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Deputados admitem que cassação de José Augusto foi um erro do parlamento acreano

Cinquenta anos após a cassação do ex-governador, José Augusto de Araújo, os parlamentares estaduais anularam ontem a sessão realizada em 8 de maio de 1964 que ratificava o ato ditatorial. Com o voto unanimidade de todos os deputados presentes na sessão ordinária, o ex-governador tem o mandato reposto.

O projeto de autoria do deputado Eduardo Farias (PC do B) teve parecer favorável pelo relator, deputado Astério Moreira (PEN), que lembrou a trajetória de José Augusto de Araújo e sua luta em defesa do Acre. Lembrou, também, a perseguição sofrida pela Ditadura Militar durante seu governo que culminou com sua cassação.

Quando foi aberta a votação e discussão do projeto, o deputado Eduardo Farias pediu questão de ordem e solicitou a Mesa Diretora, presidida pelo deputado Moisés Diniz (PC do B), que procedesse a votação de modo nominal, ou seja, que cada parlamentar expressasse o voto.

Os 13 parlamentares presentes votaram de modo unanime com o relator da proposta. Todos justificaram o seu voto. A oposição compareceu em pequeno número. Dos cinco parlamentares, apenas o deputado Chagas Romão compareceu à sessão.

Chagas Romão votou com a relatoria. Disse que Eduardo Farias foi feliz ao propor que a Aleac corrigisse o que ele classificou de ‘erro’. O parlamentar acrescentou que tudo foi feito com ênfase e seriedade sem fins politiqueiros. O discurso do deputado jogou por terra a ideia de que a sessão teria apenas a finalidade de destacar o nome da filha do governador reposto, Nazaré Araújo, que é vice na chapa de Tião Viana.
O deputado Edvaldo Souza também classificou como um erro a sessão de 8 de maio de 1964 e destacou que aquele ato foi ‘imoral’. “Estamos corrigindo um grande erro na história do Acre, naquela sessão imoral”.
Já o deputado Geraldo Pereira destacou que uma carta de renúncia escrita sob armas não pode ser encarada como um ato legítimo. Ele destacou que a vontade popular foi anulada quando foi deposto o governador José Augusto Araújo.

“Com a pressão de uma baioneta não podemos considerar uma carta de renúncia. Não foi apenas a renúncia do governador José Augusto de Araújo, foi a exclusão do povo do Acre do processo democrático de governar”, salientou Geraldo Pereira.

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