X

Rio Acre mostra sua fúria ao superar os 16,46 metros e nesta segunda-feira desabriga 2.509 pessoas, conforme Defesa Civil


(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

O Rio Acre atingiu a marca de 16,46m, na última medição realizada às 18h desta segunda-feira (10), e está mais de 2m acima da cota de transbordamento, que é de 14m, e continua a subir. Em Rio Branco, 656 famílias, o equivalente a 2.509 pessoas estão desabrigadas e alojadas no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco. O Ginásio Álvaro Dantas, no bairro Aeroporto Velho, também começou a receber famílias do bairro Baixada da Sobral atingidas pelas águas.

De acordo com o Chefe da Casa Civil de Rio Branco, André Kamai, pelo menos 55 famílias serão levadas para o Ginásio Coberto a partir da noite desta segunda-feira. No total, cerca de 300 pessoas devem ir morar provisoriamente naquele espaço.

Os bairros em Rio Branco mais afetados pelas águas são: Taquari, Baixada da Habitasa, Seis de Agosto, Baixada da Cadeia Velha, Triângulo Novo, Adalberto Aragão, Cadeia Velha e Airton Sena. A prefeitura contabiliza um total de 14 bairros de Rio Branco afetados pela cheia.

O Riozinho do Rola atingiu a marca de 17.48m, três centímetros a mais que a medição realizada às 15h. Em Brasiléia, o rio apresentou vazante de 25 centímetros em 3h e está em 5.59m. Em Sena Madureira, a situação é de alerta, o nível do Rio Yaco atingiu 14.98 metros. Em Xapuri o Rio Acre media 12.15 metros.

Moradores reclamam da demora no socorro
No bairro Taquari, um dos primeiros locais a sentir a força da enchente que castiga Rio Branco, os moradores reclamam da demora na retirada das famílias. Com móveis nas calçadas, alguns estragados devido o contato com a água, os moradores denunciam que aguardam desde o final de semana o transporte para o abrigo público no Parque de Exposição.

Nessa situação está a dona de casa, Anita da Silva. Moradora há 12 anos no Taquari, ela afirma que desde domingo, 9, aguardava o transporte para o abrigo. “Tive que pagar R$ 150 para o pessoal transportar minhas coisas até a beira da rua. Fiquei esperando o pessoal da prefeitura ou do governo, mas a água invadiu a casa e precisei tirar tudo as pressas. Estou com a roupa do corpo porque as outras estão molhadas”, explica ela apontando para a mala encharcada.

Segundo Eliane Souza, a situação ainda é pior no interior do bairro. “Minhas coisas estão numa área que ainda não está alagada, mas a cada hora a água chega mais próximo. E nada do Defesa Civil tirar a gente daqui”, desabafa.

Na entrada do bairro, próximo a Unidade de Referência de Atendimento Prioritário (Urap), Cláudia Vitorino, o tráfego de barcos, caminhões é intensa. Corpo de Bombeiro, Exército, Defesa Civil, representantes da Secretaria de Assistência Social, tentam na medida do possível atender as famílias.

O tenente do Corpo de Bombeiros, Jean Amaral disse que dois caminhões e dois barcos estão fazendo a retirada das famílias. “A primeira etapa é tirarmos as famílias e trazê-las para a parte seca, assim podemos encaminhá-las para casa de parentes ou para o abrigo público”, diz.

O coordenador municipal da Defesa Civil, tenente coronel George, informou que foi grande o número de chamados, mas, as equipes estão divididas, tentando retirar o mais rápidos possível as pessoas. Só nessa segunda-feira serão mais de 200 famílias atendidas. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

“Balseiros’ causam a interdição da ponte Juscelino Kubitschek, no Centro da Capital
A grande quantidade de ‘balseiros’, como são chamados na região, galhos e troncos de árvores que  que se desprendem dos barrancos, acumulou na parte inferior das pilastras da ponte Juscelino Kubitschek, em apenas 24 horas. O encalhe se tornou atração para curiosos que acompanhavam o trabalho do Corpo de Bombeiros,  e outros órgãos, desde domingo. Para ajudar na remoção, a ponte Juscelino Kubitschek foi interditada na tarde desta segunda-feira, 10.

Denominada Operação Balseiro, já removeu cerca de 50% do material acumulado. O governador Tião Viana acompanhou o trabalho das equipes, novamente, na manhã desta segunda-feira, 10.

“Estamos aqui nesse trabalho, que está em ritmo de operação de guerra, fazendo esse esforço sem cessar, porque o Rio Acre já atingiu os 16,20 metros na manhã desta segunda-feira e permanece subindo, com o Riozinho do Rôla chegando a mais de 17 metros, e em Xapuri o rio já marca 13,85m. Isso significa que o nível subirá mais nas próximas 20 horas e, se subir muito, teremos dificuldades na passagem dos balseiros por baixo da ponte. Por isso, temos essa operação de guerra aqui”, destacou o governador.

O diretor do Deracre, Ocírodo Júnior, afirmou que cerca de 100 pessoas, de órgãos do governo, estão trabalhando diretamente na Operação Balseiro. “São servidores públicos que nos ajudam a solucionar esse problema. Além disso, agora recebem o apoio de voluntários, proprietários de barcos, que trafegam por essa região do rio”, completou.

O trabalho já dura mais de 40 horas. Duas retro-escavadeiras, uma máquina skidder, com um cabo de aço, e um rebocador ajudam na remoção dos balseiros. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

Prefeito assina decreto de situação de emergência que amplia áreas atingidas pela alagação na cidade
O prefeito Marcus Alexandre assinou nesta segunda-feira, 10, o decreto 282, de 10 de março de 2013, alterando o decreto 111, de 4 de fevereiro de 2014, ampliando e atualizando a situação de emergência por conta da cheia do Rio Acre em Rio Branco. No primeiro decreto, assinado no dia 4 de fevereiro, foi reconhecida a situação de emergência em áreas afetadas pelas inundações e escorregamentos de solo em várias áreas das zonas urbana e rural. O documento será apresentando nesta quarta-feira, 11, ao secretário nacional de Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, pelo senador Jorge Viana. “Choveu em dez dias o esperado para todo o mês de março”, lembrou Marcus Alexandre ao assinar o decreto.

As regiões atendidas pelo novo decreto são: bairros 06 de Agosto, Santa Teresinha, Ayrton Senna, Adalberto Aragão, Aeroporto Velho, Terminal da Cadeia Velha, Baixada da Habitasa, Base, Conjunto Jardim Tropical (Rua 10 de Junho), Boa União, Glória, Cadeia Velha, Cidade Nova, Palheiral, Bahia Velha, Triângulo Novo, Taquari e Quinze. As áreas rurais são: à jusante da cidade de Rio Branco nas comunidades do Bagaço, Extrema, Colibri, Limoeiro, Boa Água, Quixadá, Panorama, Vista Alegre, Oriente, Ramal da Judia, Cajazeira, Catuaba, Extrema II, Liberdade, Belo Jardim (ribeirinho), e à montante da zona urbana da Capital nas comunidades do Benfica (ribeirinho), Capatará, Moreno Maia (produtores residentes ao longo do Rio Acre e Caipora), Riozinho, Água Preta, Barro Alto e outros produtores ribeirinhos ao longo do Riozinho do Rôla, Vai se Ver, São Raimundo e Espalha.

Entre várias justificativas, o decreto considera a “necessidade premente de dar continuidade à adoção de medidas de proteção e garantir a segurança global da população que habita essas áreas” e que “o abrigo temporário no Parque de Exposições encontra-se instalado desde o dia 01.02.2014, perfazendo 39 dias de permanência das famílias com ações de assistência social, saúde, segurança alimentar e demais serviços essenciais”.

A elevação do nível do Rio Acre, que marcou 16,34 metros na tarde desta segunda-feira, e a previsão de que o manancial ainda vá continuar subindo nos próximos dias, estão entre os fatores que determinaram a ampliação da situação de emergência. Além disso, há atualmente 6.427 imóveis afetados pela enchente em 12 bairros.  No primeiro decreto, haviam 2.189 imóveis atingidos.

Em muitos casos, a estrutura dessas edificações (prédios residenciais e comerciais) estão seriamente abaladas pela incidência das chuvas e seus efeitos. O novo decreto leva em conta também o grande acúmulo de chuvas desde o mês de novembro de 2013, agravando ainda mais a situação das famílias que vivem nas áreas de abrangência do decreto.

O novo decreto mantém vários dispositivos anteriores e acrescenta que os recursos do município por si sós não farão frente à grande demanda imposta pelo flagelo.  Sobretudo, o decreto lembra que no último dia 4 de março, o Centro Nacional do Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cmaden) emitiu alerta de ´risco alto´ para enchentes e inundações na capital do Acre, o que veio a se confirmar. (Texto e foto: Ascom PMRB)

Alagados ameaçam fechar a Via Chico Mendes ao alegar que não estão encontrando abrigo

LENILDA CAVALCANTE

Os moradores do bairro Taquari estão reclamando da falta de assistência da Defesa Civil do Estado. As ruas do bairro estão alagadas e moradores não têm para onde ir.

De acordo com informações dos moradores, faltam caminhões e barcos para retirar as famílias da região que está alagada. A maioria das pessoas já começou a retirar seus pertences por conta própria e está colocando no meio da rua.

Ainda de acordo com os desabrigados, eles querem que uma equipe da Defesa Civil vá até o bairro para retirar as famílias dos lugares que estão alagados.

Em forma de protesto, os moradores estão se reunido para interditar a Via Chico Mendes, caso não tenham nenhum posicionamento da Defesa Civil.

“Estamos desde a tarde de domingo no meio da rua à espera dos caminhões da Defesa Civil para retirar nossas coisas e levar para os abrigos”, disse uma desabrigada.

Sem ter como retirar as coisas de suas casas muitas famílias já perderam tudo. (Foto: Lenilda Cavalcante/ A GAZETA)

Ações para chegada de alimentos, gás e outros combustíveis são intensificadas
Na décima reunião ocorrida entre governo e empresários do setor de produtos essenciais, o governador Tião Viana realizou, na manhã desta segunda-feira, 10, um detalhamento do que está chegando, o que já chegou e o que precisa chegar para manter o Acre abastecido pelos próximos dias. O Estado se encontra em situação de emergência desde que as águas do Rio Madeira invadiram um trecho da BR-364, única ligação do Acre com o resto do Brasil.

A questão do gás de cozinha já está normalizada no Estado pelos próximos 10 dias. A chegada de 450 toneladas de gás por balsa no último sábado, 8, ajudou a normalizar a situação. A Fogás promete mais uma balsa com o mesmo volume vindo de Manaus para a próxima semana. E a Amazongás informa que uma balsa com cem toneladas chega fim de semana a Cruzeiro do Sul para abastecer o Juruá. A distribuidora também anunciou que outra balsa parte de Manaus amanhã.

Quanto aos combustíveis, a situação deve se estabilizar com a chegada de 309 mil litros desde o último domingo, 8, principalmente com relação ao Diesel S-10. Uma balsa da BR Distribuidora (Petrobras) com cinco milhões de litros de combustível deve chegar a Porto Acre no dia 14, mantendo as reservas estáveis por mais uma semana.

Alimentos
Mesmo com as águas do Rio Madeira já ultrapassando 19 metros de profundidade e tomando um espaço cada vez maior da BR-364, caminhões estão passando todo dia, embora o número de viagens esteja reduzindo gradativamente. Só de produtos perecíveis, 330 toneladas aguardam transporte em Rondônia para chegar a Rio Branco.  Das 7 horas da manhã de domingo, 9, às 7 horas da manhã desta segunda, 10, passaram 84 caminhões, com 203 toneladas de alimentos.

A Força Aérea Brasileira (FAB) continua realizando o transporte de produtos emergenciais e de pouca durabilidade, mas a capacidade de carga das aeronaves não é o suficiente para atender as demandas de todo o Estado e por isso outras maneiras estão sendo estudadas para transporte, principalmente de produtos não perecíveis. Cargas de trigo, arroz e leite em pó chegam hoje a Porto Velho e serão encaminhadas para o Acre. (Samuel Bryan / Foto: Agência Acre)

Categories: Geral
A Gazeta do Acre: