O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou nesta sexta-feira, 21, uma redução de quase 19% nos alertas de desmatamento da Amazônia no período de agosto de 2013 a janeiro de 2014. Embora tenha comemorado os números, a ministra Izabella Teixeira não garante que isso indique uma diminuição nas taxas de desmatamento da área. “Ter um alerta menor significa que os nossos esforços de tecnologia dialogam com dados de campo; mas por outro lado, será que vai dialogar com redução da taxa de desmatamento que esperamos?”, comentou.
Segundo os dados do MMA, os alertas apontaram 1,428 mil quilômetros quadrados (km²) de área desmatada entre agosto de 2012 a janeiro de 2013, ante 1,162 mil km² no período seguinte – 18,6% a menos. Como explicou o presidente do Ibama, Volney Zanardi, os dados refletem a leitura de satélites sobre a região e são diretamente influenciados pela nebulosidade. “A cobertura de nuvens é variável e, por isso, temos apenas uma tendência”, destacou Zanardi.
Outra tendência apontada pelos dados do MMA é de diminuição de alertas em Estados com tradição de muitos desmatamentos, como Mato Grosso, Pará e Rondônia. Tocantins e Acre tiveram aumentos significativos no levantamento. “Nos preocupa não só pelo desmatamento, mas porque pode está havendo uma mudança no perfil dos crimes por Estado”, ressaltou Izabella.
A avaliação, baseada em informações da Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), apontou ainda uma tendência maior de desmatamento em regiões cuja fiscalização cabe aos Estados (68%) e menor em áreas de domínio federal (32%). “Parcela de 80% dos licenciamentos ambientais hoje em dia está sob domínio dos Estados e, nesse caso, os alertas podem estar dialogando com a supressão de vegetação”, avaliou a ministra.
Todos os alertas enviados por satélites são verificados por equipes in loco na floresta. Ao todo, 11% não se confirmaram; 76,2% apontaram corte raso; 5,2%, exploração florestal; e 7,4%, degradação por fogo.
A prevenção do desmatamento, conforme explicou Zanardi, ocorre sob duas frentes de ação. A primeira delas, por meio de nove equipes espalhadas pela Amazônia, em bases fixas e móveis, que verificam denúncias. O instituto atua, ainda, com coleta de informações e trabalho de inteligência.
Conforme ressaltou a ministra, o Ibama atua hoje em parceria com a Polícia Federal para desmontar quadrilhas alinhadas ao desmatamento ilegal. “O crime sempre inventa, mas nós também estamos sendo inovadores”, disse Izabella.
Para aprimorar a cobertura de alertas de desmatamentos, o ministério tem testado veículos aéreos não tripulados para operar abaixo das nuvens, onde os satélites não conseguem visualizar.