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Pré-sal poderá responder por mais da metade da produção da Petrobras

*    Em 2018, responderá por 52% do total produzido, que deverá chegar a 3,2 milhões de barris por dia

 

Alheia aos escândalos, equipe técnica da companhia fortalece divulgação sobre a importância financeira da bacia do Pré-sal para a produção petrolífera nacional
Alheia aos escândalos, equipe técnica da companhia fortalece divulgação sobre a importância financeira da bacia do Pré-sal para a produção petrolífera nacional

Foto: Ascom Petrobrás

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Fonte: Petrobrás

A contribuição do pré-sal será decisiva para a Petrobras alcançar as metas estabelecidas por seu Plano de Negócios e Gestão para o período de 2014 a 2018. Se hoje o pré-sal responde por aproximadamente 22% do total da produção de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia, em 2018 responderá por 52% do total produzido, que deverá chegar a 3,2 milhões de barris por dia. Serão 19 novas unidades de produção instaladas no pré-sal da Bacia de Santos até o final de 2018.

Ainda em 2014, duas novas plataformas entrarão em operação no pré-sal da Bacia de Santos: os FPSOs Cidade de Mangaratiba, em Iracema Sul, e Cidade de Ilhabela, em Sapinhoá Norte. Cada uma dessas plataformas terá capacidade de produzir até 150 mil bpd.

Para o quarto trimestre de 2015, a Petrobras planeja colocar em produção o FPSO Cidade de Itaguaí, que irá operar na área de Iracema Norte, na Bacia de Santos, com capacidade de até 150 mil barris por dia. Para 2016, estão programados o FPSO Cidade de Maricá, em Lula Alto, e o FPSO Cidade de Saquarema, em Lula Central, cada um com capacidade de até 150 mil bpd, e o FPSO Cidade de Caraguatatuba, em Lapa.

Além disso, entrarão em operação oito FPSOs do tipo “replicante” (conjunto de plataformas que utilizam o mesmo projeto de engenharia), sendo que o primeiro tem o primeiro óleo previsto para 2016 na área de Lula Sul. O primeiro dos quatro FPSOs programados para operar nas áreas da Cessão Onerosa também está previsto para 2016 na área de Búzios. Para completar os 19 sistemas programados para a Bacia de Santos, será instalado, em 2018, um sistema de produção em Carcará.

Com a contribuição desses projetos, a expectativa da Petrobras é que a produção de petróleo exclusivamente nas áreas do pré-sal, em 2017, ultrapasse a barreira de 1 milhão de barris por dia.

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NOTAS ECONÔMICAS

Podem falar I
Assessores, governantes e associados. Podem pintar o mundo rósea da forma que quiserem… ou assumirem erros por pura retórica. Mas, a notícia veiculada esta semana de que o Acre tem a 4ª maior taxa de suicídios do país entre a população jovem de 15 a 29 anos arrebenta qualquer discurso. Implode.

Podem falar II
No “Mapa da Violência 2014 – os Jovens do Brasil”, elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latinoamericanos, os dados têm recorte temporal entre 2002 e 2012. No Acre, nesse período, houve aumento de 130%. São 14 mortes anuais por suicídio. Mais de uma por mês.

Economia
E isso é também um problema de natureza econômica. É evidente que não estamos sabendo “crescer”. Que tipo de desenvolvimento leva jovens a não ter perspectivas de vida? Isso é uma responsabilidade coletiva. O culpado somos todos nós: imprensa, governos, modelos de desenvolvimento, Judiciário, escola, empresas, família, igreja.

Polo Logístico I
O Polo Logístico finalmente sai do papel, das apresentações em power point e das maquetes eletrônicas. O Supermercados Araújo anunciou início das obras para setembro. A estimativa é que as empresas que anunciaram instalação invistam algo em torno de R$ 143 milhões. O Governo do Acre, com a responsabilidade de garantir a infra-estrutura, coloca R$ 15 milhões.

Polo Logístico II
Mas, um trabalho silencioso e pouco observado foi feito pela Procuradoria Geral do Estado. É possível dizer que, de fato, houve aperfeiçoamento na forma de conceder áreas públicas, se for comparado o modelo do PL com o Novo Distrito Industrial.

Metas
A PGE criou uma espécie de cronograma de metas que as empresas devem alcançar com o passar do tempo. Alcançadas todas as metas no prazo previsto é possível “até se pensar em uma doação no futuro”.

Acisa
Agora é a vez da Acisa entrar na briga pela defesa do empresário das sandálias Acrianas. A Alpargatas S.A deu um ultimato ao empreendedor Jonas da Cruz, criador das sandálias produzidas no bairro Taquari. A Alpargatas, detentora da marca Havaianas, alega “concorrência desleal”, fraude…o escambau. Acre Economia acompanha a novela.

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ACREANAS
“Um absurdo”

 A senhora aparentava uns 75 anos. Branquinha. Franzina. Vestido florido. O dorso estava recheado de talco. No pescoço, uma pequena gargantilha com um pingente de “Sagrado Coração”. O pequeno relógio Mido e o perfume forte denunciavam bons hábitos burgueses e velhice justa, com filhos bem criados e netos já em escola de inglês.

Olhava uma gôndola do supermercado Araújo repleta dos “Biscoitos de Goma”, feitos em Cruzeiro do Sul: o novo mimo do Governo do Acre. Ela olhou. Levou a embalagem de saco plástico ao nariz. Soltou e voltou atenção para um pote de plástico com o mesmo produto dentro. Olhou. Virou. Resmungou. “Um absurdo!”. Andou um pouco mais. Pegou um pacote de “biscoito de maisena” e foi para o caixa.

Um repórter que estava perto foi olhar o biscoito que resultou em tamanha indignação. Na embalagem mais simples, o quilo do biscoito é mais de R$ 20. No outro alcança quase R$ 24. O “biscoito de maisena” da Nestlé (que ela levou dois pacotes) custa pouco mais de R$ 2.

Para alegria do Governo, o comportamento da senhora tem sito exceção. Em quatro dias de venda só a rede Araújo já vendeu aproximadamente R$ 10 mil com a venda dos “Biscoitos de Goma”.

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FOTOLEGENDA

ELES SEMPRE VOLTAM - Nas esquinas dos semáforos centrais de Rio Branco, a cena de crianças vendendo bombons se repete de tempos em tempos. Infância excluída pela concentração de renda. Nenhuma criança vende bombom por diversão.
ELES SEMPRE VOLTAM – Nas esquinas dos semáforos centrais de Rio Branco, a cena de crianças vendendo bombons se repete de tempos em tempos. Infância excluída pela concentração de renda. Nenhuma criança vende bombom por diversão.

(Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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Fieac homenageia lideranças na comemoração dos 25 anos de trabalho

Personalidades da economia regional foram homenageadas nos 25 anos da Fieac
Personalidades da economia regional foram homenageadas nos 25 anos da Fieac

A Federação das Indústrias do Acre celebrou em grande estilo os 25 anos de atuação no Estado. Foram oito pes-soas homenageadas com o Mérito Industrial: lideranças que desenvolveram trabalhos “estratégicos” para a consolidação da instituição na economia regional.

Receberam a honraria os ex-presidentes Naildo Carlos de Assis, Jorge Wanderlau Tomás, João Oliveira de Albuquerque e João Francisco Salomão. O governador Tião Viana e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade também foram homenageados “por darem apoio incondicional às ações da Fiac”.

IBGE é a mosca na sopa
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística foi o responsável pela notícia ruim da festa. Divulgou um dia antes (quarta-feira) a Pesquisa Industrial Mensal: houve queda de 0,6% de maio em relação a abril.

O IBGE calcula que houve acúmulo de 1,6% de queda no setor industrial durante os cinco primeiros meses do ano de 2014.

Os homenageados
Mérito Industrial
*Naildo Carlos de Assis
*Jorge Wanderlau Tomás (ex-presidente da Fieac)
*João Oliveira de Albuquerque (ex-presidente da Fieac)
*João Francisco Salomão (ex-presidente da Fieac)
*Robson Braga de Andrade (presidente da CNI)
*Governador Tião Viana

Destaque Sindical
*Francisco Augusto Nepomuceno de Souza (Presidente do Sindicato da Indústria de Móveis do Estado do Acre)
*Frederico Lemos de Moura Leite (Empresário do setor da construção civil)

(Foto: Divulgação)

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ARTIGO- RONALDO CAMPOS CARNEIRO

Livro “Capital” de Piketty – Resposta de um liberal convicto

Quinze anos de pesquisa (1998-2013) destinada sobretudo para entender a dinâmica histórica de renda e riqueza em cerca de 20 países, retrocedendo cerca de 200 anos, marcando fatos notáveis da humanidade, tais como revolução industrial, conflitos mundiais, crises econômicas, usando correções e harmonização de dados amplamente aceitas por instituições de credibilidade tais como Banco Mundial, ONU, FMI, permitiram a este professor economista francês de 43 anos da Escola de Economia de Paris Thomas Piketty, concluir que:

Capitalismo, ou o que restou dele (tal qual vem sendo praticado) ou capitalismo de amigos ou compadres (crony capitalism) é altamente concentrador de renda e riqueza – é um processo onde rico fica mais rico e pobre fica mais pobre. Estimativas para o século 21 são alarmantes, tornando inviáveis a convivência humana com as regras atuais.

A competição de mercado que se assiste hoje é como uma corrida de atletismo: alguns de barriga cheia e com acesso aos sistemas de saúde e de educação, disparados lá na frente; e uma multidão de excluídos lá atrás: o mínimo decente e justo é colocá-los na mesma linha de partida ou igualar as oportunidades na largada.

“As 85 pessoas mais ricas do mundo, que poderiam caber em um simples ônibus londrino de dois andares, controlam tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população mundial – isto é, 3,5 bilhões de pessoas.
“A desigualdade excessiva é corrosiva do crescimento; é corrosiva para a sociedade. Acredito que os profissionais da economia e a comunidade política ignoraram a desigualdade por tempo demais”. Cristine Lagarde, diretora Executiva do Fundo Monetário Internacional.

Penso que estas conclusões são irrefutáveis: nenhum acadêmico poderá, a partir da pesquisa de Piketty, desconsiderar a enorme exclusão social gerada pelo capitalismo, ou a premente necessidade de uma ação que consiga reverter este quadro dramático. Desigualdade é um complicador para a economia de mercado. Nunca podemos esquecer que a economia depende da oferta e demanda – de nada adianta ter oferta com redução da demanda ou vice versa. Somente os liberais sonhadores, imaginam que a economia pode funcionar só com oferta!!! Economia é uma ciência onde os agentes são regulados pela inexorável lei da oferta e procura. Política é uma arte onde prevalece a vontade humana. Este o motivo que não podem se misturar: economia e política têm naturezas distintas.

Esta total concordância com as conclusões de Piketty, me levam igualmente a uma total discordância de suas recomendações: taxação progressiva e imposto global sobre a riqueza. Este é o caminho mais rápido para o inferno, significa mais governo, burocracia, guerra, corrupção, ou ainda, na visão econômica: significa transferir recursos da lei da oferta e procura para a cambiante vontade humana de burocratas e políticos – a antessala do inferno. Nada é mais predatório que a ação do governo na economia – endividamento é o que governos sabem fazer e fazem sem parcimônia.

“Déficits significam futuros aumentos de impostos, pura e simplesmente. O aumento de déficits deve ser visto como um imposto sobre as futuras gerações, e os políticos que criam déficits deveriam ser condenados como criadores de impostos”. Ron Paul – ex-senador americano (republicano)

Nossa geração é penalizada por decisões de gerações passadas com acréscimo do endividamento, assim como gerações futuras terão que pagar pela inconsequência de nossa geração por aumento de dívidas. A discussão europeia sobre austeridade ou estímulos keynesianos significa penalizar nossa geração ou nossos descendentes. O poderoso de plantão, usualmente, busca o aplauso imediato transferindo o problema para o futuro. É a inconsequência de quem não se preocupa com as próximas gerações.

“Não se esqueçam de que eu descobri que mais de noventa por cento de todos os déficits nacionais, de 1921 a 1939, foram causados por pagamentos pelas guerras passadas, presentes e futuras”, Franklin D. Roosevelt.

A desigualdade de oportunidades nas regras de convívio humano está gerando o mais terrível processo de dominação e servidão humana que é a ditadura da burocracia. A enorme quantidade de recursos financeiros em poder do Estado a serem alocados por atos de vontade humana estimula uma corrida desenfreada em políticos inescrupulosos que buscam o poder a qualquer custo, onde “não desdenham, em certos casos, alianças com a trapaça, fraude e corrupção” usando as palavras de VILFREDO PARETO.

Seria muito eficaz e útil que os formuladores econômicos se convençam de que aplicar mais medidas usando o mesmo referencial keynesiano chegaremos aos mesmos resultados. Temos que migrar para outro referencial se quisermos avançar no processo de desenvolvimento.

Os dirigentes econômicos devem ter consciência de que: “Se eles fizerem apenas o que sempre fizeram, acabarão obtendo apenas o que sempre tiveram”. Esta proposta de Piketty é mais do mesmo, que certamente levará a resultados medíocres.

A relação renda riqueza se assemelha a um rio fluindo em direção a uma barragem, onde a renda é a variável de fluxo ou a fluidez do rio e a riqueza a variável de estoque ou a acumulação na barragem. Ambos têm a mesma natureza: riqueza nada mais é que trabalho acumulado e somente este pode gerar riqueza. Piketty provou que tem gente colhendo sem plantar, ou gerando riqueza com trabalho alheio ou ainda quando o retorno do capital sobrepuja o progresso da economia, produz acumulação predatória. É a economia patrimonialista que produz rendimento herdado de família ou de natureza política: ser amigo do rei rende mais que o mérito e competência. Seria cômico se não fosse trágico imaginar que o controle de fluxos financeiros: moeda, câmbio e crédito possam gerar desenvolvimento, como sugeriu Keynes. Apenas e somente trabalho produtivo consegue gerar capital.

“O trabalho existe antes, e é independente do capital. O capital é apenas o fruto do trabalho, e jamais teria existido sem a prévia existência do trabalho. O trabalho é superior ao capital, e merece muito mais consideração”. Esta verdade expressa por Abraham Lincoln deve ser resgatada por todos aqueles zumbis que estão vagando perdidos e descolados de conceitos básicos da economia.

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Agilidade para execução de obras motiva criação de Fundo Público

ITAAN ARRUDA

A criação do Fundo Público de Geração de Crédito tem um forte motivo: obras do governo. O assunto pode não ser prioridade no momento, mas a limitada capacidade executiva das empresas regionais já tirou o bom humor de muitos governantes.

E é isso o que o atual governador quer evitar. Transpostos os processos de licitação e do limitado período de verão, é comum obras atrasarem ou não serem executadas conforme planejadas por causa da baixa capacidade operacional das empresas locais. Sem capital de giro, as empresas se veem limitadas; não têm como investir em novos maquinários; não têm como expandir.

“Isso pode dar um fôlego para o empresariado”, analisa o governador do Acre, Tião Viana. “Porque o grande problema para as empresas de pequeno e médio porte hoje é a falta de capital de giro. Não é só no Acre, não. É em todo país. E isso amarra o desenvolvimento”.

O acesso ao crédito pode ser feito via contrato por empresa de qualquer natureza, mas, o foco está voltado para as empresas da indústria da construção civil.

Um dos modelos elaborados é que o fundo (uma espécie de poupança) seja rotativo com base em uma referência de receita do Estado. Pode ser por exemplo, a reserva de ICMS. O acesso aos recursos do Fundo Público seria por meio de assinatura de um contrato de curto prazo (90 ou 100 dias), sem cobrança de juros.

O Governo do Acre entende que as regras do sistema financeiro nacional “travam” a possibilidade de acesso ao crédito para diminuir riscos. A Procuradoria Geral do Estado e o Gabinete Civil trabalham com uma ideia alheia ao dicionário do universo das finanças. É o que fica sugerido na fala do próprio governador.

“Você pode trabalhar com pacto de solidariedade”, almeja o governador. “Se aquela pessoa teve acesso e não pagou, o colegiado paga por ela. Com isso, o fundo não tem prejuízo”.

O governador esclareceu que “isso tudo está sendo estudado”. Ainda não há nada definido e não há nenhuma referência factual para que se tenha como modelo. “Isso está sendo pensado aqui mesmo no Acre”, afirma. “Mas, tem que ter proteção jurídica”.

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ENTREVISTA

SOS: a crise do Terceiro Setor em uma das Ong’s mais estruturadas do Acre

Miguel Scarcello: “não temos benefício em nada”
Miguel Scarcello: “não temos benefício em nada”

ITAAN ARRUDA

No Acre, poucas Ong’s são tão bem estruturadas e organizadas quanto a SOS Amazônia. Uma organização de história construída junto com a comunidade no início dos anos 90 em parcerias pontuais com o poder público.

O ativismo ambiental nunca foi o forte da SOS Amazônia. A fortaleza da organização foi justamente os trabalhos pontuais em projetos com governos e prefeituras. Destinação de resíduos em Rio Branco ou formulação e aperfeiçoamento da gestão do Parque Nacional da Serra do Divisor são os exemplos mais lembrados.

Mas, é justamente a relação com o poder público que anda fragilizada. O problema mais recente tem relação com o Incra. O trabalho desenvolvido com 1,2 mil famílias na Resex Alto Juruá, um dos locais com a mais alta incidência de miséria no Acre, está comprometido por falta de repasse de verbas.

Com responsabilidade de coordenar o trabalho de 35 colaboradores, incluindo agentes florestais e barqueiros em regiões isoladas, o diretor da ONG, Miguel Scarcello, fala do cenário da crise que se instalou no terceiro setor, sobretudo com a ascensão dos partidos de esquerda no poder.

Acre Economia: A crise no terceiro setor se intensificou nos últimos anos?
Miguel Scarcello: Economicamente, eu considero o terceiro setor como um ambiente de iniciativas de interesse público. A intenção é fazer projetos, elaborar propostas que venham a somar com o poder público no sentido que venha a trazer benefícios globais. Nos aspecto ambiental e social. Nós tivemos um momento na história do Terceiro Setor que, em certo sentido, foi muito apoiado. Nós tínhamos grandes parceiros.

Que parceiros eram esses?
Até 2005, eram parceiros internacionais. O Terceiro Setor trazia recursos de fora porque tínhamos parceiros que queriam iniciativas para propor mudanças, tecnologias novas. O CTA [Centro de Trabalhadores da Amazônia] fez isso, a SOS fez isso e tantas outras. Nós elaboramos documentos e planos no sentido de auxiliar o poder público a tocar suas coisas, como foi o Parque Nacional da Serra do Divisor.

E qual foi o problema dessa parceria com os organismos internacionais?
A concepção que se tinha era de éramos ricos, nadávamos em dólar e que estávamos entregando a Amazônia. Ainda tinha isso. Quando, na verdade, eram recursos para consolidar iniciativas, viabilizar novas ideias.

E o que aconteceu desde então?
Bom, o que aconteceu? O governo brasileiro, com a entrada do Lula, passou a entender iniciativas como essas, como a da SOS, da WWF, como iniciativas que estavam fora do controle do poder público; que estavam indo contra as políticas de governo.

E não estavam? E não são para estar?
No fundo não estavam indo contra. Estavam aferindo as políticas. Estavam metendo o dedo da ferida. Foi como o Imazon implantou o sistema de acompanhamento do desmatamento. E conseguiu apoio internacional para isso. Então, o Imazon implantou e tem autonomia para contrapor as informações de governo.

O que é excelente.
Para a sociedade, é muito bom. Questionar e mostrar caminhos. Mas, nem todos tiveram ferramentas que durem como essa do Imazon, de formar pesquisadores e uma ferramenta prática. E aí, organizações como a nossa foram podadas de formar parcerias. Porque todo dinheiro que viesse de apoio internacional, via Usaid, via WWF, via TNC o Governo Federal entendia que essas agências de desenvolvimento intermediam dinheiro junto aos seus governos para ações em países como o nosso. O governo brasileiro entende que isso é um mecanismo de interferência dos outros países aqui no Brasil. Aí cortaram.

Há erros nesse raciocínio do governo brasileiro?
Na verdade, nós nunca fizemos o que eles queriam. Sempre fizemos o que nós pretendíamos e com parceria. O governo Lula controlou a iniciativa de todas as organizações como a nossa. E todos os fundos passaram a ser drenados para editais de poder público. Nós deixamos de ser atores para criticar e propor e implementar políticas públicas para ser prestador de serviços de governo. Passamos a ser considerados empresas, prestadoras de serviços. Aí, nós caímos no círculo vicioso do governo.

E qual é?
Não paga em dia, atrasa, faz cobranças totalmente fora do real, não tem mecanismos de controle técnico, não avaliam melhor a nossa efetividade, estão preocupado com o resultado sem se preocupar com o processo e com o que a gente aportar nesses processos, com as relações que construímos com as comunidades com as quais nós desenvolvemos trabalhos.

E qual é a fotografia atual?
Nós estamos em débito, nós estamos em atraso com nossos fornecedores, nós atrasamos salários dos nossos funcionários, não recebemos nenhuma espécie de doação do poder público. Não temos acesso a recursos subvenção. Não temos benefícios em nada. Recolhemos todos os encargos. Recentemente, a Prefeitura de Rio Branco cortou nossa isenção de ISS.

Argumentando que…
Que não cumprimos a lei que há de isenção de ISS que é prestar assistência social. O que nós fazemos em prol da sociedade não está inserido nesse universo da assistência social. Mas, esse direito de isenção foi dado pela prefeitura desde 94, antes do Jorge Viana. Em 2011 cortaram nossa isenção. A única isenção que temos é que não pagamos IPVA de carro.

Vocês ganharam um edital do Incra…
Então, trabalhamos com assistência de mil e duzentas famílias na Resex do Alto Juruá. É um contrato que começou em março. Eles assinam contrato com a gente como se fôssemos uma empresa. Então, nós temos que ter capital de giro; temos que ter uma reserva interna porque  eles não adiantam recursos para a gente executar. E aí, acontece isso: pagam quando querem e nós não temos direito de acessar dinheiro em banco.

Que riscos isso acarreta?
Descontinuidade do trabalho e a consequente quebra da credibilidade junto às comunidades.

(Foto: Google)

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Empresários criam primeira agência de empregos na região

Vera e João: experiência de 16 anos em gestão de pessoas
Vera e João: experiência de 16 anos em gestão de pessoas

RESLEY SAAB

Com a experiência de 16 anos em gestão de pessoas em grandes empresas, o publicitário paulistano João Carvalho, de 38 anos, e a advogada paranaense Vera Lúcia Heep, 43 anos, criaram a primeira agência de empregos da região, a Via – Gestão de Pessoas.

A empresa é especializada na prestação de serviços de consultoria e assessoria com foco em Força de Vendas, Gestão de Pessoas e Educação Corporativa.

Vera é consultora em Relações Trabalhistas e Legislação Aplicada às normas de saúde e segurança do trabalho. E Carvalho é consultor e coach em Gestão de Pessoas, Educação Corporativa e Estratégia Comercial.
“Basicamente, ajudamos pessoas com dificuldade de procurar empregos e também empresas que querem profissionais qualificados para cada função”, explica o publicitário, que desde 2009 quando a empresa foi fundada, já tem centenas de clientes jurídicos e físicos cadastrados.

Conforme os empresários, a Via – Gestão de Pessoas atua em várias diretrizes. Uma delas é focada nas empresas que têm vagas em aberto e que solicitam profissionais com um padrão de qualidade.

“Então, entrevistamos os candidatos e sugerimos os mais bem avaliados numa proporção de três candidatos para uma vaga. Nesse caso, deixamos opção para que a própria empresa decida entre os três”, frisa Carvalho.

A empresa oferece soluções para fortalecer o resultado em vendas e a melhoria do capital humano empregado no negócio.

“Aliás, um grande diferencial competitivo uma vez que estamos preparados para dispor a nossos clientes um serviço direcionado a cada uma de suas necessidades referente ao trato com Recursos Humanos: desde o processo de recrutamento e seleção à capacitação profissional”, pontua Vera Heep.

Além da VIA – Gestão de Pessoas, estão sendo implantadas a VIA – Agência de Empregos e a VIA – Escola de Varejo, esta última voltada exclusivamente para a capacitação da mão-de-obra do comércio local.

“A ideia é promover o treinamentos de liderança voltados para a formação profissional de Gerentes e de treinamentos de Técnicas de Vendas destinados para consultores de Vendas de todos os seguimentos varejistas, das lojas de confecção e perfumaria às concessionárias e supermercado”, diz João Carvalho.

Como funciona a agência de empregos
Por meio de um sistema próprio de banco de dados todos os profissionais interessados cadastram-se. No sistema constam todas as informações sobre o perfil do candidato ou da candidata, que realmente são relevantes para o contratante saber antes de decidir escolher o candidato para a entrevista.

As informações ficarão disponíveis on-line e as empresas poderão, por meio de ferramentas de filtros de busca, encontrar, com alta precisão, pessoas com determinados perfis profissionais que necessitam.

Ao escolher os profissionais para entrevistas as empresas ainda podem a partir do cadastro no sistema gerar um documento PDF e imprimir o cadastro de cada candidato numa formato padronizado de Curriculum Vitae, que obedece a uma sequência lógica de informações e facilita a condução das entrevistas feitas por responsáveis de setores de RH ou mesmo aos próprios empresários.

As empresas interessadas no banco de dados pagam uma mensalidade para ter acesso ao sistema on-line através de login e senha. Já as pessoas interessadas em se cadastrarem devem se dirigir a empresa para efetivar o cadastro no balcão de atendimento. Em breve este mesmo cadastro também estará disponível na internet. Pelo serviço prestado de cadastramento oferecido à pessoa física é cobrado um taxa anual de R$ 20,00.

O banco de dados é destinado a todos os perfis pessoais, de empregadas domésticas a diretores executivos. De jovens em busca do primeiro emprego a pessoas experientes buscando recolocação profissional.

Incluindo entre esses, é claro, todas as pessoas portadoras de deficiências que também necessitem de emprego. Há ainda inclusão dos programas Menor Aprendiz e integração de estágio empresa-escola.

“Também as pessoas que precisem contratar trabalhadores domésticos (empregadas, babás, cuidadores, caseiros, zeladores) podem nos procurar para oferecer a vaga e se informar acerca do modo como atendimento a essa demanda específica”. (Foto: Odair Leal/ A GAZETA)

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