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Décima sexta edição do Rumos Itaú seleciona projeto no Acre

Com a proposta de difusão e formação da Cia do Ouriço, com o espetáculo ‘Inservíveis ou da inutilidade das coisas deste mundo e de outros’, o projeto de Lorhaynna Araújo de Lima foi o único a ser selecionado no Acre pelo programa Rumos Itaú Cultural. Sugerindo, além das apresentações, intercâmbios com outros grupos e oficinas. O grupo é acreano, com integrantes de Rio Branco e Xapuri. Mas pretende realizar seu projeto em São Paulo.

Lorhaynna segue os passos dos também selecionados, como a banda Los Porongas (2007-2009), programa Zé Jarina (2010) e Ueliton Santana (2011). O anúncio foi feito na sede do Itaú Cultural em São Paulo na manhã desta segunda-feira, 26. Ao todo foram inscritos 15.120 projetos, deles 104 trabalhos receberão o apoio da instituição. A lista completa pode ser conferida através do site do Itaú Cultural (novo.itaucultural.org.br/).
Com o novo formato, o Rumos tem novos ares e maior abrangência. Além de patrocinar projetos tradicionais, que resultarão em uma obra a ser exposta ao público (como ocorria nos editais anteriores), o projeto ganhou nova dimensão e terá entre os selecionados uma extensa e variada gama de experimentos. Iniciativas que incluem pesquisa, organização de residências e seminários, circulação de repertório, documentação, desenvolvimento de plataformas e softwares, entre outras propostas.

“Não poderíamos ter dado um passo mais certeiro ao fazer a escolha radical de entregar ao mundo da cultura a definição dos parâmetros do fomento. Foi como se tivéssemos aberto as portas do Instituto para um universo que estava fervilhando aí fora, e que não encontrava canais para nos acionar”, diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

Apesar de já existir há 17 anos, uma nova fase do programa foi anunciada no ano passado, como parte de um ciclo de renovação. “A gama de projetos que iremos patrocinar nos colocou em sintonia com o que está presente na diversidade da criação e produção brasileira nesta área”, complementa Saron.

Os estados que não tiveram projetos contemplados devem ser atingidos por ações de outros Estados, explica o diretor. “Todos os estados do país serão impactados, seja pela origem dos proponentes, seja pela destinação final dos projetos”.

Um bom exemplo disso é o projeto de São Paulo que impacta pelo menos 15 capitais brasileiras, o Ponto BR. Ele é de autoria de Marcelino Freire, escritor pernambucano residente em São Paulo. O objetivo é mapear autores que estão à margem da produção editorial por meio de encontros a serem realizados em Rio Branco, Maceió, Macapá, Manaus, Vitória, Goiânia, São Luís, Cuiabá, Campo Grande, Belém, Teresina, Porto Velho, Boa Vista, Aracaju e Palmas. O mapeamento ficará disponível em uma publicação virtual.

Ao todo, serão investidos R$ 11 milhões para a realização dos projetos selecionados em todo o país, além de outros dois do exterior: um da Espanha e outro da Argentina. Mesmo lá, as atividades propostas possuem relação direta com o Brasil.

Pela distribuição geográfica, a região Norte foi contemplada com seis projetos (6% do total); o Nordeste com 20 (19,9%); o Centro-Oeste com cinco (5%); o Sul com 16 (15,9%) e o Sudeste com 54 (53,4%).
Das cinco regiões brasileiras foram inscritos 14.907 projetos – 589 do Norte (3,95% do total), 2.615 do Nordeste (17,54%), 990 do Centro-Oeste (6,64%), 1.859 do Sul (12,47%) e 8.854 do Sudeste (59,39%). Do exterior, de países como Alemanha, Argentina, Espanha, Estados Unidos, Japão, França, foram registradas 213 inscrições.

Comissão que avaliou os projetos

A Comissão Multidisciplinar de Seleção avaliou as propostas entre a segunda quinzena de novembro de 2013 e maio de 2014. O grupo responsável pela eleição dos projetos foi formado pelos gerentes de núcleo do Itaú Cultural, Claudiney Ferreira (literatura e audiovisual), Edson Natale (música), Marcos Cuzziol (inovação em arte e tecnologia), Sofia Fan, (artes visuais), Sonia Sobral (teatro e dança), Valéria Toloi (educação e arte), Ana de Fátima Sousa (comunicação), Tânia Rodrigues (Enciclopédia) e Anna Paula Montini (jurídico).

A eles se juntaram o crítico de música Juarez Fonseca, o coreógrafo Marcelo Evelin, o cineasta Marcelo Gomes e o especialista em pesquisa em Educação, Nélio Bizzo. Também integraram a banca de avaliação o pesquisador em novos modelos econômicos Reinaldo Pamponet, a artista visual Regina Silveira, o crítico e pesquisador teatral Valmir Santos, a doutoranda em cinema Ilona Feldman, a escritora e professora de Teoria da Literatura, Maria Esther Maciel, e a mestra em teatro e educação, Maria Tendlau.

Além de fazer a seleção e organizar os trabalhos, em alguns casos, o grupo atuou – e atuará – como mediador junto aos artistas, promovendo o diálogo com outras proposições e sugerindo reflexões que possam contribuir para o resultado final.

O jornalista Valmir Santos destacou a relação de mediação e troca entre a comissão e os criadores. “É como se o artista e o curador tivesse uma relação mais autônoma. O novo Rumos delega a este criador o campo de ação e autonomia”

Números históricos

 O Itaú Cultural comemora o número recorde de inscrição de projetos. Na 16ª edição foram 15.120 projetos, nas edições anteriores, cujos editais eram por carteiras para cada área de expressão, o recorde foi de 2.700 inscritos no Rumos Música, em 2010.

Segundo Eduardo Saron, devido ao volume de projetos recebidos de todas as partes do país, é possível que seja lançada uma revista com a contribuição cultural oferecida pelos projetos que não foram selecionados no Rumos.

“O fato de o projeto não ter sido escolhido não significa que ele não será aproveitado. Além disso, estaremos em contato com os proponentes para a adaptação e execução do projeto. Através dos projetos, pudemos fazer uma reflexão sobre a cultura atual”, confirma o diretor.

Histórico do Rumos

Principal linha de atuação do instituto, o Rumos Itaú Cultural foi criado em 1997 para localizar, apoiar e difundir projetos artísticos e culturais, por meio de edital público e comissão autônoma. O programa foi pioneiro no mapeamento do que é produzido em arte e cultura no Brasil contemporâneo, mobilizando pesquisadores, artistas, especialistas e instituições de todo o país.

São mais de 24 mil projetos inscritos e 990 iniciativas apoiadas em Arte Cibernética, Artes Visuais, Cinema e Vídeo, Dança, Teatro, Educação, Jornalismo Cultural, Literatura, Música e Pesquisa Acadêmica. O trabalho dos selecionados foi exposto para mais de 3 milhões de pessoas, no instituto e de forma itinerante pelo Brasil e pelo restante da América Latina.

Além do mais, as obras foram divulgadas por mais de 900 emissoras parceiras de rádio e televisão.

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