Intimado a depor na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco, nesta segunda-feira, 19, o ex-deputado Hildebrando Pascoal, acusado de liderar um grupo de extermínio que atuou no Acre durante a década de 1990, preferiu silenciar. Pascoal é acusado de envolvimento no sequestro e morte de José Hugo Alves Júnior, em 1997, no estado do Piauí.
Além do ex-deputado, foi ouvido também o ex-policial Raimundo Alves de Oliveira, mais conhecido como “Raimundinho”, acusado de envolvimento no mesmo crime.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Acre, o caso está sendo julgado pela Vara Única da Comarca de Parnaguá, no Piauí, mas como os réus cumprem pena em Rio Branco por outros crimes os depoimentos serão enviados por carta precatória.
Silêncio – Segundo a Justiça acreana, nos 33 minutos que duraram o depoimento, o ex-deputado e o ex-policial responderam apenas as perguntas sobre seus dados pessoais, se negando a responder qualquer indagação sobre o crime.
Pascoal pediu ainda que a Defensoria Pública do Piauí recorra da sentença, caso a ação seja julgada procedente.
Cabe agora ao juiz que analisa o caso na Justiça piauiense decidir o próximo passo. Os dois réus poderão ser levados à júri popular. Nesse caso, ambos terão que ir até o Piauí para serem julgados.
Entenda o caso
Acusado de chefiar um grupo de extermínio no Acre, Pascoal cumpre pena em Rio Branco por tráfico, tentativa de homicídio e corrupção eleitoral. Em 2009, ele foi condenado pela morte de Agilson Firmino, o ‘Baiano’, caso que ficou conhecido popularmente como ‘Crime da Motosserra’. As condenações todas somam mais de 100 anos.
Firmino teria auxiliado na fuga de José Hugo Alves Júnior, suspeito de ter assassinado Itamar Pascoal, irmão do ex-deputado, após uma discussão em um posto de gasolina da capital.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Piauí (MP-PI) em janeiro de 1997, Hildebrando Pascoal conseguiu localizar José Hugo na fazenda Itapoã, no município de Parnaguá (PI). A vítima teria sido então levada para o município de Formosa do Rio Preto (BA), onde teria sido torturada e assassinada.
O ex-deputado também é acusado de sequestro e cárcere privado praticado contra Clerisnar dos Santos e seus dois filhos menores. Esposa e filhos de José Hugo respectivamente.