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Força do símbolo ‘Chico Mendes’ não repercute no principal produto extrativista, a borracha

A extração do látex é a atividade econômica do Norte do Brasil que mudou a política em vários sentidos. No Acre, de maneira muito especial. No entanto, o produto extrativista que mobilizou milhares de trabalhadores na região, atual-mente, tem comercialização praticamente residual.

Dois anos após a morte de Chico Mendes, a extração já era baixa, comparada aos dois ciclos de produção em grande escala. Mas, é a referência mais remota registrada pelo relatório Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Em 1990, o Acre extraiu 11,84 mil toneladas de látex coagulado. A partir daí, o IBGE registra um cenário de queda regular e sistemática, com destaque para três momentos específicos: em 1994, que teve redução de extração para 8.490 toneladas (o ano anterior tinha sido de 10.082); em 2008, quando foram registradas 845 toneladas; e ano passado, quando se chegou a apenas 327 toneladas de látex.

No Brasil, o látex só encontra viabilidade econômica nos estados de São Paulo e Bahia, onde os seringais de cultivo garantem o abastecimento das indústrias automobilísticas das regiões Sul e Sudeste.

O Governo do Acre mostra a força da economia florestal por meio da indústria vinculada aos produtos extrativistas. A fábrica de preservativos Natex, recém premia-da pela Finep por inovação, é o exemplo mais concreto.

Mas, os números do IBGE mostram que há 23 anos a redução na produção de látex é drástica e coloca em xeque os investimentos feitos no setor. O esforço do Governo, portanto, não tem encontrado ressonância entre os extrativistas. O subsídio do Governo do Acre não conseguiu conter a queda. As concessões para empreendimentos associados à economia florestal também não contiveram a queda.

É preciso ponderar, no entanto, que o volume de produção não responde pela distribuição de renda vinculada à extração. Mas, o fato é que os números mostram que o símbolo “Chico Mendes” não tem repercutido na produção de látex coagulado. É uma questão mercadológica. A concepção é mercadológica. O IBGE não registra os aspectos “culturais”.

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