O prefeito Marcus Alexandre visitou o Jornal A GAZETA na manhã de ontem, 10, para reforçar parcerias e falar sobre desafios para a sua gestão ao longo do ano. Mesmo em um cenário complicado, à beira de uma crise de abastecimento devido à cheia do Madeira e de prejuízos inesperados pelo transbordamento do Rio Acre, ele não esconde o otimismo com a cidade. Diz que esta é a sua grande chance e que quer aproveitá-la ao máximo, não passando pelos 4 anos da sua gestão apenas como mais um prefeito qualquer.
Marcus Alexandre também falou sobre a árdua missão de ser prefeito e descreveu o andamento dos principais projetos da prefeitura. Projetos estes que, assim como o ritmo do prefeito, não param de avançar. E a grande marca destes trabalhos, diz Marcus Alexandre, é a transparência. Uma característica que ele diz não abrir mão e que, na hora de prestar contas do seu mandato diante da população, faz toda a diferença.
Tirando todos os prejuízos óbvios consequentes da cheia histórica do Rio Madeira, a Capital acreana sofreu ainda com quatro ocasiões distintas de transbordamento do Rio Acre. Ou seja, por quatro o rio ficou acima de 14 metros. Isso exigiu esforço imediato e despesas da prefeitura. Marcus Alexandre e sua equipe fizeram os cálculos e estimaram um prejuízo de R$ 6 milhões. Fora isso, a perda de receita de Rio Branco nos 3 meses da cheia foi de mais R$ 5 milhões.
Para ajudar a lidar com estes danos, o Governo Federal liberou R$ 1,2 milhão, recurso liberado através da Defesa Civil Nacional. O prefeito conta que esta ajuda da União foi muito importante, mas ela só cobre 21% dos prejuízos da cidade. O restante é a prefeitura que terá de arcar.
“Por tudo isso, este será um ano difícil. Apesar de todos os prejuízos, nossos grandes projetos como o Shopping popular, os terminais de integração e o PAC Mobilidade não serão impactados, pois têm uma contrapartida pequena de recursos do Município”, disse Marcus Alexandre. O prefeito assegurou, também, que o trabalho ao longo dos meses de ‘verão’ para recuperar a malha viária da cidade não será prejudicado. A prefeitura dará continuidade, de forma mais intensa, à Ação de Inverno nos bairros, que começou desde o início de janeiro.
“Não vou aderir à greve dos prefeitos”
As greves já se tornaram uma prática rotineira na atualidade. A cada mês, categorias cruzam os braços ou fazem paralisações temporárias para mostrar sua insatisfação com algum problema do seu ofício. Mas falar em uma greve dos prefeitos seria algo bem inusitado. Mas está prestes a acontecer. Prefeituras de todo o país estão ‘atoladas em dívidas’ e lotadas de cobranças. Neste cenário, prefeitos de todo o país mobilizam uma greve. Só que em Rio Branco ela não vai chegar.
Marcus Alexandre garante que não vai parar, principalmente nesta atual conjuntura que o Acre enfrenta. Nesta linha de raciocínio, o gestor falou sobre o desafio de ser prefeito. Uma missão nada fácil. Ou como o prefeito de Rio Branco prefere definir: é uma função que a cada dia tem mais atribuições e menos recursos para executá-las. De acordo com ele, cerca de 2/3 dos recursos públicos ficam com a União, restando aos governos estaduais e às prefeituras dividirem o terço restante. Só que deste terço a maior parte fica com o Estado. As prefeituras mesmo ficam com uma fatia de 10%.
E é neste cenário de muitos deveres e poucas verbas que Marcus Alexandre destaca que a sua obrigação é sempre buscar fortalecer mais parcerias para trabalharem com o Município. Por isso, para ele, é comum articular projetos e fazer os devidos agradecimentos com parlamentares que liberam emendas para Rio Branco, independente da sigla partidária a que seguem.
“Não podemos prescindir de apoio. Desta forma, faço questão de agradecer e convidar para as cerimônias de entrega todos os nossos parceiros, mesmo que sejam políticos de oposição. Porque, no fim das contas, quem ganha com a ajuda deles é a cidade. Precisamos fazer o bem para Rio Branco. E não podemos perder oportunidades, no caminho”, completou o prefeito.
Terminais de integração
Analisando a cidade de Rio Branco de uma forma geral, o prefeito Marcus Alexandre aponta dois gargalos estruturais que precisam de uma atenção especial. A drenagem urbana e o transporte coletivo. Só que ele não enxerga estas duas coisas só como problemas, mas sim como desafios a serem superados, com um pacote contínuo de investimentos. No primeiro deles, o prefeito conta que já foi realizado um estudo, que apontou que as principais ruas da Capital precisam de um investimento na ordem de R$ 50 milhões. Marcus disse que aos poucos isso será feito. E o início deste trabalho começará na Avenida Getúlio Vargas, com recursos do PAC Mobilidade.
Já no tocante ao transporte coletivo, as ações são mais visíveis. Na manhã de hoje, dia 11, a prefeitura entrega a primeira iniciativa daquelas que prometem revolucionar o transporte público da cidade. Será o Terminal de Integração da Baixada, um projeto que garantirá aos usuários 21 possibilidades de integração, tomando outros ônibus sem precisar pagar mais de uma passagem.
“Será o primeiro terminal que Rio Branco ganhará desde o Terminal Urbano, que foi construído pelo Jorge (Viana) há cerca de 20 anos. E este será o primeiro construído em um bairro. Será um projeto muito importante para nossa cidade. Hoje, Rio Branco tem 92% da sua população vivendo em áreas urbanas. Temos mais de 90 mil domicílios na cidade e uma frota de veículos que passa dos 140 mil. Ou seja, cada família tem mais de 1 carro ou moto em casa. Em 2005, eram apenas 52 mil veículos. Além disso, temos mais de 30 mil universitários. Portanto, precisamos ter um transporte coletivo de qualidade para dar melhores opções à população”, declarou.
O que representa um grande passo do Terminal de Integração da Baixada é que ele será apenas o primeiro da gestão de Marcus. Ao todo, serão 5 novos terminais, dos quais 3 serão entregues até o final deste ano. Os outros 2 terminais que serão inaugurados nos próximos meses serão o da Universidade Federal do Acre (Ufac), que vai garantir a maior integração da instituição com os bairros, e o da entrada dos bairros Xavier Maia e Adalberto Sena.
Os outros 2 terminais de integração que serão inaugurados no próximo ano será o do bairro São Francisco e o da Rodoviária Internacional de Rio Branco. Desta forma, haverá terminais em cada canto da cidade. Uma forma de ligar um bairro a outro, e baratear o serviço de transporte público aos usuários.
Outro diferencial dos terminais de integração é que eles terão uma iniciativa de incentivo à leitura. “Será o projeto Integrando a Leitura. Nele, as pessoas vão poder pegar qualquer livro em um acervo de obras literárias que vamos oferecer (a prefeitura vai receber os livros através de doações, através do ‘Rio Branco Amiga’) em pequenas bibliotecas e sem precisar preencher fichas. Depois, ao chegar ao próximo terminal, elas devolvem o livro, que ficará disponível para outra pessoa. Será uma forma de popularizarmos a leitura”, explicou Marcus.
Shopping Popular
O ‘famoso’ Shopping Popular continua sendo a menina dos olhos de Marcus Alexandre. E ele contou como vão as obras do projeto. Orçado em R$ 18 milhões, o prédio fica localizado atrás do Terminal Urbano e alocará 333 camelôs e vendedores ambulantes, em três andares.
O prefeito conta que a prefeitura hoje está na fase conclusiva de fazer o aterro no terreno do Shopping Popular. Até o final do mês, o lugar estará preparado para receber a estrutura. Em maio, serão colocadas as estacas e demais estruturas. Em junho, Marcus Alexandre espera que já comece a ser erguida a primeira laje do projeto. Para acompanhar todo o andamento das obras, a prefeitura instalou câmeras no local e pôs uma TV com as imagens no Terminal.
Mas um projeto grandioso não funciona só com estrutura. É preciso de muita organização e de investimento em recursos humanos. Apostar nas pessoas. Nesse sentido, o gestor conta que a prefeitura primeiro se uniu aos camelôs do Centro da cidade para que eles montassem uma comissão dos 10 mais bem cotados para representá-los. Com este grupo, foram escolhidos os 333 trabalhadores que atuarão no Shopping Popular e desde então eles estão sendo treinados.
O prefeito conta que o próximo passo foi fazer parcerias com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para que capacitassem os vendedores com técnicas de ‘esperteza nas vendas’. Agora, um consultor do Sebrae está fazendo, junto aos camelôs, um planejamento para fazer a melhor distribuição dos boxes, levando em conta a lógica de vendas.
No quesito da formalização, Marcus Alexandre não poupou elogios ao programa Microempreendedor Individual (MEI), no qual o trablhador paga R$ 33,00 por mês e tem direito a vários benefícios trabalhistas (ex: seguro-desemprego).