Logo após os parlamentares estaduais aprovarem a anulação da sessão realizada em 8 de maio de 1964, que cassou o mandato do governador, à época, José Augusto de Araújo, foi realizada uma sessão solene com a presença de autoridades do judiciário, secretários de Estado, vereadores de Rio Branco, representantes sindicais além dos familiares do governador reposto, José Augusto de Araújo.
Muito emocionado, o filho de José Augusto de Araújo, o ex-vereador e engenheiro civil, Ricardo Araújo falou da dificuldade que a família enfrentou durante o Regime Militar no país. Ele agradeceu ao deputado Eduardo Farias pela iniciativa e disse que a ideia é resgatar a memória do pai e garantir o direito de milhares de acreanos, que na época depositaram na urna o desejo de um Acre melhor.
“É muito difícil para um filho ver seu pai morrer. Nenhum dinheiro trará meu pai de volta. A democracia não pode sofrer abalo nenhum. Esse ato aqui hoje está irrigando e adubando a nossa democracia”, disse Ricardo Araújo.
José Augusto de Araújo foi lembrado como um governador visionário. Segundo alguns discursos, o ex-governador marcou a história ao tentar implantar uma Reforma Agrária no Estado, mas teve a ideia abortada pelo Regime Militar. Além disso, ele ajudou a garantir os direitos dos cidadãos com a criação do Ministério Público e do Tribunal de Justiça do Acre.
A filha de José Augusto, procuradora Nazaré Araújo, lembrou que há 50 anos o Acre viveu um cerco muito triste na sua história. Ela ressaltou que foi perseguida junto com a família no Rio de Janeiro quando o pai foi deposto e interrogado pelos militares no Rio de Janeiro.
O governador em exercício, desembargador Roberto Barros, disse que José Augusto de Araújo foi vítima do “maior erro institucional”. Ele afirmou que a atitude dos deputados ajuda a construir uma nova história para o parlamento acreano.
Já o vice prefeito de Rio Branco, Márcio Batista (PCdoB), argumentou que o golpe militar não pode ser entendido como uma Revolução, pois não trouxe mudanças nem econômicas, nem sociais, mas sim o cerceamento da liberdade de expressão.
Marcus Vinícius, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AC), que participou da solenidade, também rememorou que muitos advogados foram perseguidos pelo Regime. Ele agradeceu aos parlamentares pelo reconhecimento necessário e justo aos familiares de José Augusto de Araújo.