Dezenas de caminhões estacionados em frente à sede da Suframa, em Rio Branco, expõem mais uma dificuldade a ser superada pelo comércio da região. As mercadorias não serão liberadas até que as reivindicações do sindicato sejam atendidas.
“Nós só vamos parar a greve quando o governo assinar a medida provisória que garante os nossos direitos”, alertou o segundo secretário do Sindicato dos Servidores da Suframa, Renato Santos. “Não há mais diálogo”.
Santos, que representa o sindicato aqui no Acre, lembra que as negociações e diálogos com a superintendência da Suframa foram iniciadas há mais de seis anos. “Por diversas vezes, nós sentamos e conversamos. Fizemos paralisações em 2008, em 2009 e também no ano passado”, pontua Santos.
“Em todas essas oportunidades, o governo prometia, pedia para que retomássemos o trabalho e nós atendíamos”, pondera o sindicalista Santos. “Mas, agora, a situação não tem volta. Não há mais diálogo”. A paralisação teve 100% de adesão em toda a Amazônia, incluindo as cidades de Macapá e o distrito portuário de Santana.
Os 396 servidores de toda autarquia exigem basicamente três pontos: reestruturação do Plano de Cargos, Carreira e Salários; autonomia financeira e administrativa e melhores condições de trabalho (incluindo contratação de mais servidores).
O sindicato argumenta que há engenheiros da Suframa que recebem menos do que um auxiliar-administrativo de um órgão como o Ipea, por exemplo, o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas.
Em relação à autonomia financeira, Santos argumenta que a autarquia, apesar de estar vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior, possui receita própria.
O sindicalista contabiliza que, ano passado, por exemplo, a Suframa arrecadou R$ 512 milhões. Desse montante, R$ 100 milhões são destinados aos custos da folha de pagamento (incluindo aposentados).
“A diferença poderia ser gerenciada e administrada pela própria Suframa, trazendo mais agilidade e eficiência para aquilo que é realmente necessário para a boa prestação de serviços”, frisa o segundo secretário do Sindframa.
A reivindicação que trata das “melhores condições de trabalho” guarda relação com a infraestrutura e com novas contratações. Para fazer a liberação das mercadorias, muitas vezes os caminhões estacionam no acostamento. Em uma região chuvosa, a carga fica parada para que o fiscal possa fazer o trabalho.
No Acre, só há 23 servidores da Suframa (17 em Rio Branco, 3 em Cruzeiro do Sul e 3 em Brasiléia). O ideal, segundo o sindicato, seria que tivesse emergencialmente, pelo menos a contratação de mais sete pessoas.
Os caminhões que transportam produtos hospitalares ou medicamentosos e ainda os que estão carregados com alimentos muito perecíveis, como iogurte, serão liberados pela Suframa. Mas, até o fim da tarde de ontem, nenhum apareceu transportando esses tipos de produtos.
Presidente da Acisa é cético em relação à atuação da Suframa
O presidente da Acisa, Jurilande Aragão, está preocupado com o atual cenário do comércio do Acre. “Como se não bastassem os problemas da alagação, ainda mais essa greve”, disse, em tom de irritação. “Compreendo e tenho acompanhado as discussões, mas isso atrapalha muito o comércio”.
Aragão afirmou que já participou de reuniões em Manaus que trataram dessa pauta do Sindframa, mas não percebeu um cenário propício para que as reivindicações fossem atendidas.
“A alagação diminuiu para quarenta por cento o fluxo de chegada dos caminhões”, afirmou a presidente do Sindicato das Transportadoras do Acre, Nazaré Cunha, que também é proprietária da maior transportadora do Acre, a Roda Viva. “Os nossos clientes têm tido paciência. Mas, essa greve dificulta mais ainda as coisas”.