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Virada histórica: Acre deverá beneficiar castanha do Pará em 2014

A Cooperacre, maior cooperativa de produtos extrativistas do Estado, já tem condições de beneficiar toda produção local e absorver parte da extração de Rondônia e da vizinha Bolívia. Os executivos da cooperativa iniciam comercialização do beneficiamento da castanha paraense a partir de 2014. A estimativa é que a cooperativa feche esse ano com R$ 18 milhões só em compra de castanha.

A informação foi confirmada ontem durante ato que formalizou cessão, por parte do Governo do Estado, de R$ 25 milhões em equipamentos para a Cooperacre. “Nós estávamos processando em torno de um milhão e duzentos mil quilos por ano [de castanha]”, contabiliza o superintendente da cooperativa, Manuel Monteiro de Oliveira. “Nós vamos dobrar a produção”.

A afirmação otimista do superintendente se fundamenta no fato de que a cessão dos equipamentos feita pelo Governo do Estado reforça o capital instalado da cooperativa. Além da indústria de Rio Branco, passam a integrar a Cooperacre outras duas unidades: uma localizada em Brasiléia (castanha) e outra de produção de GEB (borracha), em Sena Madureira. As estruturas dessas três unidades somam R$ 25 milhões.

Esse conjunto de indústrias vinculadas a produtos florestais envolve diretamente cerca de 6 mil famílias de extrativistas. Monteiro adianta que, em 2014, em função da Copa do Mundo de Futebol, o Governo Federal “vai valorizar ainda mais nossa castanha por causa das questões de sustentabilidade socioambiental”.

O superintendente avalia que o evento esportivo se tornará vitrine para mostrar ao mundo como o governo brasileiro “apoia e valoriza os produtos florestais”. Monteiro só não soube definir exatamente de que forma essa “valorização” seria executada durante a Copa.

Mutran
A Cooperacre já recebe castanha de Rondônia e do Sul do Amazonas. “A Cooperacre está botando comprador no Pará para fazer o caminho inverso”, comemora o secretário de Estado de Desenvolvimento, Edvaldo Magalhães, lembrando o antigo monopólio da Mutran, quebrado ainda na gestão do ex-governador Jorge Viana.

“O que acontece hoje aqui remonta a uma postura corajosa do ex-governador Jorge Viana”, reconheceu Magalhães. “No início dos anos 2000, o Pará conheceu a força da extração do Acre quando foi quebrado o monopólio da Mutran”.

E o governador do Estado, Tião Viana, já se apressou em detalhar o cenário de mudança na comercialização de castanha. “O Pará vai mandar balsas de castanhas para beneficiar no Acre”, assegurou Tião, sem adiantar quando isso efetivamente seria realizado.

De fato, a Cooperacre iniciou as primeiras negociações com executivos de cooperativas paraenses. Caso isso ocorra realmente, marca uma nova cena econômica na comercialização da castanha entre Acre e Pará.

Governo do Acre quer colocar a castanha do Brasil também na merenda escolar do Sudeste
O governador Tião Viana confirmou a intenção de abastecer as escolas da rede pública do Sudeste com castanha do Brasil. “Ao menos um dia por mês já teria bom impacto para nós aqui”, adiantou, durante o ato que marcou a cessão de R$ 25 milhões em equipamentos para a Cooperacre. “O mercado de São Paulo já está absorvendo tudo o que o Acre produz. Está pagando melhor que o mercado europeu”.

Durante a semana, parlamentares de oposição ao Governo do Acre fizeram críticas ao fato de que a cessão dos recursos seria imoral, uma vez que os R$ 25 milhões são públicos e a Cooperacre é uma instituição privada. “Afirmar isso é desconhecer o Acre e a nossa economia”, argumentou o secretário de Desenvolvimento, Edvaldo Magalhães. “A decisão de doar para a Cooperacre se fundamentou porque a cooperativa demonstrou, ao longo dos anos, uma grande capacidade gerencial”.

O impacto do beneficiamento de castanha para quase 6 mil famílias de extrativistas foi outro argumento usado por Magalhães para defender a cessão dos recursos. “Nós estamos democratizando o patrimônio público e não concentrando”, avaliou o secretário.

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