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Aumento de senegaleses em Brasiléia gera clima de tensão com os haitianos

Aumento na chegada de senegaleses em Brasiléia está causando desconforto no município. A relação com os haitianos, que também procuram abrigo na cidade, está conturbada, afirma o representante da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Damião Borges. Hoje, 140 pessoas vindas de Senegal, país da África Ocidental, aguardam a retirada da documentação no Acre.

Atualmente o abrigo montado pelo Governo do Estado para atender os imigrantes está com 1.050 pessoas. Apesar da infraestrutura limitada, esse número só aumenta. No entanto, a maioria não quer permanecer no local, mas sim seguir para grandes estados como São Paulo e Rio de Janeiro, em busca de emprego. Em Brasiléia, eles esperam apenas se regularizar no país retirando a documentação necessária.

A rota para esses imigrantes chegarem até o Acre, além de longínqua, também oferece vários perigos, como a ação mal- intencionada dos ‘coiotes’, que transportam pessoas ilegalmente para outros países. Segundo relatos de alguns haitianos, o transporte de Puerto Maldonado, no Peru, até Brasiléia, está custando U$ 200, sendo que o valor normal a ser cobrado é de U$ 30.

Boatos no Senegal davam conta de que o Brasil estava com suas fronteiras abertas. Por isso, muitos viajam para a Espanha e de lá seguem para o Equador, de onde fazem trilha junto com os haitianos até Brasiléia. O objetivo é adquirir visto de refugiado.

De acordo com Damião, os senegaleses causam muitos problemas no dia a dia do abrigo, além de serem mais agressivos. “É uma questão cultural. A maioria que chega aqui é analfabeta. Os haitianos os acusam de não terem direito de estar ali, o que logo é rebatido gerando uma confusão. Ambos discutem o tempo inteiro, inclusive na hora da comida. Antes da chegada dos senegaleses, não havia tanto conflito assim”, declara.

O professor Foster Brown, da Ufac, esteve no município e aponta que os problemas sociais estão crescendo drasticamente no local. “A população em Brasiléia está enfrentando dificuldades por causa do número de abrigados. Ouvi relatos de filas nos bancos, Receita Federal, hospital e na Polícia Federal, causada por imigrantes procurando serviços.  A frase mais comum entre os moradores de lá é que estão perdendo a paciência com a situação”, descreve.

Para melhorar a comunicação no local, Brown distribuiu alguns exemplares da cartilha do Leonel Joseph de Português – Français. O abrigo já tem uma cartilha de Crioulo-Português, mas deveria ter centenas de cópias, a julgar pelo fluxo de imigrantes que chegam a Brasiléia, o equivalente a 30 por dia.

(Foto: cedida)

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