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Após dois meses de gol histórico, atacante Gessé está desempregado

 As voltas que o Mundo dá. No dia 20 de abril deste ano, durante uma partida do Campeonato Acreano, ele marcou um gol que entrou para a história do futebol mundial por ser o gol que o Pelé não fez. Dois meses depois, o atacante Gessé, de 28 anos, que defendeu o Atlético/AC no Campeonato Acreano, está sem clube desde o fim do estadual e acabou demitido do seu emprego formal de frentista, que exercia em um posto de combustível de Rio Branco.

Gessé diz que ainda tenta entender o motivo da demissão do emprego formal, onde trabalhou pela última vez no dia 7 deste mês, mas acredita que tenha sido influenciada pelo fato de ter se ausentado da função algumas vezes por causa da grande repercussão que ganhou o seu gol antológico marcado contra o Andirá, na goleada de 4 a 1 do Atlético-AC sobre o Morcego.

“Estou tentando entender. Deve ter sido porque fiz aquela viagem (para São Paulo, quando fui jogar na estreia do atacante paraguaio Salvador Cabañas pelo Tanabi/SP), tive que me ausentar por uns dias. Mas eu cobri, repus os dias que faltei. Só que deve ter gerado alguma situação com os outros companheiros de trabalho. Mas, estou tranquilo. Não quero que, por minha causa, por eu ter que cumprir alguma coisa fora do Estado, que precise me ausentar, que percam o controle dos seus funcionários. Lá no posto eles não têm esse costume de liberar os funcionários assim, são bem rigorosos com relação a troca de plantões”, comenta, sem querer entrar em polêmica com os antigos patrões.

O atacante ressalta que após o fim do estadual ainda não recebeu nenhum contato do Atlético-AC ou de qualquer outra equipe. Ele ainda aguarda, ansioso, pois está precisando o quanto antes de uma renda fixa para cobrir as despesas da família. E diz que para seguir no vice-campeão estadual quer ser valorizado.

“Ainda não tenho nada no Atlético/AC, estou sem emprego e precisando muito de ajuda. Não tenho proposta nenhuma. Para permanecer no Atlético/AC vai depender muito do que a diretoria pensa. Quero uma valorização. Não depende só de mim. Tem quatro anos que venho procurando isso e estou esperando essa valorização”, declara.

Gessé lamenta não ter entrado em campo na decisão do Acreano, no dia 10 de junho, contra o Rio Branco, quando o Atlético/AC foi derrotado nas cobranças de pênaltis, após empate por 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação. Apesar da frustração, ele espera ganhar uma oportunidade em algum clube que conte com seus serviços.

“Fiquei muito frustrado de não ter jogado a decisão. A gente quer ajudar. Ficamos de mãos atadas vendo aquela situação, mas faz parte. Agora, é procurar retomar o trabalho, a condição física e técnica. Quero um clube que eu possa ajudar. Quero me dedicar exclusivamente a jogar e concluir minha faculdade. Preciso muito disso. Tenho alguns compromissos para cumprir e não tenho nenhuma proposta em vista. Mas, vamos esperar. Se Deus quiser, vai dar certo”, afirma.

Após o golaço marcado no dia 20 de abril, Gessé ganhou fama mundial por ter marcado em apenas um lance o gol que o Pelé não fez em duas tentativas na Copa do Mundo de 1970. O feito incentivou a criação da campanha #gessenopuskas, que ganhou as redes sociais, encabeçada pelo apresentador esportivo Tiago Leifert, para que o gol entrasse na disputa de gol mais bonito do ano no Prêmio Puskas, oferecido pela Fifa no final da temporada.

A campanha recebeu diversos apoiadores entre os quais Ronaldo Fenômeno, o meia Alex, do Coritiba, Falcão, melhor jogador da história do futsal, o capitão do tricampeonato Mundial de futebol, Carlos Alberto Torres, o tetracampeão Mauro Silva, o ex-ídolo do Botafogo, Túlio Maravilha, além de outros personagens do futebol nacional. E até mesmo o rei Pelé chegou a comentar sobre o gol em entrevista ao GloboEsporte. com, no mês de abril.

O surgimento da fama repentina fez surgirem convites para participar de eventos como o Tour da Taça, na passagem pela capital acreana, assim como da estreia de Cabañas pelo Tanabi-SP. Lhe rendeu ainda uma placa recebida pelo gol antológico e um painel com a imagem do chutaço, produzido pela Federação de Futebol do Acre (Ffac). Além de uma figurinha com seu rosto vestindo a camisa da Seleção Brasileira, criada por um torcedor acreano.

Mas, atualmente, os louros da fama estão ficando no passado. Pé no chão, o atacante afirma que sabia que isso poderia acontecer, principalmente nesse período de Copa do Mundo. No entanto, sonha com dias melhores em breve.

“Entendo essa queda. O evento esportivo agora é a Copa do Mundo. Sabíamos que isso podia acontecer. Mas, pós-Copa do Mundo, vou continuar meu trabalho e, se Deus quiser, vai aparecer alguma equipe para que eu possa seguir e que me dê uma valorização”, finaliza Gessé. (Duaine Rodrigues, do Globoesporte.com/AC/ Foto: João Paulo Maia)

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