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Formando em Medicina questiona formas de revalidar o diploma no Brasil

Estudar Medicina em outro país parece uma boa opção para muitas pessoas. No entanto, após a formação, os procedimentos para fazer o diploma valer no Brasil se tornam uma ‘pedra no sapato’ de alguns. Além de dominar o assunto, também é preciso dispor de recursos financeiros. Toda essa peregrinação é questionada pelo formando Esmael de Souza Pinheiro, 28.

O jovem, natural de Feijó, município no interior do Acre, contou com o apoio da família para estudar Medicina na Universidade de Aquino (Udabol), em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. O sonho de se tornar médico o motivou a fazer 5 anos de faculdade, 1 ano de internato e 6 meses de serviço rural. Ao todo, foram 6 anos e meio de preparo.

No final de 2013, ao receber o diploma, Esmael precisou enfrentar uma nova questão: obter o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM). Apesar de se sentir apto a exercer a profissão, o formando percebeu que se precisa de bem mais do que força de vontade para alcançar a meta.

No caso de Esmael, há duas opções. Ele pode realizar a complementação de estudos do CRM, cuja inscrição custa R$ 1 mil, ou fazer o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida), criado por meio de uma portaria em 2011.

“A segunda opção é bem mais acessível financeiramente. A inscrição da primeira etapa custa apenas R$ 100 e da segunda R$ 300. No entanto, a forma como o Revalida funciona é questionável. Parece-me que o CRM dificulta a aprovação dos candidatos, por meio de provas exageradamente complicadas”, aponta.

Esmael salienta que não é contra uma avaliação para estudantes formados em outros países. “Jamais criticaria o trabalho de outro colega. Mas sei muito bem que existem casos de pessoas que não estão preparadas para o mercado de trabalho. Exercer Medicina é algo sério. Por isso defendo que deva existir uma separação”, justifica.

Preocupado com o futuro, Esmael publicou recentemente no facebook que gostaria de participar do quadro ‘Agora ou Nunca’, do programa televisivo Caldeirão do Hulk, para conseguir o dinheiro do prêmio. “A redes sociais têm um poder incalculável. Logo que fiz a carta, começou uma extensa repercussão. Alguns criticaram, outros apoiaram. De qualquer forma, caso eu não passe no Revalida, gostaria de usar o dinheiro do possível prêmio para pagar os estudos na universidade particular aqui no país. Como já sou formado na Bolívia, tenho 60% do diploma garantido. Eu preciso apenas de 20% de presença no curso para conseguir automaticamente a CRM. Mas a minha intenção mesmo foi causar uma reflexão sobre essas dificuldades no acesso ao exercício da profissão de médico”, finaliza. (Foto: Arquivo pessoal)

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