Pelota, ballon, ball ou boul. Não importa o idioma, se em espanhol, francês, inglês ou em crioulo haitiano, a redondinha é mesmo universal. E às vésperas da Copa do Mundo, aumenta a legião de torcedores pró-Brasil. Em Rio Branco, o reforço na frente da telinha será de uma turma um tanto acostumada a vidrar na Seleção Canarinho em qualquer época.
Se não já tiverem partido para algum lugar do sul do país, onde tentam emprego, o haitiano Mohamed Modoufaye, 40, e o senegalês Basucal Camara, 25, querem assistir ao Brasil ganhar de goleada daqui do Acre.
Vestido com a camisa 10 do Neymar, Camara, chegou ontem, 2, ao novo abrigo, na Chácara Aliança, confiante em vida nova.
No campo, se orgulha de outro compatriota com mesmo sobrenome: Souleymane Camara, meia-atacante do time francês Montpellier (HSC), que também atua na seleção nacional.
“É uma pena que nosso escrete não esteja na Copa. Eu certamente, me orgulharia muito de estar aqui vendo o Senegal jogar numa final contra o Brasil”, afirma Basucal em francês, traduzido para o inglês, por Modoufaye.
“Aí eu meu amigo já quer muito, não é?”, brinca Modoufaye, contrariando o senso comum de que senegaleses e haitianos não se dão bem nos abrigos do Acre. “Senegal e Brasil numa final é demais. Acho que estaria mais para o Haiti”, completa ele, com sorriso de gozador.
O Mohamed Modoufaye segue outro rumo. É mais sul-americano do que propriamente caribenho, quando o assunto é a pelota. Também pudera, não tem time grande por lá.
“Adoro o jogo do Neymar. Ele no Barcelona está sendo muito melhor do que foi o ‘Ronaldô’. E lá no Haiti, até minhas criancinhas (tenho três) gostam dos brasileiros em campo”, ressalta o haitiano.
E vende o seu peixe: “eu, por exemplo, também já joguei no time da minha comunidade. Se me derem uma chance aqui, posso mostrar que eu sou o Neymar haitiano”.
Ah, tá certo! Infelizmente, Basucal Camara não entendeu esta parte porque não fala inglês. Mas se pudesse, devolveria mais ou menos assim: “Meu amigo, assim como o Senegal jogando com o Brasil numa final, você também já forçou a barra, não é?”
(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)