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Pichação homofóbica assusta presidente da Ahac

Expressões homofóbicas foram pichadas no muro em frente a casa do presidente da Associação de Homossexuais do Acre (Ahac), Germano Marino, localizada no bairro Defesa Civil. Ele acredita que os dizeres como ‘Vamos matar os gays’ e ‘Deus abomina os gays’ foram escritos como uma forma de intimidação e por isso, prestou queixa na delegacia da 5ª regional contra o crime de ameaça.

Germano descarta a possibilidade da pichação ter sido feita por vizinhos. “Moro há 15 anos no mesmo local, nunca tive qualquer tipo de situação semelhante. Além disso, não tenho inimigos para fazer isso. Estou acostumado com coisas assim, mas não comigo, não dessa forma”, assumindo que o susto foi grande.

Sendo ativista da causa LGBT, Germano acredita que essas intimidações estejam acontecendo justamente por ele sempre defender os direitos dos homossexuais e garante que se sente amedrontado, mas que vai continuar com seu trabalho contra a homofobia.

“Isso não vai me acovardar. Tirar-me dos trilhos. A você que fez isso aqui em casa, vou te dizer que você só fez aumentar mais ainda minha disposição de continuar sempre vigilante, denunciando, buscando justiça e direitos iguais para os homossexuais do Acre e do Brasil”, destacou.

Germano também é pai de santo e afirma que conta com os vizinhos para fortalecer sua segurança. Além pediu a colaboração dos amigos e vizinhos para apagar os dizeres do muro.

“Não vou devolver com ofensas essas provocações. Claro que agora as pessoas já sabem onde moro, é mais fácil para elas quererem me atingir ou fazer algum mal. Mas confio na solidariedade dos meus vizinhos e dos amigos diversos que, juntos, podemos aumentar essa rede de proteção solidária e vamos buscar colocar de fato esses assassinos na cadeia e lutar contra esses preconceituosos”, finaliza.

Ligações suspeitas

Em sua página numa rede social, Germano Marino, revelou que este ano, entre o mês de março até junho, foram registrados 4 assassinatos de homossexuais de forma cruel, aqui em Rio Branco. O último deles, a vítima foi o professor Raimundo Teodoro, 41 anos, que foi encontrado morto a facadas dentro do seu apartamento, no último dia 20.

O caso está sendo investigada pela Polícia Civil, que tem até 30 dias para finalizar o inquérito. Esta semana, o delegado responsável pelo caso, Odiom Neto disse que a investigação trabalha com a possibilidade de duas pessoas terem participado do crime.

Germano conta que desde que a familiares e amigos de Raimundo Teodoro começaram a organizar uma manifestação para cobrar resposta à morte dele, recebe ligações de pessoas que dizem ser Segurança, avisando que não será bom promover manifestos e marcando encontros. “Eles marcam o local, mas eu não vou. Já procurei me informar sobre essas pessoas no setor da Segurança Pública e me confirmaram que essas pessoas não trabalham no local”.

Mesmo assim, o presidente da Ahac afirma acreditar na instituição da Policia Civil do Estado do Acre, sempre atuante e parceira do movimento gay. “No entanto, acredito também que enquanto não colocarmos os assassinos presos dos homossexuais assassinados só este ano, vai ajudar com que mais setores preconceituosos e discriminadores, possam hostilizar de diferentes formas, unido forças com essa violência latente voltada para hetéros, homossexuais, branco, negros, religiosos, enfim para a população”, destaca.

Demonstrações de solidariedade

Após a postagem na rede social de Germano, inúmeras pessoas demonstraram apoio nos comentários. O pároco da Catedral Nossa Senhora de Nazaré, padre Mássimo Lombardi, expressou apoio a Marino e afirma que o ato merece urgentemente uma reprovação pública.

“Gesto absurdo e merece uma reprovação pública, antes que os fundamentalistas tomem conta da vida da gente. Minha solidariedade total”, disse.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Acre, Marcos Vinicius Jardim Rodrigues, rechaçou toda a forma de violência, intolerância, preconceito, racismo. “A minha solidariedade! Nenhuma forma de violência, intolerância, preconceito, racismo pode ser aceita. Liberdade, Fraternidade, igualdade ainda são Princípios distantes de nosso mundo real. Mas esmorecer jamais! A luta é diária, contínua, perene! A minha sincera solidariedade!”.

Sejudh divulga nota

A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) vem a público manifestar-se acerca das ameaças pichadas no muro da residência do Sr. Germano Marino, que se configuram como atos de violência direcionados à população LGBT.

A Sejudh repudia veemente as manifestações homofóbicas que incitam a perseguição e violência contra pessoas em razão da sua orientação sexual, que constituem uma grave afronta aos direitos humanos. Nos comprometemos em acompanhar o andamento das investigações relativas a este caso, tomando todas as providências necessárias à sua apuração. Na oportunidade, registramos solidariedade a Germano Marino em razão das ameaças sofridas.

A construção de uma sociedade igualitária, livre de qualquer forma de discriminação, com garantia de direitos é uma tarefa de todos os cidadãos e sempre será objetivo norteador desta Secretaria.
GERMANO Arquivo pessoal

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