Ao falarem sobre o recente encontro com o Papa Francisco, no Vaticano, o senador Jorge Viana e o arcebispo Dom Moacyr são unânimes em eleger a característica mais marcante do novo líder da Igreja Católica: a simplicidade. “Eu não fui de batina e ele nem reclamou. Antigamente nem deixavam entrar”, contou Dom Moacyr.
Nessa entrevista, eles falam sobre o sentimento de emoção e gratidão que tomou conta da conversa realizada em uma das salas da Casa Santa Marta, residência oficial do pontífice no Vaticano.
O Papa Francisco tem se destacado no cenário mundial como um líder religioso de grande humildade e simplicidade. Como foi encontrá-lo e conhecê-lo de perto?
Dom Moacyr – Foi emocionante. Primeiro foi a surpresa que tive no começo do nosso encontro, porque a gente estava numa sala e levei um susto quando, de repente, ele abre a porta e entra, sem assessor, ao lado do Jorge. O Papa sentou em cadeiras comuns, como nós, conversou e ouviu muito. O que impressionou foi mesmo a sua simplicidade. Por pelo menos três vezes o Papa pediu para que eu rezasse por ele. Para quem conheceu os outros papas e o modo de ser recebido, é de se ficar surpreso. Eu não fui de batina e ele nem reclamou. Antigamente nem deixavam entrar. Ele é um homem do evangelho, do pobre, da alegria, da confiança.
Jorge Viana – O papa Francisco tem muitos admiradores até fora da Igreja Católica pelas atitudes que ele toma e não somente pelas palavras que ele profere. Primeiro que ele não mora no lugar onde tradicionalmente os papas moram. Ele vive na Casa Santa Marta, no Vaticano, onde o próprio Dom Moacyr já ficou. O Papa Francisco nos recebeu na casa dele, numa simplicidade que até nos choca, ao mesmo tempo em que ensina. Eu esbarrei com ele no corredor sozinho e voltei pra sala onde seria o nosso encontro ao seu lado. Quando entramos, ele puxa uma cadeira e senta. Foi um acolhimento absolutamente diferente da pompa, totalmente informal e fora de qualquer padrão, como o próprio Dom Moacyr fala. Antes, para falar com outros papas era preciso passar por quatro, cinco assessores, recebíamos recomendações. Mas o Papa Francisco veio ao nosso encontro.
Sobre o que vocês falaram nesse encontro?
Dom Moacyr – O papa deu muito valor ao documento que o Jorge o entregou. Sobre a Amazônia, ele disse que devemos ter coragem para escolher padres que possam cuidar das comunidades mais de perto. Ele até usou uma palavra em espanhol para falar disso: valentia! Ele nos incentivou a procurar caminhos novos.
Jorge Viana – O Papa ouviu muito, falou, opinou, pediu segredo para sobre algumas coisas que nos contou e nos deixou absolutamente à vontade. E falamos sobre a Amazônia. Como Dom Moacyr disse, o Papa reforçou a necessidade de termos padres com coragem para estar perto dos povos da floresta. Eu falei para ele que o jovem de hoje tem mostrado grande interesse sobre a questão do meio ambiente. E no documento que entreguei a ele, pedi licença e sugeri a criação da Pastoral o Meio Ambiente. Essa pode ser uma forma de estimular que as pessoas no mundo ajudem a encontrar um novo modelo de produção e consumo que seja sustentável. Falamos sobre mudanças climáticas e o futuro do planeta. Conversei com ele sobre esses temas e lhe entreguei, como símbolo dos povos da floresta, uma réplica de uma casa de seringueiro, feita com madeira e látex. Ele se mostrou curioso sobre como funcionava por dentro, e disse que gostou da lembrança.
O mais chamou a atenção durante o encontro?
Jorge Viana – Foi mesmo sua simplicidade. Nesse sábado de manhã eu fui com o Padre Luiz Ceppi fazer uma visita guiada no local aonde foi feita a escavação e encontraram os restos mortais de São Pedro, que está embaixo do altar da Santa Sé. São mais de 20 metros de profundidade. Quando estávamos lá, vi passar o Papa Francisco, sem escolta policial, dentro de um carro simples e sem pompa nenhuma. Ele pegou, saiu do carro e seguiu. É inacreditável.
Dom Moacyr – Na hora de eu sair, o Papa pegou na minha mão para eu benzer. Ele, com toda simplicidade pegou meu sobretudo e me ofereceu para vestir, como a gente faz com uma pessoa que conhece. Ele é um homem do evangelho, do pobre, da alegria, da confiança.
Que lição dá para trazer desse encontro?
Jorge Viana – A visita para mim foi um presente de Deus. Foi um dos encontros mais importantes da minha vida. Primeiro por estar ao lado do Dom Moacyr, que tem toda uma simbologia espiritual para nós. Ele esteve no Acre por 27 anos como arcebispo e agora é arcebispo emérito. Eu o tenho como guia espiritual, e participar de um diálogo dele com o Papa Francisco foi marcante.Dessas lembranças para se levar para sempre! A gente saiu de lá com o padre Ceppi e o Moretti, eu e o Dom Moacyr, e fomos rezar. Dom Moacyr rezou uma missa numa capela dentro do Vaticano. Foi um momento especial. A gente rezou pelos enfermos, pedi pelo amigo Leão e todos nós nos lembramos de pessoas que estão sofrendo e que precisam das nossas orações. Vou voltar com minha espiritualidade renovada e minha fé aumentada. (Assessoria Parlamentar)