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Obviedades da Copa 2014

Em meio a essa overdose de futebol, por conta dos muitos jogos da Copa do Mundo, que ocorre  no Brasil, todo brasileiro que se preza tem que ejacular sua opinião, emitir seu pitaco sobre as seleções que disputam “o caneco” e seus jogadores tremendamente badalados. Mesmo porque, até na sessão  do Senado da República, figuras de primeira grandeza da política nacional, dedicaram um tempinho para “cutucar” ou enaltecer o torneio. Assim, com a permissão dos entendidos no assunto vou tecer, neste artigo, algumas obvie-dades sobre  o que mais me incomoda quando o assunto é  futebol e o mundo do futebol em geral.

Dentre as tantas obviedades desta copa mundial de futebol, umas poucas podem ser claramente observadas, redundantemente a olho visto. A primeira é que o evento não se resume apenas, como queria e dizia o falecido jornalista João Saldanha,  num jogo de futebol. Alias, é óbvio, que futebol mesmo, até aqui, é o que menos se viu. O  futebol, catarse e paixão das mais insanas, antigamente chamado de “a alegria do povo” principalmente daqueles que só tem circo, nos dias atuais é refém de uma turba de “empresários” oportunistas, caso específico dos cartolas, que jogaram alguns dos principais e tradicionais clubes brasileiros na penúria a que estão submetidos.

Hoje o futebol é um negócio fantástico. Todos, sem exceção, ganham. Uns mais, outros menos. Todavia, há quem amealhe somas vultosas: TV Globo, que detém todos os direitos de transmissão. Não é à toa que o Galvão Bueno ganhe por mês, falam por aí, cerca de 5 milhões de reais. Aliás, o Galvão está pouco ligando para o que dizem dele. É cidadão de Mônaco. Vive mais na Europa do que por aqui. Os problemas da gente brasileira não lhe diz respeito. Igualmente, embolsam a CBF e, principalmente a FIFA do Blatter. Em síntese, é um imperio econômico dos mais nababescos. Meninas e meninos de programas sexuais elevaram seus cachês nas cidades sede dos jogos. Algumas casas de saliências em São Paulo, p.ex, importaram garotas de programas, pois a demanda é grande.

Não podemos negar que, em detrimento do fraco futebol, o País bafeja festa  e muita pompa. Mesmo que esse esplendor tenha custado aos combalidos cofres públicos, somas astrônomicas. Foram bilhões de reais somente na costrução de estádios ou “arenas”.  Contudo, isso é óbvio demais. Todo mundo sabe, até os políticos profissionais.

Ficou óbvio, também que a toda poderosa FIFA com suas normas proibitivas, tendo à frente o papa de todos os ditadores, quebrou a cara com os seus queridinhos,  patrocinados por grandes marcas internacionais, que são escolhidos  todo ano como os melhores do mundo. Mas, quando assunto é futebol mesmo, se equiparam a jogadores medianos. Taí o garoto top, Cristiano Ronaldo, como a representação mais evidente do que afirmo. Três jogos, e nada de futebol!

A nova geração de torcedores, meninos e meninas  de até  20 anos,  que de futebol só entende o que aí está, compra a briga da FIFA e sai por aí endeusando “pernas de pau”.  A título de exemplo nos últimos quatro anos os escolhidos foram Messi e Cristiano Ronaldo. Os dois juntos não jogaram ainda a metade do que jogou o Zico.

Ainda, sobre os melhores do mundo, entre aspas. Estranhamente, o jogador  Robben da Holanda disparadamente o mais completo e eficiente atacante em atividade na Europa, não foi nem ao menos indicado. Vai precisar ganhar a copa no Brasil. Pois é óbvio que a bola da vez é Neymar.  A propósito, o jovem jogador  brasileiro, tem sorte de príncipe. Está inserido naquela máxima atribuída ao Criador, que escolhe alguns dentre tantos, e diz: “Vai incompetente, fazer sucesso!” O pênalti contra a Croácia é exemplo crasso do que digo. Cobrou cheio de trejeitos. Quase perde!

Quero dizer que não  sou daqueles que só vêem coisas boas no passado, em prejuízo das coisas boas do presente, mas tomo as experiências vividas no passado para compreender o presente; não há só mazelas no presente, mas quando se trata do mundo do futebol, o que se nos apresenta no momento, nada mais é do que um comércio ufanista da pior espécie.

Dentro das quatro linhas, pouca coisa se aproveita dos  jogos que aconteceram até aqui, nesta Copa. Os jogos chegam às raias da mediocridade, onde pontificam as jogadas desleais, cabeçadas e cotoveladas, beirando a violência, como testemunhamos nesta primeira fase do torneio. Nem mesmo a alta tecnologia, gramados bem tratados, chuteiras sofisticadas e bolas levíssimas, consegue melhorar o desempenho da maioria dos jogadores que pratican esse esporte tão querido de toda gente do Planeta Terra.

Todavia, dominado por essa paixão alienante, embalado pelo endeusamento, por parte da mídia, advinda das poucas jogadas de efeito, de alguns poucos jogadores que se destacam entre os muitos esforçados, perplexo pelo nacionalismo da emocionada torcida, presente aos estádios, quando da execução dos hinos pátrios. O mundo, representado pelo cidadão comum, esquecido das agruras da existência humana, diz aos dominadores do presente século que quer viver em fleuma. Portanto, salve futebol: overdose danada e  ópio do povo.

*Pesquisador  Bibliográfico em Humanidades.
E-mail: assisprof@yahoo.com.br

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