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“A FPA tem que ver o PDT com outros olhos”, cobra Luís Tchê

O deputado José Luís Tchê (PDT) comentou a permanência do PDT na Frente Popular do Acre. Segundo ele, a decisão já havia sido tomada com os pré-candidatos do partido e que não houve a intervenção do governador Tião Viana (PT) para que o partido não deixasse a FPA.

Em entrevista À Gazeta, disse que se há algum problema com o Executivo isso deve ser resolvido com ele, sendo que o PDT não pode pagar por suas atitudes individuais. Ele também afirma que o PDT buscará mais espaço nesse segundo governo de Tião Viana. “O PDT deixou de ser uma moeda de troca. O PDT é um partido forte”.

Tchê destacou que os pré-candidatos do PDT estão liberados para apoiar qualquer nome ao Senado e disse que não há diálogo com o PC do B.

A GAZETA – O que o levou a decisão de manter o PDT na Frente popular? Houve pressão junto à Executiva Nacional para que o partido permanecesse na FPA?

Luís Tchê – O PDT sempre esteve na FPA, com o Jorge, o Binho e agora o Tião. O projeto político tem dado certo. O governador Tião Viana é muito aguerrido. Pega o Estado e consegue fazer um bom trabalho mesmo com todo desgaste que vive o Estado e o próprio país. Não houve pressão. O que acontece é que o PDT Nacional está com a presidente Dilma. Na conversa com o Tião Viana e o Carlos Lupp, uma coisa foi muito bem pontuada. O PDT sempre apoiou os partidos de esquerda. Ficaria muito difícil a executiva nacional apoiar o PSDB, por exemplo. Não seria ideológico. Essa decisão de ficar na FPA foi tomada na quarta-feira, aqui, numa reunião que começou às 19 horas e terminou as 23h54. Ouvimos todos os nossos pré-candidatos a estadual. Dos 30, apenas 3 disseram que queriam o PDT na oposição. A maioria absoluta apoiou o Tião Viana. Eu não sabia que o Tião Viana ia à Brasília para falar com o Lupp. Nossa decisão já havia sido tomada aqui bem antes.

A GAZETA – O senhor tem feito críticas à presidente Dilma nos últimos dias. O PDT no Acre vai apoiar Dilma Rousseff (PT) ou segue com o Eduardo Campos (PSB)?

Luís Tchê- Tenho tecido várias críticas à presidente Dilma, inclusive sobre compensação para o Estado. Não é porque eu teci críticas a ela e algumas vezes ao governador Tião Viana que a gente não pode coligar. A questão é que a presidente Dilma mostre qual o projeto que ela tem para o Acre. Que ela consiga rever essa situação do Acre Território com o Acre Estado, pois ficou uma dívida. Então se a ela nos mostrar um projeto para o crescimento econômico, ótimo. Não tem problema o PDT apoiar, não.

A GAZETA – O senhor tem consciência que sua eleição pela FPA pode ter ficado comprometida. Houve alguma compensação para isso?

Luís Tchê – Toda eleição é difícil em qualquer dos lados. Na FPA, a disputa é mais verticalizada, em minha opinião. Já na oposição a disputa é mais horizontal. A gente disputa com mais igualdade. Não houve compensação.

A GAZETA – Quais os anseios do PDT no Acre? O partido vai requerer mais espaço no governo de Tião Viana, se reeleito for?

Luís Tchê – O PDT precisa de espaço político. Ele tem 34 anos.  Um partido que tem uma historia política. Aqui no Estado do Acre a gente precisa se ver no governo. O PDT vai apresentar sugestões ao novo governo do Tião Viana. A criação de uma secretaria do Trabalho que atue junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a escola em tempo integral… A questão da produção, priorizar os ramais. Tudo isso vamos apresentar no dia na nossa convenção. Vamos apoiar o Tião Viana para que no próximo governo o PDT se sinta contemplado. O partido não tinha quadro, não existia, andava muito dentro de uma pasta. Hoje, tem um endereço. Temos quadro, estamos buscando lideranças.

A GAZETA – O senhor recentemente disse que o PC do B precisava fazer um gesto para com o PDT a fim de que o apoio à deputada federal Perpétua Almeida fosse garantido. O senhor ainda aguarda esse gesto?
Luís Tchê – O PC do B me prejudicou muito. Não diria o PC do B, mas algumas lideranças do partido. A deputada Perpétua nunca procurou o PDT para conversar. Não tivemos essa discussão com a Perpétua. Quero saber qual o compensação que ela não vai nos dar, entende? A conversa que eu tive com a deputada, que me chama a atenção e me deixa muito entristecido, é que logo que ela me vê diz assim: “eu não tenho dinheiro para a campanha”. Quer dizer, quando você olha para mim, que deixei tudo na minha vida para fazer política, minhas empresas… Não tenho negócio com o governo. Faço política em gratidão ao povo acreano que me elegeu por três mandatos, por isso estou colocando o meu nome como federal. Estar olhando para mim como seu tivesse cifrão, e isso me incomoda. Há três meses que ela é pré-candidata ao Senado e ela nunca procurou o PDT para conversar. Vem com desculpa: “ah, eu não procurei por causa disso, daquilo”. Isso não existe. Você deixa brecha. Se em tua casa você não dá o carinho para tua patroa, outro vem e dá. O PDT se sentiu assim. Sobre essa discussão da Perpétua, tem muitos pré-candidatos à estadual que disseram que são Gladson Cameli e que não vão mudar, pela relação. Quanto mais afastado, mais difícil vai ser a relação com a Perpétua.

A GAZETA – O senhor concorda que a chapinha foi um sonho que nasceu morto?

Luís Tchê- Quanto a chapinha, já tentamos de vários jeitos. A própria FPA não reconhece. As duas chapas poderiam eleger uma. Só eu, o José Afonso, do PSDC, e o Raimundo Vaz, do PRP, não conseguimos nos eleger. Vamos de chapão. Falando em estadual, o PDT pretende eleger dois estaduais e pelo time podemos eleger três. A resolução da nacional é que todos os candidatos à estadual terão que apoiar o meu nome para federal.

A GAZETA – Quais os destaques desses 11 anos de mandato?

Luís Tchê- Nesses 11 anos conseguimos presidir a Unale. Somos vice-presidente da Copa. Então, conquistamos respeito. Temos um trabalho. Isso eleva o nome do Acre lá fora. Na Aleac, aprovamos a Lei que humaniza o parto, que virou uma lei federal. Outra lei que aprovamos é a meia entrada para os professores e tem muito professor que não sabe disso. Derrubamos o veto do governo sobre a Carteira Nacional de Habilitação popular.

A GAZETA – O senhor deixa a Unale este ano, senão for eleito?

Luís Tchê – Se eu for eleito também. Dia 31 de janeiro a gente entrega. Tem que ter um mandato de estadual para presidir a entidade. Mas, meu plano agora é preparar a Unale para o futuro, que ela possa prestar serviços para os deputados estaduais. Queremos que a Unale seja uma prestadora de serviço. Vamos trazer a experiência dos Estados Unidos.

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