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Pai de jovem morto por sargento da PM diz que está sofrendo ameaças de morte

O mestre de edificações e terraplanagem, Cleudes Pereira, 42 anos, pai do motociclista Alexandre Pinheiro, 21, morto pelo sargento da Polícia Militar, Mezaque Souza de Castro, declarou, em entrevista exclusiva à equipe de A GAZETA, que está recebendo ameaças de morte para não se pronunciar mais sobre o caso.

O filho de Cleudes foi vítima de um acidente brutal, no dia 11 de dezembro do ano passado, em que o sargento acusado, supostamente embriagado, teria batido na traseira da moto, na Rua Isaura Parente, arremessando Alexandre a uma grande distância, fator que provocou a morte do rapaz. Após isso, o motorista da caminhonete continuou arrastando a moto por 9 km, na tentativa de fugir do local.

Durante a repercussão do caso, Cleudes concedeu entrevista a um site local, em que fez declarações sobre a coronel Margarete Oliveira. Na época, ele denunciou a tentativa da oficial em tirar o sargento da delegacia antes que a Polícia Civil concluísse as investigações. Ele teria afirmado que a coronel queria resgatar o homem acusado de assassinar o filho caçula.

Com a publicação da matéria, ele revela que recebeu a ‘visita’ de um oficial que ordenou que ele se retratasse. “Querem que eu diga que ela não fez aquilo, que agi no calor da emoção. Se eu fizer isso estarei mentindo e não vou me sujeitar a tal coisa”.

Cleudes sofreu a última ameaça de morte na terça-feira, 14 de janeiro. “A pessoa não identificada pede para que eu me retrate. Caso contrário, o meu destino será o mesmo do meu filho. Então eu respondo que já estou morto. O máximo que ele fará é me tirar a vida”.

Até o momento, Cleudes não estava levando muito a sério as ligações anônimas. No entanto, agora já confessa sentir medo. Ele conta que não dorme mais em casa. “Estou decidido a levar esse caso à delegacia”, promete.

Visivelmente abatido, Cleudes apresenta sinais de depressão. Ele afirma que não tem mais vontade de viver. “Perdi a minha esposa há dois anos. Ainda nem tinha me recuperado do luto e então perco o meu filho, que era a minha companhia em casa, porque o mais velho já está casado. Só tenho eles dois. Agora estou sozinho. Não tenho mais prazer em viver, apenas sobrevivo. Hoje posso dizer com toda a certeza que não há nada pior, mais triste e angustiante do que perder um filho”.

Cleudes está recebendo atendimento psicológico da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), mas declara que o tratamento não está ajudando muito.

Nos últimos 4 meses de vida, Alexandre Pinheiro estava trabalhando na construção civil, junto ao pai. Com o ensino médio completo, seu grande sonho era ser arquiteto, pois nutria um gosto desde pequeno por desenhos. O rapaz era fã do futebol e adorava passar as horas vagas no computador. “Meus filhos foram bem criados. O Alexandre não era delinquente, mas sim um bom jovem. Quero justiça, apenas”.

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