(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
Com o objetivo de evitar o desabastecimento dos alimentos, alguns supermercados adotaram um limite de compras de produtos. A enchente do Rio Madeira, que ao meio-dia de ontem já passava dos 19,55 metros, levou os principais empresários do ramo alimentício a tomar esta atitude. Nas prateleiras, anúncios como ‘5 unidades por cliente e por compra’ surpreendeu muitas pessoas.
De acordo com o presidente da Associação Acreana de Supermercados (ASA), Luís Deliberato, a média de estoque dura em torno de 30 dias. No entanto, a oferta de locomoção está menor do que a demanda. Por isso, a fim de evitar as especulações que levam os clientes a comprarem muito e fazer estoque, algumas empresas estão impondo limites de compras. “Até que haja uma adequação será assim. Os produtos estão chegando normalmente. Porém, a euforia dos consumidores neste momento de crise, devido ao Rio Madeira, acaba atrapalhando”.
Luís Deliberato salienta que os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) estão transportando apenas produtos hortifrutigranjeiros e medicamentos. Portanto, todo o restante dos alimentos continua vindo por caminhões e balsas.
O presidente afirma que 2.200 toneladas de alimentos já saíram de Rondônia rumo ao Acre com previsão para chegar em 20 dias. Os produtos transportados correspondem com as necessidades bá-sicas e devem suprir a demanda por aproximadamente 20 dias.
Ainda de acordo com Deliberato, novas estratégias devem agilizar o transporte dos produtos. “A hidrelétrica de Jirau está realizando seu trabalho permanente e intenso no local com seus engenheiros. Eles estão fazendo um acesso de 3 km como alternativa e outro acesso de pelo menos 5 km. Um porto da hidrelétrica de Santo Antônio vai permitir que os caminhões façam o tráfego passando pelo acesso da hidrelétrica de Jirau, em Jaci-Paraná”, explica.
A garantia da associação é de que os principais produtos de consumo não faltarão no Acre, apesar de algumas prateleiras vazias nos supermercados assustarem os consumidores.
Reparos na BR-364 seguem e caminhoneiros aguardam por assistência das empresas
BRENNA AMÂNCIO e ODAIR LEAL
(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
Com os dois pontos de atracagem em Palmeiral e Jaci-Paraná prontos, falta apenas encerrar o trabalho na região na Velha Mutum, informou a Assessoria de Comunicação do Governo do Acre, nesta segunda, 24. Os serviços são realizados sem interrupções por 14 máquinas e homens do Corpo de Bombeiros, que coordenam as operações.
Uma balsa com 600 mil litros de combustível chegou ontem em Porto Acre. Além disso, o governo promete mais 720 toneladas de gás de cozinha para esta terça-feira, 25.
Já o drama dos caminhoneiros presos nos trechos críticos da BR-364 continua com a cheia do Rio Madeira. Veículos quebrados e trabalhadores acampados se tornaram parte do cenário da estrada, que em muitas imagens aparenta ter desaparecido do mapa.
Com a BR-364 ainda interditada, neste fim de semana, vários motorista profissionais acumulavam histórias de veículos quebrados e da falta de assistência dos empresários donos de transportadoras.
O caminhoneiro Joelcio Pereira Maia, 40 anos, passou um dia e meio dentro da carreta quebrada, no trecho do Km 880 da BR-364. Cansado e sem alternativas, ele precisou desembolsar R$ 1.400 para ser rebocado até a balsa, onde seguiu viagem para casa.
Acumulando um período maior, o caminhoneiro Waine Pereira ficou ilhado por 8 dias em Vista Alegre do Abunã. Depois de muita angústia, a mãe dele e os irmãos, em um momento de emoção, o resgataram do local. O veículo, no entanto, ficou no caminho.
Revoltado com a situação, o motorista Josemar de Medeiros Santos aguarda alguma resposta do trabalho junto com o filho de 4 anos. Ele está isolado há 10 dias e a angústia só aumenta.
“Estamos em condições precárias e com muitos gastos. A despesa chega a ser de R$ 20 por dia. Estamos abandonados aqui e nem a empresa ou autoridades resolvem a questão”, aponta.
Eletrobras/Eletronorte desmente boatos sobre a falta de energia elétrica no Acre
BRENNA AMÂNCIO
Uma informação falsa que alertava os acreanos para a falta de energia do Estado, devido à cheia do Rio Madeira, circulou nas redes sociais nesta segunda-feira, 24. De acordo com o texto de origem anônima, caso as águas subissem mais 10 centímetros, o Acre ficaria isolado. No entanto, a notícia não passava de um boato e que foi desmentido pela Eletrobras/Eletronorte.
De acordo com o gerente da Regional da Eletrobras/ Eletronorte, José Luiz Loureiro Neves, os fios de energia elétrica têm 100 metros de altura. A medição mais próxima do chão marca 60m. Além disso, a Subestação Abunã, em Rondônia, fica a 25 km do Rio Madeira. “Para que este boato se concretizasse, seria preciso que as águas cobrissem o Acre e Rondônia. Assim, geraria um curto-circuito, o que está fora de cogitação”.
O Governo do Estado repudiou, por meio da Assessoria de Imprensa, esse tipo de atitude, que só visa gerar pânico em uma população já fragilizada com a situação atual. O gerente da empresa de energia salienta a impossibilidade de isso acontecer. “Mantemos o corpo técnico vistoriando periodicamente a região alagada, visando manter a integridade, a segurança e a confiabilidade operacional do Sistema de Transmissão”.
Duas mil toneladas de produtos peruanos estão chegando ao Acre via Assis Brasil
(Foto: Cedida)
Com a cheia do Rio Madeira, que deixou o Estado isolado, via terrestre, do restante do Brasil, decretou-se estado de emergência no Acre. Dessa maneira, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) baixou uma resolução autorizando empresas acreanas a realizar o transporte de mercadorias oriundas do Peru, por 90 dias.
Com essa nova medida, o comércio entre o sul do Peru e o Acre, que já vinha ocorrendo timidamente, ganhou forma nos últimos dias, e cerca de duas mil toneladas de produtos peruanos já entraram no Estado.
Carretas com cimento, vergalhões, farinha de trigo, hortifrutigranjeiro e oxigênio hospitalar começaram a ser negociados e enviados ao Acre por meio da Interoceânica.
Antes, o oxigênio utilizado nas unidades de saúde chegava por intermédio de voos da Força Aérea Brasileira (FAB). Porém, no último sábado, 22, o primeiro carregamento, com 15 mil metros cúbicos do produto, passou pela fronteira em Assis Brasil.
A construção civil do Estado, que já importava cimento do Peru, intensificou o pedido do produto, e cerca de 1.300 toneladas saem de Iñapari, município perua-no que faz fronteira com Assis Brasil, com destino ao comércio acreano.
Gêneros alimentícios, como hortifrutigranjeiro, também estão passando pela fronteira e abastecendo o comércio local. A estimativa é de que o prazo de 90 dias, estipulado pela ANTT, se estenda, uma vez que o Rio Madeira não apresenta vazante e não há previsão de abertura da BR-364, trecho que liga Rio Branco a Porto Velho.
“A cheia do Madeira deixou claro que o Acre precisa de alternativas de abastecimento, e a Interoceânica é uma dessas. Nossa luta agora será fazer com que essa resolução da ANTT não seja apenas por três meses, mas permanente”, afirma o secretário adjunto da Sedens, Fabio Vaz.
As negociações comerciais entre Brasil e Peru são realizadas pela Casa Civil, Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), Centro de Desenvolvimento de Importação (Cedex Peru) e Ministério do Comércio Exterior do Peru, de forma a proporcionar valores competitivos e produtos de qualidade a serem ofertados. (Jaqueline Telles / Assessoria Sedens)
Departamento de Transportes e Governo do Acre se unem para construir portos na estrada
Uma operação conjunta entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Governo do Acre está promovendo o levantamento da pista e a construção de quatro portos às margens da BR-364, nos trechos mais críticos da estrada, desde a última sexta-feira, 21. A ação tem sido fundamental para assegurar que o Acre mantenha-se abastecido com bens de consumo essenciais.
Essa força tarefa foi tema de uma reunião do vice-governador César Messias e do comandante da Defesa Civil, coronel Carlos Gundim, com secretários de governo e diretores de autarquias, na manhã desta segunda-feira, 24, na Casa Civil. Messias apresentou imagens da operação em Rondônia e explicou aos gestores todo o processo de logística que o Estado vem empregando para a construção de portos e elevação da pista.
Gundim explica que, nesta segunda-feira, 24, em pontos mais críticos da rodovia, a lâmina d’água chegou a 1,60m: “A BR está aberta com restrições e continuamos monitorando a pista. A última medida foi abrir portos nos locais onde a água está mais profunda”.
O primeiro porto localiza-se em Jaci-Paraná e está sendo construído com apoio da Usina Hidroelétrica de Jirau. “Quando os caminhões chegam a esse porto eles embarcam numa balsa e fazem um percurso para aportar mais a frente e seguem até a cidade de Palmeiral, onde tem outro porto. Entre Palmeiral e Mutum-Paraná não tem condições de tráfego rodoviário, por isso, pegam uma balsa novamente e descem em Mutum-Paraná”, detalha o comandante.
O coronel Carlos Gundim frisa que, depois das balsas, ainda há pontos de alagamento na pista, contudo a lâmina d’água permite trafegabilidade, o que permite chegar até a Vila Abunã, onde há outro porto.
“O porto do Rio Madeira não era neste local, era um pouco mais à frente, mas agora está funcionando na Vila Abunã. O trecho do Madeira que tem mais água está sendo aterrado com pedras, que deve ser concluído hoje e oferecerá tráfego na estrada com restrições”, comenta Gundim.
A equipe do Corpo de Bombeiros destacada para a missão em Rondônia atualmente está composta por 13 bombeiros militares. A equipe principal está há cerca de 30 dias atuando diretamente na operação, sendo a ponte de ligação entre a ação no estado rondoniense e o governo acreano.
Rotas alternativas
O vice-governador César Messias ressaltou, durante a reunião, que os esforços para manter a população abastecida. Messias observou que a rota de combustíveis continua via BR por Cruzeiro do Sul, há também a rota do Peru para chegada de cimento e produtos hortifrutigranjeiros e, nesta segunda-feira, saiu, por Porto Velho, uma balsa com duas mil toneladas de alimentos.
De acordo com a chefe da Casa Civil, Márcia Regina Pereira, neste final de semana entraram no território acreano 120 toneladas de alimentos perecíveis como ovos, leite, verduras. Já a terceira balsa, que transporta gás, está a caminho do Estado. Outra balsa de combustíveis chega nesta segunda-feira, via Porto Acre, com mais de oito milhões de litros de combustíveis. (Nayanne Santana / Agência Acre)
“A comercialização da castanha não deverá ser prejudicada”, garante Perpétua Almeida
A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), afirmou na manhã desta segunda-feira, 24, durante visita às indústrias de beneficiamento da castanha de Brasiléia e Xapuri, que a cadeia produtiva da castanha não será prejudicada com a cheia do Rio Madeira.
Mensalmente, só a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), que agrega mais de 2,5 mil famílias, de 30 associações e cooperativas, comercializa com cerca de 100 grandes indústrias brasileiras, entre elas a Nestlé, aproximadamente 150 toneladas de castanha beneficiada.
Garantindo que todos os esforços estão sendo feitos para evitar prejuízos para produtores e trabalhadores, Perpétua Almeida disse que governador Tião Viana tem se esforçado para garantir que a Cooperacre continue comercializando sua produção, evitando assim, prejuízos para as mais de 2,5 mil famílias beneficiadas e para os seus quase 300 funcionários.
“Diferente daquilo que poucas pessoas sem informação insistem em afirmar, o Acre tem produzido muito. Prova disso é a nossa castanha que está sendo comercializada por grandes indústrias brasileiras. Sabemos do esforço e da dedicação de cada família e de cada trabalhador que, sobrevivem desse trabalho. Por isso, viemos aqui para tranquilizá-las e reafirmar nosso compromisso com o desenvolvimento do nosso Estado”, afirmou.
Ela tranquilizou as pessoas que trabalham diretamente nas duas indústrias e as famílias das cooperativas e associações, ligadas à Cooperacre, afirmando que toda produção será enviada para as indústrias. Perpétua informou que aviões da Força Aérea Brasileira continua-rão à disposição para fazer o transporte da castanha até que as águas do Rio Madeira baixem e a BR-364 seja liberada para o tráfego de caminhões. (Assessoria Parlamentar)
Rio Acre sobe mais de 2 metros no seu nível, em menos de 24h
BRUNA LOPES
Depois de apresentar uma vazante razoável, o Rio Acre voltou a subir neste final de semana, mais especificamente nas últimas 24h. O nível nesta segunda-feira (24) era de 12,04m, quase dois metros mais cheio do que no domingo (dia 23).
O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Gundim, confirma que este comportamento do rio é normal para a época e que não há motivos para preocupações.
“O que determina o nível do Rio Acre é o volume de chuvas, mas acreditamos que o período de enchente já passou. A expectativa agora é que haja oscilação até ele voltar ao nível normal para a época”, confirmou o coordenador.
A Prefeitura de Rio Branco confirmou que dois dos três abrigos públicos já foram fechados, restando apenas o Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, que abriga 360 famílias (1.325 pes-soas) que devem retornar a seus lares até terça-feira (25).
Postos são autuados por não aceitar cartão
(Foto: Cedida)
BRENNA AMÂNCIO
Com a cheia do Rio Madeira, aumentou o número de reclamações dos consumidores a respeito de abusos nos preços dos produtos. Para rebater a situação, o Procon/AC, em parceria com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizou uma ação de fiscalização nos postos de combustíveis do Estado, um dos ramos mais denunciados nesse período. Dois estabelecimentos foram autuados.
Após cinco denúncias oficializadas, o Procon/AC estudou os casos e comprovou as irregularidades, afirma a chefe da Divisão de Fiscalização do órgão, Francisca Brito. “Eles estavam realizando a prática abusiva de não aceitar cartão de crédito, sem apresentar nenhum motivo para isso”, aponta.
Dos 42 postos de combustíveis existentes em Rio Branco, mais da metade já passou pela fiscalização. Francisca também pede mais compreensão aos consumidores.
“Percebo que há uma grande falta de informação de algumas pessoas. No caso dos supermercados, por exemplo, recebemos muitas reclamações. Averiguamos e não constatamos nenhuma prática ilegal. Percebemos que os produtos já estão sendo repassados para os supermercados com valor ajustado, além de os empresários estarem tendo que enfrentar transtornos com o transporte. Tudo isso, no entanto, coincidiu com o momento em que estamos vivendo”, explica.