A grande imprensa repercute ruidosamente declaração da presidenta Dilma chamando a oposição de “pessimista”. Foi em evento pelos 34 anos de fundação do PT, em São Paulo. “Esses pessimistas agora aproveitam alguns desequilíbrios da conjuntura internacional, muito difícil para todos os países, para dizer que o fim do mundo chegou”, mandou a presidente.
Imediatamente surgem os falsos cavalheiros da própria oposição reclamando que isso não é linguagem presidencial, apelam ao decoro e não resistem mais uma nota de pessimismo rebatendo que o governo precisa reconhecer a crise.
Mas Dilma tem razão, porque a oposição tenta vender dificuldades globais como uma crise genuinamente brasileira. Sim, tem problemas na economia enfrenta, mas – senão mal intencionado – só pode ser pessimista quem esconde que as causas das nossas dificuldades atuais vem do mercado global abalado pelo jogo bruto da política de recuperação econômica dos Estados Unidos, que seduz o capital em fuga dos países emergentes, inclusive da poderosa China. Tucanos e outros bicos também não dizem que o Brasil nunca resistiu tão firmemente a esse tipo de pressão, mantendo reservas de 375 bilhões de dólares.
A oposição adora repetir que a União e os estados gastam muito, fazendo com que a diferença negativa da arrecadação de impostos menos os gastos e os juros da dívida pública – o chamado déficit nominal, alcance 3,1% do PIB. Mas a oposição não diz que o déficit nominal dos Estados Unidos é de 4,1. O da França também 4,1. Reino Unido 6,7. Espanha 6,7. E o do Japão 8,2!
Verdade que nos últimos três anos o crescimento médio do PIB não passou de 2%. Mas também é verdade que o desemprego em 2013 foi de apenas 5,4% – enquanto na Zona do Euro essa taxa alcança 12%. E essa comparação mostra bem a dimensão do mérito do Governo Dilma, que apesar das vicissitudes globais, mantém o Brasil protegido da pior de todas as crises, que é a crise de empregos.
São alguns números – ou algumas verdades – que ajudam a entender como a presidente Dilma usa uma linguagem moderada, uma fala de dama. Pessimista é pouco para certa oposição. Trata-se mesmo de abutres. Aves de mau agouro.
* Gilberto Braga de Mello é jornalista e publicitário.
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