* ProScience mostrará ao Brasil projeto que há décadas recupera aqui áreas de florestas degradadas
DA REDAÇÃO
As experiências com a restauração florestal e a recuperação de pastagens degradáveis na reserva do Humaitá, em Porto Acre (a 60 quilômetros de Rio Branco), serão incluídas em portfólio da Associação ProScience, uma empresa de consultoria contratada pelo Programa Água Brasil, que descreve as experiências bem-sucedidas nos biomas brasileiros.
O Projeto Arboreto foi desenvolvido por um grupo de cientistas da Ufac e agricultores do Humaitá com o objetivo de desenvolver a pesquisa e a educação agroflorestal para comunidades tradicionais do Acre.
E o Programa Água Brasil, da qual o projeto fará parte agora, é fruto de parceria entre a Fundação Banco do Brasil, o WWF-Brasil e a Agência Nacional de Águas (ANA).
Embora a consagração nacional do Projeto Arboreto tenha chegado agora, os estudos começaram há 33 anos, no Parque Zoobotânico, o PZ, segundo informa a Ufac em reportagem na mais recente edição do seu boletim, o Ufac Hoje.
O desafio era reflorestar a região de pasto, de cerca de 110 hectares, doada para a Ufac para a instalação do PZ, tornando-o num vasto campo de pesquisa.
Técnicos do herbário começaram a produção de grande volume de mudas de espécies florestais, para que a ação se tornasse possível. Para isso, foram plantadas 138 espécies de árvores, que seriam experimentadas em projetos de pesquisa no PZ.
Hoje, o PZ é a maior área verde do perímetro urbano de Rio Branco, com 165 hectares, podendo chegar a mais de 210 hectares de mata de regeneração.
No Humaitá, a experiência começou há 11 anos, na propriedade do agricultor Valdir Silva, a 29 quilômetros de Rio Branco.
Uma comissão da Associação ProScience já esteve no Acre para verificar in loco o programa, no Parque Zoobotânico. As pesquisadoras Simone Bazarian e Maria Rosa, da ProScience, vieram conhecer o projeto no PZ e no Humaitá.
“É incrível como a diversidade de espécies se comportaram bem ao longo desses anos”, frisou Bazarian.
As áreas agrícolas do Humaitá se tornaram então modelos de reflorestamento, sem uso de queimadas nem de agrotóxicos e após a implantação das técnicas levadas pelo Arboreto, a fauna e a flora se recompuseram.
“Voltamos a ver capivaras e tatus, coisa que já fazia tempo que não se via”, comemora Valdir Silva.
Há mais de dez anos sem utilizar queimada em sua terra, Silva exibe as técnicas levadas pelos profissionais da universidade e mantidas até hoje. Entre elas, a adubação verde, com uso de leguminosas como o feijão-de-porco e a mucuna-preta ou feijão-da-flórida. Elas contêm a invasão do capim e mantêm o solo úmido e fértil por todo o ano. (As informações são de Glauco Capper, do Ufac Hoje/ Foto: Glauco Capper)
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EMPREENDEDORES
Com determinação, ajudante de cargas se torna fornecedor de salgados no Bahia
RESLEY SAAB
Desde exatos 13 anos, Salustiano Falcão do Nascimento, 47 anos, ex-funcionário de uma empresa de refrigerantes, acorda religiosamente às 4 da matina.
Proprietário de uma fabriqueta de salgados na região das Quatro Bocas, no Bairro Bahia, ele frita pelo menos mil quibes de arroz por dia, no pequeno espaço alugado, que serve de minicentral de distribuição para seis vendedores ambulantes e sete lanchonetes espalhadas por Rio Branco.
Afastado pela Previdência Social, depois que uma junta médica o diagnosticou com problemas de coluna, Salu como é conhecido, foi trabalhar numa panificadora.
“Ali, aprendi a fazer todo o tipo de quitute com massa. Vi então a possibilidade de ter meu próprio negócio”, lembra. Mão na massa, ou melhor, no arroz, Salu começou com pouco mesmo. Comprou um tacho grande e contratou um rapaz para sair à rua com os brebotes.
“Rapaz, na primeira manhã, ele foi assaltado. Levaram todo o dinheiro dele e os salgados. Foi quando lhe disse: ‘Essas coisas acontecem para ver se temos fé. Para nos testar. Não vamos nos desanimar nunca’. Foi então, que a coisa começou a tomar rumo”, narra o salgadeiro, revelando duas peculiaridades inerentes a todos os homens de espírito empreendedor, a determinação e o foco.
“Hoje em dia, quem não tem emprego é porque ou é preguiçoso, ou porque não tem criatividade”, ressalta. “Primeiro de tudo, devemos ser justos com nós mesmos e depois, acreditar na força do trabalho”.
Numa enrolação e outra (opa, ‘enrolação’ é de quibes; não é de preguiça) Salu e sua assistente, Deusilene Silva Davi, 18 anos, vão fazendo uma montanha de salgados que vão logo para o tacho quente.
Por cada um, ele repassa a um real para os seis vendedores de rua e as sete lanchonetes. Os revendedores refazem o seu preço, começando em R$ 1,50 podendo ir até R$ 2. Fazendo as contas, o ganho bruto pode chegar a até R$ 5 mil por semana.
Mas daí, se tiram despesas como o aluguel do ponto, energia elétrica, dois empregados e a recompra de farinha de trigo, arroz, óleo e a carne bovina.
E a concorrência? “Não amedronta”, emenda o comerciante. “Tenho um concorrente aqui pertinho, mas nossos horários e destinações de produto são muito diferentes”. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)
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Ufac investe R$ 27 milhões em infra-estrutura e se consolida como celeiro de talentos na Amazônia
RESLEY SAAB
Às vésperas de sediar a 66ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, (SBPC), a cinquentona Universidade Federal do Acre (Ufac) dá ares de que atingiu a maturidade que tanto seus profissionais e estudantes necessitavam.
A Ufac não é mais a mesma, todos concordam, e se projeta como uma das instituições federais que mais cresceram no país, tanto do ponto de vista da infraestrutura física quanto da educacional, com reflexos na economia local já no médio prazo.
Um estudo do Ipea mostrou que investir em educação é bom não só para aumentar o capital cultural da sociedade e dos cidadãos como também para fazer a roda da economia girar. (Leia texto abaixo). E a Ufac então faz a lição de casa para atingir esse ideal enquanto propulsora de talentos nos mais diversos campos do conhecimento.
Nesta nova fase, que começou em novembro de 2012, ao menos R$ 27 milhões já foram liberados para obras essenciais, segundo explica o reitor Minoru Kinpara.
Somente para a compra de equipamentos, recuperação de laboratórios e construção de novos espaços ao desenvolvimento da pesquisa e extensão nos campi de Rio Branco e Cruzeiro do Sul foram investidos mais de R$ 7,2 milhões.
Essa condição avaliza a Ufac a tornar os seus campi universitários, em Rio Branco e os do interior do estado como autênticos promotores de desenvolvimento social e econômico.
O Acre Economia divulga hoje um balanço das ações dos últimos dois anos da Reitoria, no desafio de promover o desenvolvimento regional.
No plano de 100 dias da atual administração, a principal meta foi a da limpeza do campus de Rio Branco. Esgoto a céu aberto, lagos completamente entupidos de entulhos e estacionamentos cheios de buracos foram priorizados nesta etapa. A parceria com a Prefeitura de Rio Branco, nesse caso, foi fundamental.
Os investimentos na sala de aula, ambiente mais usado pelos alunos, o principal ativo da instituição, vieram em seguida.
Durante os 50 anos de existência da Universidade foi a primeira vez que as salas se tornaram climatizadas. São 130 no total, no campus de Rio Branco e no de Cruzeiro do Sul (segunda maior cidade do Acre, a 640 quilômetros de Rio Branco). Elas também ganharam amplas janelas de vidros. Os recintos contam com data-shows e telas de projeção com pontos de internet.
A cobertura da web no campus sem fio hoje de 70% e deverá chegar aos 100% até o final deste ano.
O Restaurante Universitário, que está em obras, terá dois pavimentos e oferecerá café da manhã, além do almoço e da janta. Cada refeição a R$ 1.
A biblioteca ganhou reforço com milhares de novos livros e ambiente igualmente climatizado.
“Pensamos em ações que beneficiassem os alunos e os nossos servidores. Esse é o nosso grande objetivo”, frisa Kimpara, lembrando que a Ufac adotou em dois anos a lei de cotas raciais, antecipando em três anos o procedimento que previa cinco anos.
“A nossa preocupação é facilitar a entrada dos alunos e fazê-los permanecer na instituição, ampliando, por exemplo, os benefícios das mais diversas bolsas. Para isso, ampliamos em 100% os programas bolsa-estudantil”, completa Minoru Kinpara.
Quatro novos prédios, entre eles o de Engenharia Civil e de Medicina e o Núcleo de Apoio e Inclusão fazem parte da ampliação. Para os próximos meses, estão previstas as entregas da Unidade de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária Mário Alves Ribeiro, para atender os cursos de Medicina Veterinária, Agronomia e Biologia.
“Temos que agradecer aos reitores que passaram e que do seu modo tentaram dar a sua contribuição, nestes 40 anos de existência. No entanto, estamos fazendo o possível para amenizar os problemas. Não podemos eliminar todos, mas fazemos o nosso melhor”, ressalta.
As verbas são, geralmente, originárias de emendas de bancada de parlamentares do Acre destinadas ao Ministério da Educação, e também de parcerias com o Governo do Estado e as prefeituras, para a interiorização.
Melhorar a Educação é a alavanca para o crescimento, comprova Ipea
Estudo do Ipea mostra o quanto os setores de Educação e Saúde são importantes para o crescimento econômico do país. O relatório “Gastos com a Política Social: Alavanca para o crescimento com distribuição de renda”, é de 2006, mas segundo os economistas, serve como parâmetro nos dias de hoje.
O Ipea mostrou o impacto dos gastos sociais e definiu valores multiplicadores para os já aplicados, ou seja, o quanto o incremento de 1% do PIB aumenta o próprio PIB e o quanto eleva a renda das famílias. E compararam esse impacto àquele gerado por outras atividades econômicas.
Cruzando dados econômicos do Sistema de Contas Nacionais do IBGE, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), os economistas chegaram à conclusão de que os gastos em educação e saúde têm retorno superior ao de outras atividades.
O multiplicador do PIB para a educação foi de 1,85%, enquanto o da saúde atingiu 1,70%. A construção civil ficou em 1,54% e o de exportações de commodities agrícolas, em 1,4%.
Os fatores que contribuem para isso são a alta geração de empregos da educação em comparação, por exemplo, com o setor agrícola, altamente mecanizado, e as compras que movimentam a indústria nacional geradas por cada setor.
O levantamento foi coordenado pelos pesquisadores Jorge Abrahão, Joana Mostafá e Pedro Herculano, do Departamento de Estudos e Políticas Sociais, do Ipea. (Com informações da Revista Educação)
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