Nas rodas de conversas dos boleiros por todo o país, o gol de antes do meio-campo de primeira marcado pelo atacante Gessé, do Atlético-AC, é um dos assuntos mais comentados neste início de semana. O jogador do líder do Campeonato Acreano 2014 fez um golaço emblemático, mas a rotina, pelo menos por enquanto, é a mesma. Frentista em um posto de Rio Branco, Capital do Acre, o centroavante tenta se acostumar com a “fama” e sonha com o Prêmio Puskas de gol mais bonito da temporada, organizado pela Fifa.
Gessé da Silva Araújo, 27 anos, começou a carreira futebolística aos 17 no Juventus-AC, um dos clubes mais tradicionais da Capital (e que hoje está inativo), onde ficou por três anos na categoria de base. Em 2006, vestiu a camisa do Rio Branco e depois passou por Vasco-AC, Holanda-AM e defendeu o time de futsal da AABB-Rio Branco, até chegar ao Atlético-AC em 2012. O gol marcado no domingo, contra o Andirá, no estádio Florestão, foi destaque na imprensa nacional. Mas por aqui, Gessé ainda parece ser um “desconhecido”. Entre um atendimento e outro no posto onde trabalha, poucos são os que o reconhecem. Quem reconhece, pede até para tirar foto.
“O telefone toca a todo momento, as pessoas parabenizando pelo feito, mas a rotina segue normal. Estou até tendo cuidado em relação a isso porque aqui (no posto) é meu local de trabalho, meu ganha-pão. Se a rotina mudar, tomara que seja para melhor. Acordo às 5h para orar e às 6h já estou no posto. Saio às 12h, descanso e vou ao treino à tarde”, disse ele, que ainda cursa educação física em uma faculdade de Rio Branco.
O salário de R$ 1,5 mil no Atlético-AC e R$ 1 mil no posto de combustível serve para sustentá-lo junto com a esposa. Apesar de reconhecer que o gol foi uma “obra de Deus”, ele sonha com o cobiçado Prêmio Puskas, da Fifa, que já foi entregue a Ibrahimovic (2013), Miroslav Stoch (2012), Neymar (2011), Hamit Altintop (2010) e Cristiano Ronaldo (2009).
“Chutei para tirar o perigo do nosso campo de defesa e isso não escondo de ninguém. Deus abençoou e levou a bola para o gol. Não esperava toda essa repercussão que está tendo na mídia nacional justamente por sermos do Acre. Vi alguns comentários das pessoas criticando nosso Estado e infelizmente temos que ver e ouvir, mas estamos provando que existimos. Acho que é um gol que vai ficar marcado na minha história, não só pela importância, mas pela beleza. Se não aparecer outro gol como esse creio que posso estar na Suíça no fim do ano (risos). Se for da vontade de Deus, vou ficar muito feliz”.
A repercussão de um gol emblemático pode resultar em propostas de clubes mais estruturados e com maior expressão no futebol brasileiro. Por enquanto, ele revelou que não recebeu propostas para deixar o Galo Carijó e mostrou humildade.
“Se acontecer de receber propostas vai ser no momento certo. Se for da vontade de Deus vou acatar, mas se não for vou ficar muito feliz por ter ajudado meu clube com uma vitória. Trabalho muito e isso é fruto da confiança de muitas pessoas que me cercam”. (Globoesporte.com)