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Em coletiva, empresários mudam o tom e já admitem que pode haver aumento no varejo

Em entrevista coletiva realizada na sede da Acisa, empresários dos segmentos supermercadista, de distribuição de alimentos, gás e combustível adotaram um discurso menos oficial e mais próximo da rotina do mercado.

Pela primeira vez desde que o Acre começou a sentir os efeitos do isolamento impostos pela cheia histórica do Rio Madeira, os empresários admitiram aumentos de preços em produtos específicos, sobretudo os hortifrutigranjeiros.

Nem a ajuda do Governo Federal para garantir transporte de alimentos perecíveis de Porto Velho para Rio Branco foi capaz de diminuir os custos com transportes. Os empresários alegam que a composição dos preços dos produtos adquiridos em São Paulo e Sul já inclui frete até o Acre.

A ajuda do governo, neste caso específico, é importante para não se perder a carga. Mas, os custos da aquisição do produto praticamente se mantém inalterado. “Ou diminuem muito pouco”, calcula Ádem Araújo.

A demanda semanal de hortifrutigranjeiros é calculada em 300 toneladas. Os voos da FAB transportam entre 18 e 20 toneladas de alimentos. “Os empresários entendem o esforço para evitar desabastecimento. Mas, o mercado tem uma lógica própria”, afirmou um empresário que não estava presente à coletiva.

O segmento de distribuição de gás se esquivou da responsabilidade de aumento nos preços. As duas empresas que abastecem o Acre enviaram representantes para a Associação Comercial. “Nós não repassamos aumento para os preços”, assegurou o gerente regional da Amazongás, Gemil Salim de Abreu Júnior.

No entanto, as duas empresas admitiram que não têm controle sobre os preços praticados pelos comércios varejistas nos pontos de venda. “Isso não está sob o nosso controle”, afirmou o gerente geral da Fogás no Acre, Reginaldo Tavares.

Os representantes do segmento de distribuição de gás asseguraram que os custos com o transporte do produto vindo direto de Manaus por balsa aumentam entre 30% e 40%.

O segmento de combustíveis admitiu que dos 45 postos pelos menos dois praticaram aumento de preços. “Dois postos em um universo de 45 eu não posso dizer que o cenário é de especulação”, defendeu o representante do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Gás Liqüefeito de Petróleo e Lubrificantes no Estado do Acre, Hernandes Negreiros. “Reforçamos, não é hora de especular”.

O comércio de cimento também teve alta dos preços. A alternativa da rota andina só aguarda detalhes burocráticos para ser efetivada. De acordo com a Acisa, em Iñapari, há 500 mil sacas prontas para serem comercializadas para o Acre.

Comércio de carros
O comércio de carros também já sente os efeitos do isolamento. Comauto e Recol, empresas que representam as duas maiores bandeiras de veículos de médio porte no Acre têm carros estocados em Porto Velho. Os caminhões cegonha estão proibidos de transitar nas atuais condições da estrada.

A Volks tem pedidos que estão em São Paulo aguardando a liberação da estrada. Estima-se que 250 carros novos estejam em Porto Velho aguardando a liberação do trânsito pela BR-364.
As duas maiores concessionárias têm aproximadamente 180 veículos nessas condições. O que mais preocupa é que os estoques estão caindo. E não apenas de carros, mas também de peças. (Foto: Arquivo)

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