O professor do curso de Economia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Carlos Estevão Ferreira Castelo, defendeu recentemente na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) sua tese de doutorado intitulada ‘Experiências de seringueiros de Xapuri no Estado do Acre e outras histórias’. A tese foi desenvolvida sob a orientação da professora Zilda Marcia Grícoli Iokoi.
No trabalho, Castelo procura desenvolver algumas reflexões acerca das mudanças nos modos de vida que os seringueiros de Xapuri/AC vêm experimentando desde o assassinato de Chico Mendes, em 1988.
Neste sentido, explica o professor Carlos Estevão Ferreira Castelo “as atenções e energias do estudo foram concentradas na tentativa de perceber, principalmente, a partir de relatos coletados com moradores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Cachoeira e da Reserva Extrativista Chico Mendes, os novos temores, as novas experiências e os novos desafios, entre outras histórias experimentadas pelos seringueiros residentes nos locais pesquisados”.
Para isso, a pesquisa procurou estabelecer um diálogo com as experiências dos sujeitos sociais, objetivando traduzir, por meio de relatos colhidos, in loco, as vozes, os rostos e as vivências humanas na cena do estudo.
A História Oral foi a principal estratégia metodológica utilizada para a obtenção das fontes. Entretanto, também foram utilizadas fontes escritas. Segundo Castelo, a análise e o diálogo com as fontes apontam que as principais modificações no viver dos sujeitos pesquisados aconteceram, principalmente, após a chegada ao poder estadual de um grupo político denominado “Frente Popular do Acre”.
“Esse Governo, que se autodenominou “Governo da Floresta”, realizou investimentos patrocinados por organizações internacionais que trouxeram mudanças significativas no modus vivendi das pessoas do interior das matas xapurienses. Essas mudanças melhoraram a vida dos sujeitos, mas também trouxeram problemas, riscos e prejuízos. A possibilidade do desaparecimento dos seringueiros, deixando o território limpo para outras explorações, constituiu-se em uma das importantes questões que a pesquisa evidenciou e suscitou no meio social da floresta xapuriense”, esclarece o professor.