Durante toda a semana, representante de uma indústria têxtil do Sul do Brasil esteve no abrigo no Parque de Exposições selecionando a mão-de-obra dos haitianos. Pela terceira vez, a empresa vem ao Acre para contratar os imigrantes. Agora, 42 deles irão trabalhar na filial de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Os recrutados irão partir na tarde desta quarta-feira, 7.
O consultor Paulo Leszczynski, ressalta que sem a logística do governo estadual não seria possível viabilizar esse tipo de contratação. “Além disso, a mudança de abrigo também facilitou o andamento do processo. Até agora, já foram contratados 92 estrangeiros que estavam no abrigo em Brasiléia”, confirma.
Ainda de acordo com Leszczynski, apenas 20% não fazem mais parte do quadro de trabalho, uma porcentagem usual de rotatividade. A seleção leva em conta a faixa etária, força de trabalho e o interesse pela oportunidade de trabalho na tecelagem. “Na nossa região, as pessoas não mostram interesse para trabalhar em funções operacionais e os haitianos são esforçados e aprendem rápido o trabalho”, ressalta.
Aos imigrantes contratados é oferecido seis meses de moradia gratuita. Se continuar no emprego, os funcionários passam a pagar 50% do aluguel no alojamento nos seis meses seguintes, benefício que oportuniza a estabilidade para os refugiados.
“Todo imigrante recebe o mesmo salário que um brasileiro e os mesmos direitos, trabalham de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e recebem de acordo com o plano inicial de carreira na empresa”, explica Leszczynski.
Pela primeira vez no Estado, o gerente de uma empresa com sede em Rondônia, Ademir de Souza, se diz entusiasmado com a quantidade de mão- de-obra disponível. “Temos 100 vagas em aberto, mas não sei se serão ocupadas apenas por haitianos. Estou aqui para colher informações e levar para a direção da empresa. Mas, adianto que gostei do que vi aqui. A estrutura logística oferece segurança para as contratações”, destacou.
Muitas empresas já estão atentas à possibilidade de contratação de imigrantes. “Vemos que algumas já se organizam para realizarem suas seleções. Soubemos dessa situação, através da mídia, mas temos informações do bom trabalho desenvolvido pelos haitianos dentro das empresas. Acreditamos que o idioma não será problema, já que temos pessoas que conseguem fazer intercâmbio na empresa”, explica.
O abrigo da Capital está com 431 imigrantes. Deste total, cerca de 40 chegaram de táxi nesta terça-feira, 6. A equipe da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS) estava realizando o cadastramento. Uma equipe da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) acompanha a seleção para trabalho e também encaminha os estrangeiros para a retirada de documentos. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)