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Funcionários entram na Justiça e denunciam empresa de telecomunicações por ‘golpe’ no Acre

Funcionários da empresa MBS Telecom, terceirizada da NET em Rio Branco, entraram na Justiça para conseguir as verbas trabalhistas que não foram pagas após o fechamento da sede, na última quarta-feira (5). Nem mesmo os salários foram recebidos pelos 120 funcionários do local. A empresa está na Capital há 6 meses.

De acordo com uma das trabalhadoras, que prefere não se identificar, o fechamento da sede da terceirizada na Capital pegou todos de surpresa. Ela conta que durante uma reunião foi dada folga na terça-feira (4), com a justificativa de ser a data de uma reunião da diretoria e, no dia seguinte, a gerência anunciou o fechamento.

“Na quarta (5), foi feita uma reunião com todo mundo e disseram que a MBS Telecom tinha fechado, que outra empresa iria assumir e que a NET iria pagar a gente. Mas tudo era mentira”, diz a funcionária.

Alex Messias de Melo, 24 anos, também funcionário da empresa, diz que era comum os atrasos nos salários, no ticket alimentação e vale-transporte. Além disso, com o fechamento da empresa, não foi dado baixa nas carteiras de trabalho assinadas e isso está impossibilitando de procurar outro emprego.

“Eles falavam que os documentos eram assinados pelo Rio de Janeiro e a maioria das carteiras de trabalho também. Ninguém está trabalhando, porque a gente não pode. Nenhuma empresa vai ‘pegar’ a gente porque não deram baixa. Então, está todo mundo desempregado e sem dinheiro”, afirma Alex.

Para resolver a questão, os funcionários contrataram vários advogados para conseguir na Justiça os direitos que não foram pagos. O advogado José Stenio Soares representa aproximadamente 35 pessoas que trabalhavam no local. Ele explica que a ação visa permitir que os funcionários recebam as verbas trabalhistas como aviso prévio, FGTS, 13º salário e horas extras.

“Muitos funcionários nem foram regulamentados. Alguns tiveram carteira de trabalho assinada e grande maioria não foi dado baixa. Muitos tinham horas extras que não eram pagas. Outros sequer recebiam contracheque, era só depósitos, os valores diretamente na conta dos funcionários. É uma série de irregularidades”, explica.

A ação está sendo movida contra as duas empresas. O advogado conta que caso a terceirizada não pague os direitos dos funcionários, a NET, como empresa contratante, precisa se responsabilizar. Tudo isso num prazo de 30 a 40 dias.

“Vão ser notificadas as duas empresas. Todos os funcionários tinham pouco tempo de empresa, o que tinha mais tinha seis meses de trabalho, então todas as ações provavelmente se resolvem numa única audiência. Cremos que vamos conseguir resposta em torno de 30 a 40 dias”, diz.

‘A empresa faliu’ – Procurado pelo G1, o responsável pelo administrativo da MBS Telecom em Rio Branco, que prefere não se identificar, disse que a empresa faliu. De acordo com ele, as oito empresas distribuídas pelo Brasil também fecharam. “São mais de 800 funcionários sem emprego, então, eles não foram os únicos afetados com isso”.

O motivo de terem ido ao Rio de Janeiro seria porque a empresa faliu e, a mando do chefe da empresa, toda a mobília e documentos tiveram que ser encaminhados para a sede. “A gente recebeu a ordem do dono da empresa para  empacotar tudo e trazer para sede. Com relação aos salários, a gente avisou antes aos funcionários que a empresa havia falido. Se fosse um golpe a gente tinha vindo embora e eles não teriam que trabalhar até o dia 10, que é quando a nossa folha de pagamento cai”, explica.

O funcionário do setor administrativo também disse que saiu sem o pagamento dos serviços e que inclusive o gestor da empresa no Acre também saiu sem receber seus direitos. “Ninguém saiu escondido, tanto que por onde passamos postamos fotos e falamos onde estamos. Encontramos também barreiras da Polícia Federal, porque estamos indo para o Rio pela forma terrestre, e não fomos parados uma única vez. Não devemos nada à Justiça”, ressalta.

De acordo com ele, os funcionários estão revoltados porque a empresa faliu e não tem condições de pagar os direitos. “Ficaram revoltados e querem colocar a culpa em alguém, infelizmente somos o alvo da vez. Eu vim para o Rio para tentar algo novo, no Acre já deu o que tinha que dar”, diz.

O assistente administrativo diz que teme pela sua imagem, pois os funcionários postam fotos e espalham notícias sobre um possível golpe. “Quando eu chegar no Rio de Janeiro vou entrar com uma ação contra todos. É uma situação que está ficando chata e eu me preocupo com a minha família. Empresas falem todos os dias no Brasil inteiro, o que acontece é que o Acre é pequeno e fazem tempestade em copo d’água”, finaliza.

NET – Ao G1, a NET se posicionou em nota em relação ao caso. A empresa disse que os serviços de internet e telefonia permanecem com serviços no Acre.  “A NET informa que mantinha contrato de prestação de serviços com a empresa e que foi surpreendida pela notícia da repentina paralisação das suas atividades. Como premissa para a contratação de prestadoras de serviços, a NET exige rigoroso cumprimento de todas as obrigações trabalhistas”, informa.

A empresa esclarece ainda que a paralisação das atividades da MBS Telecom não afeta as atividades da empresa em Rio Branco, que segue operando normalmente, através de outras empresas prestadoras de serviço que também atuam na cidade. (Caio Fulgêncio e Tácita Muniz, Do G1/AC)

 

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