana começa com essa arregimentação de forças dentro da FPA.
A GAZETA: Na atualidade, o PT tem se distanciado dos movimentos sociais?
S.M.: O PT se distanciou dos movimentos sociais. Os movimentos rurais no Acre sempre foram a cara do PT e o partido perdeu um pouco dessa característica, tanto é que a Fetac esta sendo dirigida por outras forças políticas. O PT perdeu espaço no mundo agrário.
A questão das ONGs, que no passado elas tinham um trabalho preponderante na discussão e elaboração e tudo mais, e agora estão relegados ao esquecimento brutal.
Temos a parte dos chamados intelectuais. Há muito tempo o PT não tem relação nenhuma com esse setor. E o que mais me chama a atenção é que as políticas sociais do Governo Federal, Lula, Dilma, são fortíssimas na vida desses jovens, mas não há uma política de reconhecimento para que esses jovens vejam as mudanças que os nossos governos proporcionaram. Então, eu quero filiar 1000 jovens em 2014 e filiar um conjunto de mulheres. Até 2016, a meta é termos 16 mil filiados em 2016.
A GAZETA: Há conversas nos bastidores que a eleição para o PED teria acentuado uma ruptura dentro do PT. Isso de fato existe?
S.M.: Quem usa esse termo está mal-intencionado. O Partido dos Trabalhadores nasceu de grupos distintos. Tínhamos a Igreja Católica, o movimento sindical rural, os militantes que combateram a ditadura militar. Nesse sentido, o PT decidiu em seu estatuto que teríamos tendências. O PT é feito de partes, com ideias diferentes. Não concordo que daqui pra frente seja a paz do cemitério. Alguém dar um recado e está resolvido? Não, de jeito nenhum. O PT tem todo direito para ter várias chapas. Eu me lembro de que quando nós fizemos a chapa única, os militantes não vieram votar. O PT é feito de debate. O que temos é uma posição de que o modus operandi posto se esgotou e precisa ser renovado.
A GAZETA: O PT é um partido de lutas. Mas, na sua avaliação o que o partido ainda não alcançou durante esses 33 anos de fundação?
S.M.: Houve uma troca, perdemos com os movimentos sociais e se especializamos em termos bons governos. Os movimentos sociais nos dizem: não é só governo. Temos que formar líderes em todos os lugares. Fico feliz quando vejo grandes líderes como o Minoru, na Ufac e o Breno, no Ifac, são petistas que estão em lugares importantes na sociedade.
Precisamos construir lideres. O PT não pode ficar 100% olhando para o governo. Ele tem que ser uma escola. O PT ganhou muito, mas também houve perdas.
A GAZETA: Senado Federal em 2014: Perpétua e Aníbal. Qual sua avaliação desse momento para Frente Popular do Acre?
S.M.: O que esta acontecendo neste momento é que o companheiro Aníbal não foi posto a público durante a sua história dentro do PT, ele sempre foi um companheiro de bastidores. Nunca a sociedade o viu em operação e olha e diz: mas o Aníbal a gente não conhecia direito. Não estamos falando de tratar de conhecer ou deixar de conhecer, estamos falando de uma pessoa preparada para assumir as atribuições do cargo. Com relação à Perpétua eu digo o mesmo, ela está posta desde a época que era sindicalista. Ela é uma pessoa de massa.
Neste momento, tem uma posição do partido e eu vou seguir essa posição, que é de apoiar o nome do senador Aníbal. Eu sendo eleito ou não, eu vou seguir a decisão partidária. Submeto-me a ela. É uma cadeira trabalhada pelo PT há muitos anos. O PT nacional olha pra nós dizendo: cuidado com isso. E ele vai requerer a cadeira de senador.
Acredito que o assunto vai ser formalizado em março. E aí de fato a panela vai ferver e teremos um bom almoço.
A GAZETA: Defende-se muito que a presidência do PT seja de dedicação exclusiva, qual seu posicionamento sobre o assunto?
S.M.: Isso é matéria de campanha. Eles usam esse discurso porque não tem outra coisa pra dizer de mim, que não tenho tempo. Eu gosto é de trabalho. O que tem que esperar de mim, é trabalho e resultados positivos. Vou trabalhar dobrado. É uma questão de organização de vida. Não importa aonde o Sibá vai estar, o que importa é que o PT vai ser administrado. Eu fui presidente do partido e senador da República. Me recordo que, em 2010, o Léo, atual presidente do PT, foi candidato a federal e ninguém cobrou isso dele e porque que vão cobrar de mim?
O Rui Falcão é deputado estadual de São Paulo e a sede do PT é Brasília. Ele disputa a reeleição para presidente do partido e pretende se candidatar em 2014. Então esse negócio, não existe. Isso é matéria de campanha, quem diz isso não deve estar falando sério.
A GAZETA: O que o senhor discordaria da candidatura do professor Ermício Sena?
S.M.: Não digo a pessoa, porque se eu personalizar eu estou sendo injusto. Primeiro, porque eu conheço, respeito e gosto do Ermício. O que nós estamos discutindo é a forma que está sendo conduzida a atual direção, do presidente Léo, que chamou todos os filiados, os mais antigos principalmente, a dizer que eles não têm mais participação, que eles [a direção] não têm interesse de envolvê-los [a velha guarda petista].
Hoje o filiado olha para o PT com vontade de sair. Há um desânimo! Então, eu não estou querendo mostrar milagre, mas eu quero trazer o ânimo para o partido, e animado eu estou.
A GAZETA: Suas considerações finais…
S.M.: Todos já conhecem a minha história. O PT está precisando de uma pessoa do meu perfil. Mas acredito que mesmo não sendo eleito, só em chegar até aqui, já mexeu com o PT. Todo mundo já se manifestou. Se não conseguir quero me colocar a inteira disposição do novo presidente. Mas se formos vitoriosos, quero convidar ele [Ermício Sena] para fazer parte da nossa direção. Não tem vencedor e nem derrotado no dia 11. Não nasci grudado numa cadeira de deputado federal, mas quero honrar o nome do Acre enquanto eu estiver lá.