A notícia de que a residência era um depósito clandestino de cilindros com gases químicos, como acetileno e oxigênio medicinal, foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros ao retirar do local 22 unidades. O comerciante também não possuía autorização para estocar nem manipular os recipientes.
O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Alberto Flores, destaca a importância de uma denúncia nesses casos.
“Foi o primeiro acidente dessa natureza em Rio Branco, por isso, pedimos à população para que colabore e denuncie o armazenamento irregular de produtos químicos”, pede.
Após a explosão, o Corpo de Bombeiros deverá intensificar as fiscalizações de funcionamento, manuseio e transporte por parte das empresas que comercializam produtos químicos.
“Após a compra desse gás, o transporte precisa de uma autorização dos Bombeiros, pois é necessário ser realizado de acordo com a regulamentação de leis federais específicas. O armazenamento é crime. Então foi feita mais de uma infração nesse caso”, confirma.
O acetileno C2H2 é um gás puro altamente inflamável e considerado muito reativo. É usado na indústria, principalmente, em soldagem. Seu uso requer amplos conhecimentos quanto aos riscos oferecidos tanto no seu recebimento, transporte, armazenamento e utilização, quanto aos efeitos e impactos para o meio ambiente, para as instalações e principalmente para as pessoas.
Ainda em choque, vizinhos contabilizam prejuízos
“A Copa este ano vai ser triste”, afirmou a moradora do bairro Manoel Julião, Maria Júlia Santos. Isso porque a Rua Edmundo Pinto era referência na cidade em decoração e pintura durante o evento. Mas, o local agora será conhecido pela explosão de cilindro de gás acetileno, que comprometeu a estrutura de várias casas e vitimou o comerciante João Batista de Alencar, na tarde da última terça-feira, 13.
Na manhã desta quarta-feira, 14, quatro residências estavam interditadas pelo Corpo de Bombeiros, mas foram liberadas para outros procedimentos de limpeza e remoção de entulhos. O laudo de levantamento de danos deve sair em 30 dias. No entanto, esse prazo pode ser prorrogado por mais 50 dias.
Ao se lembrar dos momentos antes da explosão, Márcia Leão ainda se emociona. “Estava descansando após o almoço. Era por volta de 13h50, quando ouvimos o barulho. A terra tremeu e a casa veio abaixo. Tudo ao mesmo tempo. Quando encontrei meus irmãos, saímos para a rua só com a roupa do corpo. Voltamos apenas para buscar os documentos. Não sei o que vamos fazer”, explicou.
De acordo com Márcia, ninguém sabia da existência dos cilindros na residência. “Todos os vizinhos sempre foram muito discretos. Mas, não imaginávamos que eles tinham verdadeiras bombas dentro de casa. Se soubéssemos certamente isso não teria acontecido, porque teríamos exigido a remoção dos cilindros”, confirma.
Ainda chocado com a violência da explosão e as consequências deixadas por ela, outro morador relata que não sabe o que fazer daqui por diante. “É como se de uma hora para outra me tirassem o chão! Não sei nem por onde começar”, confessou.
A Polícia Civil do Acre abriu inquérito para investigar o armazenamento de cilindros com produtos químicos na residência. Responsável pela investigação, o delegado Pedro Paulo Buzolin explicou que a armazenagem de material perigoso, como cilindros de oxigênio e acetileno, dentro de casa configura crime.
“Precisamos verificar se a vítima é o autor do crime, porque nesse caso, como não há a quem imputar, não haveria necessidade de instaurar procedimento”, explica. Além disso, caso outra pessoa esteja envolvida no armazenamento, poderá ser indiciada. Os familiares da vítima deverão ser chamados para depor nos próximos dias.
Amigos fazem campanha para ajudar família Alencar
Amigos estão fazendo uma campanha através das redes sociais para arrecadar dinheiro e todo tipo de material visando ajudar a família Alencar. De acordo com os organizadores da ação, neste momento a família precisa do apoio dos rio-branquenses, já que as vítimas do incidente perderam tudo que havia na casa.
Uma conta corrente está disponível para arrecadação de doações financeiras, bem como todo e qualquer ajuda que será bem vida, deixada aos familiares. Os dados para depósito são os seguintes: Banco do Brasil, agência 3022-8, conta-corrente 44.294-1, titular: Ruth Alencar. Quem for doar é necessário ter atenção, pois já existe aplicação de golpes financeiros usando o nome da família.
NOTA:
“Amigos de profissão e de vida é hora de união! Como todos já devem saber, a família dos nossos queridos Christian Alencar, Ruth Alencar e Nícolas Alencar estão precisando do nosso apoio após um triste acontecimento em suas vidas. Uma explosão na residência da família fez com que os mesmos perdessem tudo. Diante deste fato, iniciamos esta campanha com o intuito de ajudá-los neste momento difícil. Seja humano, seja solidário e lute conosco! Pedimos também orações, para que Deus possa confortá-los neste momento tão difícil”.