O motociclista Alexandre Pinheiro da Silva, 21 anos, trafegava no sentido Centro/bairro e teria reduzido a velocidade, sinalizado que entraria para a quadra de grama sintética do governo, na Rua Isaura Parente. Foi a última manobra que fez na vida.
Quando a moto reduziu, o motorista de uma caminhonete, identificado depois como sendo o sargento da Polícia Militar, Mesaque Souza de Castro, 37 anos, que vinha logo atrás, bateu na traseira dela, lançando o piloto para baixo de outro veículo. O acidente brutal aconteceu na noite de terça-feira (10).
Mesmo sabendo que havia atropelado uma pessoa, o sargento da PM não parou. Ele seguiu viagem, arrastando a moto da vítima embaixo da caminhonete.
A Polícia Militar foi informada sobre o grave acidente e uma guarnição saiu em perseguição ao acusado, sem saber que se tratava de um membro da corporação. Mesmo sendo perseguido por uma viatura policial, e com sirene ligada, o sargento não diminuiu a velocidade, deixando para trás um rastro de destruição.
Após cruzar parte da cidade e entrar na BR-364, no trecho da Estrada do Aeroporto, próximo à Vila Custódio Freire, os militares que participavam da perseguição decidiram atirar nos pneus da caminhonete para fazer o motorista parar.
Tiro no pneu coloca fim à perseguição
Após atirar no pneu dianteiro, que ficou completamente destruído, a guarnição conseguiu parar a caminhonete. E, para a surpresa de todos, quem estava ao volante era um sargento da Polícia Militar. Ele estaria visivelmente embriagado e teria resistido à voz de prisão.
De acordo com informações, durante o trajeto, o militar passou por cima de canteiros e quebra-molas, na tentativa de se livrar da moto presa à caminhonete. No percurso, o veículo deixou várias marcas no asfalto.
Por possuir patente superior aos militares que estavam o prendendo, o sargento inicialmente foi levado à Delegacia de Flagrantes da 1ª Regional, para a confecção de boletim de ocorrência. Em seguida, ele seria liberado.
Mas, ao chegar à delegacia, o militar estava completamente descontrolado e teria passado a xingar os colegas de farda e também os policiais civis, com palavras de baixo calão.
O delegado plantonista, ao ficar sabendo que a vítima teria morrido, deu voz de prisão contra o sargento e o indiciou por crimes de desacato à autoridade e homicídio doloso qualificado.
Após o flagrante na delegacia, Mesaque foi entregue aos seus superiores, que o transferiram para o Quartel do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM.
Família da vítima teme que o sargento não pague pelo crime cometido
Os familiares do motociclista vítima ficaram revoltados com a atitude dos militares após identificar o autor do crime. Também se revoltaram pelo fato de o sargento acusado ser casado com uma oficial-coronel da Polícia Militar e supostamente ter recebido atendimento diferenciado pelos companheiros de farda.
Segundo um dos familiares da vítima, o que mais impressiona é que os primeiros militares teriam agido em conformidade com a Lei. Mas, quando descobriram a patente do acusado, chegaram os oficiais e teriam tentado evitar a prisão do sargento, que, em vários momentos, teria confrontado o delegado plantonista e policiais militares.