(Foto: Sergio Vale)
Quem entrava no terreno da Cidade do Povo há 1 ano não se deparava com nada além de um imenso vão aberto de 700 hectares a se perder de vista. Uma área com muito barro e rodeada por uma mata bem fechada. Era difícil imaginar uma cidade ali. Mas 1 ano é tempo suficiente para quem tem capacidade e, principalmente, a vontade de mudar as coisas. Quem quer, constrói até uma ‘cidade’. Hoje, basta olhar as casas em construção para perceber que aquilo que outrora era um projeto, um ideal, já saiu há muito tempo do papel e começou a ‘se desenhar’ como o maior programa habitacional que o Acre já viu. Um sonho de prosperidade para o Estado.
A Cidade do Povo é uma iniciativa ousada, adaptada e melhorada de projetos construídos em grandes metrópoles brasileiras, que tiveram seu conceito de urbanismo total ou parcialmente muito bem planejado. Exemplos são as cidades de Goiânia, Palmas e até Brasília. O Governo do Acre dividiu as obras das casas em 3 etapas. A primeira com cerca de 3.340 moradias, a segunda com 3.900 e a terceira com o restante das moradias. A meta inicial era entregar a primeira remessa de habitações já no final do ano passado. Entretanto, o governador Tião Viana, grande entusiasta do programa, lamenta os dias atrasados por causa da Operação G-7, da Polícia Federal.
“A operação nos deixou parados, mesmo sem provas de nada. Ficamos atrasados em 45 preciosos dias. Mas as empresas continuaram trabalhando de cabeça erguida e, em 10 meses de execução, conseguimos avançar as obras”, declarou Tião. E os avanços são notórios. De acordo com o governador, as primeiras casas do programa devem ser entregues no final de fevereiro, nos dias 27 ou 28, provavelmente. “No mais tardar das previsões, vamos entregá-las no começo de março”.
Já para a 2ª fase do programa, a previsão é de que as demais casas sejam concluídas em setembro.
Mais números
Seguir falando nos números do Cidade do Povo é até covardia. Primeiro, porque nunca na história acreana houve um programa habitacional de tamanha magnitude. E, em 2º lugar, porque são só números. Não conseguem expressar a dimensão da cidade. Ainda assim, ao todo, serão mais de 10.518 habitações distribuídas em vários blocos. O suficiente para abrigar com comodidade mais de 55 mil pessoas.
Só que tantas casas não poderiam ter um modelo uniforme. Imagine a loucura que seria morar num lugar com todas as 10 mil residências iguais! Elas possuem padrões arquitetônicos diversificados, destinados a várias camadas sociais, desde as mais baixas até as classes médias e pessoas que vão adquirir as casas através da compra ou financiamentos particulares. Também são construídas por empresas diferentes com materiais variados (telhas, madeiras, ferros algumas são pré-moldadas, etc). Mas uma coisa muitas delas terão em comum: os aquecedores solares ligadas com os chuveiros. Um equipamento simples, mas que pode gerar uma economia de 37% na conta de luz.
Cada habitação possui, ainda, um terreno de até 250 m², sendo em torno de 63m² de área construída (mais do que muitas casas em residenciais particulares oferecem) e os 190m² restantes servirão para fazerem jardins, cercados e quintais. As janelas também foram feitas com vidro blindex e de forma ampla, para valorizar a luz do dia. As casas foram feitas com 2 quartos, banheiro, uma sala ampla e espaço para a cozinha, além de um espaço para tanque colados na parede delas, já na parte externa dos terrenos.
Na vizinhança, o governo também garantirá o plantio de várias espécies de árvores, desde as mais frutíferas (exemplo: açaí) até as que compõem mais o cenário urbano de arborização. As ruas internas do local também estão sendo pavimentadas com asfalto de qualidade. A Cidade do Povo, localizada no km 5 da BR-364, terá uma saída principal e outras 2 adjacentes.
Porém, uma grande comunidade não se faz só com os lares individuais das famílias. O local também terá: 23 escolas; 36 unidades esportivas; 1 UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do tipo 2, com atendimento 24 horas, entre outras unidades de saúde de menor porte; 2 Estações de Tratamento de Esgoto (as ETEs, que vão garantir que a rede de esgotamento de toda a cidade seja tratada e que não se acumule nenhum tipo de esgoto a céu aberto); creches e microterminais para a organização do transporte coletivo para o local. Isso sem contar com os empreendimentos que devem ser instalados por lá, tais como mercearias, panificadoras, mercados, drogarias, instituições de ensino profissionalizantes, a faculdade de meio ambiente, e muito mais.
Agora, na entrega das primeiras habitações do programa, parte deste conjunto de coisas que a Cidade do Povo terá será finalizada junto com as primeiras famílias que se instalarem lá. A UPA, que custou R$ 3,6 milhões, está quase entrando na sua fase de acabamento. A estação de esgoto, que possui mais de 6 metros de concreto abaixo da sua estrutura, deverá ficar pronta em 25 dias.
Orçamento bilionário e a geração de emprego
(Foto: Sergio Vale)
Quando o assunto são custos, a Cidade do Povo não poupou despesas para dar uma qualidade de vida padrão aos seus moradores. Afinal de contas, para ter um modelo de infraestrutura capaz de causar inveja até a residenciais e outros empreendimentos privados planejados, não é barato. O complexo está orçado em R$ 1 bilhão e 166 mil, captados junto ao Ministério das Cidades e em financiamentos com a Caixa Econômica Federal. Além disso, em parceria com o governo, a Eletrobras/AC conseguiu uma linha de crédito com o BNDES de R$ 30 milhões para investir nas linhas elétricas e oferecer um serviço de distribuição de energia de qualidade ao local.
Até o momento, Tião Viana conta que já foram investidos mais de R$ 88 milhões. E todos os recursos que serão usados para fazer a 2ª etapa das casas já estão assegurados e devem chegar em breve para serem executados nas obras. Só no Ministério das Cidades mais R$ 38 milhões estão garantidos. Dinheiro que se transformará no lar de milhares de acreanos.
E um dos usos destas verbas está na mão de obra. Só de geração de emprego, a Cidade do Povo terá mais de 20 mil postos de trabalho criados. Atualmente, mais de 2.500 operários trabalham intensamente para erguer as casas e outras construções. Quando o chamado ‘inverno amazônico’ passar, mais 6 mil homens se juntarão à equipe, somando mais de 8 mil trabalhadores. O mais interessante é que muitos deles são beneficiários do programa. Em outras palavras, eles estão construindo as casas onde eles mesmos e os seus vizinhos vão morar no futuro.
Programa mudará as periferias da Capital
(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
O que adianta erguer uma cidade com o ordenamento urbano bem definido se o projeto não mudar a realidade de Rio Branco e, especialmente, de quem mais precisa: a população. Por isso, o governador Tião Viana contou que o plano é de tirar as famílias das áreas de maior risco da cidade e levá-las até as casas do Cidade do Povo. Neste sentido, ele informou que 84 casas da Baixada da Habitasa já foram demolidas (de um total de 350 que serão contempladas no programa) e mais casas estão sendo retiradas de outros bairros (Preventório e vizinhos da Estrada da Invernada).
“Queremos mudar esta realidade da cidade quando ocorre alagações, que são casas debaixo d’água e outras ameaçando desmoronar. O que vamos fazer agora? Vamos tirar estas pessoas das áreas de risco, negociar com elas um local provisório para ficarem e depois levá-las para ter uma moradia definitiva e bem mais digna na Cidade do Povo”, declarou o governador.
Tião Viana também acredita que retirá-las de um lugar inadequado não é suficiente, porque lá mais famílias de baixa renda podem voltar a tentar morar. Desta forma, ele conta que o governo está tirando as famílias e fechando os locais, transformando-as em parques e áreas restritas.
O pontapé inicial para as obras da ‘Praça da Juventude 2’
(Foto: Sergio Vale)
Na manhã de ontem, por volta das 9h40, o governador Tião Viana assinou a ordem de serviço para mais uma obra na Cidade do Povo, a chamada ‘Praça da Juventude 2’. Será mais uma bela obra para compor o complexo habitacional, a mais nova ‘cidade acreana’ (e que já surge como a 2ª maior delas). Com recursos na ordem de R$ 2 milhões e 313 mil (obtidos pelo governo local em contrapartida com o PAC, do Governo Federal), a praça terá tudo que um espaço público precisa para a prática esportiva, para a recreação, lazer e para o incentivo à cultura.
O espaço total da praça será de cerca de 2 hectares. Para preencher tanto espaço, a praça terá: uma quadra poliesportiva ampla, medindo 15 x 28m (mais de 400m²); um campinho soçaite; um box do Cras (Centro de Referência de Assistência Social); um teatro de arena com palco elevatório e uma concha acústica (parecidos com os que tem no Parque da Maternidade); playground para a a garotada; depósito para materiais esportivos; vestiários masculinos e femininos; e pistas para caminhada e bicicletas. E tudo ficará pronto em um prazo de execução de 8 meses, ou antes.
Grande entusiasta do Cidade do Povo, o secretário estadual de Obras, Leonardo Neder, destacou a importância das praças e espaços públicos para as comunidades e lembrou de quando a população passou a valorizá-las mais. Leonardo Neder comentou que esta obra e todas as demais do programa são feitas para beneficiar Rio Branco, em especial, e que ela reúne tudo de melhor que as praças da Capital têm em beneficio da qualidade de vida dos seus habitantes.
“Quando se fala em áreas de lazer, o Parque da Maternidade foi um grande marco. A partir das praças no parque a população acordou para os benefícios destes espaços públicos. Daí em diante, a gestão do prefeito Raimundo Angelim revitalizou mais de 50 praças. E foi com este conceito de melhorias que estamos construindo as praças na Cidade do Povo”, afirmou Neder.
Convidada para a cerimônia de assinatura da ordem de serviço da Praça da Juventude 2, a vereadora Rose Costa disse que se sente orgulhosa em participar das inaugurações dos serviços da Cidade do Povo, pois ela enxerga no empreendimento inúmeras oportunidades de a juventude de Rio Branco melhorar de vida e desviar do caminho das drogas, através do esporte. Seguindo esta mesma linha de raciocínio, o deputado Astério Moreira se perguntou o que está acontecendo com a juventude da cidade, frisando que há nela um grande vazio, muitas vezes mal preenchido pelo vício das drogas. “Temos de mudar isso e preencher esta lacuna social com o esporte”.
Os deputados Jamyl Asfury e Élson Santiago, por sua vez, destacaram a valorização que as obras do Cidade do Povo terão para a população da cidade e para o futuro do Acre, ressaltando o esforço não comedido do Governo do Estado em tornar esta projeto em realidade.
Por fim, o governador Tião Viana encerrou os discursos da ordem de serviços para a Praça da Juventude 2 enaltecendo a aposta que o governo fez no esporte e nas áreas públicas de lazer para, no futuro, reunir a comunidade e mantê-la sempre unida dentro do projeto habitacional.
“Este é um momento de vitória. Esta praça terá mais de 2 hectares dedicados à prática esportiva e será uma das 36 unidades de esporte que teremos ao longo de toda a Cidade do Povo. E ela representará não só uma melhora na qualidade de vida da nossa população, mas também será a prevalência do esporte como forma de prevenção à criminalidade e da pacificação. Este aqui será um lugar onde as pessoas poderão se encontrar para interagir, ter qualidade vida, saúde e viverem momentos de lazer e alegria”, concluiu o governador Tião Viana.