As autoridades não poupam esforços para tentar contornar a situação de quase isolamento em que se encontra o Acre com a elevação das águas do Rio Madeira, de acordo com o senador Jorge Viana (PT). Após passar a última terça-feira (25) sobrevoando a região afetada pela cheia, o parlamentar ressaltou, em entrevista na manhã desta quarta, que os governos estaduais e federal estão em permanente diálogo sobre a situação. Para evitar o risco de desabastecimento, a presidenta Dilma Rousseff e o governador Tião Viana estudam, por exemplo, levar produtos de subsistência pelo Peru.
“A presidenta Dilma ligou várias vezes para o governador Tião Viana e está se pensando todas as alternativas, inclusive de se fazer o abastecimento do Acre pelo Peru. Porque nós tínhamos construído a Estrada do Pacifico e agora ela pode ser útil para isso”, afirmou Jorge Viana no programa “Conexão Senado”, da Rádio Senado.
O risco de isolamento existe porque as águas estão invadindo a BR-364, única ligação terrestre do Acre com o restante do país. Em alguns pontos da estrada há uma lâmina d’água 80 centímetro, por essa razão a Polícia Rodoviária Federal proibiu, por segurança, o tráfego de veículos à noite; e durante o dia apenas alguns caminhões (exceto os do tipo cegonha) estão liberados. “Só está passando caminhões com produtos perecíveis. E são 20 caminhões no máximo a cada hora em determinados horários do dia”, informou o senador petista.
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) está monitorando a cada 15 minutos o nível de água do Rio Madeira, que está mais de 18 metros acima do leito normal. Segundo o Sipam, que acompanha o rio desde 1967, está já é a maior cheia da história, embora a previsão seja de que as águas do rio Madeira continuarão a subir até o fim da primeira quinzena de março. Apenas ontem, destacou Jorge Viana, houve uma elevação de 5 centímetros do nível de água na região dos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, em Rondônia.
“Em alguns lugares, a imagem é assustadora, da maior gravidade”, disse o parlamentar, traduzindo o que viu ao lado do ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ao sobrevoar pela segunda vez a região na tarde passada. E faz um paralelo: “o Rio São Francisco tem uma vazão de 1,5 mil metros cúbicos de água por segundo. Ontem, o Rio Madeira estava com 52 mil metros cúbicos por segundo; ou seja, 50 vezes a vazão do São Francisco. É quase inacreditável o volume de água”.